Biografia
Nascido em 1926 em uma família brasileira influente, Jorge Alves de Lima fez sua primeira viagem à África Equatorial Francesa aos 22 anos de idade, munido de uma máquina fotográfica Kodak Medalist e um rifle de dois canos Holland & Holland.
Durante grande parte dos 20 anos seguintes, Jorge percorreu o continente africano e estabeleceu grande reputação como caçador profissional e empresário, administrando companhias de safari em Angola e Moçambique, mais notavelmente sua Kirongozi Angola Safaris. Jorge também caçou onça-pintada na região do Pantanal, no Brasil.
Jorge faleceu em 4 de maio de 2024, no conforto de sua casa em São Paulo. Sua partida deixa um legado vivo composto por cinco filhos, nove netos, uma bisneta e a Fundação Kirongozi, sediada em sua fazenda em Álvaro de Carvalho, no interior de São Paulo.
Kirongozi, como Jorge Alves de Lima era conhecido na época em que atuava como caçador profissional, significa “mestre caçador” em kiswahili, idioma falado no leste da África. Esse apelido foi solidificado em 1957 com o documentário Kirongozi, Mestre Caçador, estrelado por Jorge.
Em 1960, Jorge fundou a Kirongozi Angola Safaris Limitada, sua companhia de safaris em Angola. Além da Kirongozi Angola, Jorge também era sócio em outras duas companhias de safari: Tanganika (com Stanley Lawrence-Brown) e Mozambique Safariland (com o barão Werner von Alvensleben e Mario de Abreu). Entre os clientes que caçaram nas companhias de safari de Jorge estão o Rei Juan Carlos da Espanha, o magnata grego Stavros Niarchos, o escritor Robert Ruark, o então produtor e diretor da Warner Bros. Na Europa, Óscar Brooks, o escritor e renomado caçador Tony Sanchez-Ariño, entre outros.
Hoje, Kirongozi dá nome à fazenda que Jorge considera seu “pedaço da África” no Brasil. Na Fazenda Kirongozi, localizada no interior de São Paulo, Jorge já teve leões, mas hoje o lugar conta com 5 tigres siberianos em jaulas espaçosas maiores que muitas casas e cada uma com direito a mini piscinas que demonstram que os felinos são muito bem cuidados.
Ele era formado em ciências políticas pela Universidade de Bradley, no final dos anos 40, e partiu para a África, sem as bênçãos do pai que tentou evitar que o filho seguisse o sonho de caçador profissional. Inicialmente, residiu em uma choupana por dois anos.
Sobreviveu por décadas na África em lugares distantes das facilidades comuns em cidades. Era uma época em que safaris poderiam demorar 30 dias ou até um ano. Hoje, dizia o caçador, as pessoas vivem muito compromissadas e, portanto, dispõem de menos tempo para si mesmas. Por isso, há expedições de caça com duração de apenas 10 dias.
Parte de suas histórias vividas ao ar livre, caçando, matando e se arriscando a ser morto, convivendo com povos, que na época usavam pouca vestimenta e até nenhuma, organizando safaris, está registrada em um livro ainda numa versão na língua inglesa. “Era uma África perigosa, com tribos selvagens, animais e doenças”, relembrava empolgado.
A tradução do livro foi um dos projetos que o caçador se envolveu. Formado em uma universidade norte-americana, ele tinha muitas alternativas. Escolheu um caminho menos convencional ao partir para a África com disposição para enfrentar o inimaginável. Ele conta que, bem no início, usou um rifle calibre 30.06 norte-americano numa região inóspita.
Matou elefantes para tirar as presas de marfim e vendê-las. Com uma personalidade complexa, o caçador frisa que a carne era doada para os nativos que jamais conseguiriam abater um gigante de seis toneladas e que só dispunham de lanças e flechas.
Rinocerontes, leões, elefantes, búfalos e leopardo mortos em suas aventuras integram uma coleção de fotos emolduradas e fixadas lado a lado num salão no casarão da fazenda Kirongozi. As imagens foram captadas por uma câmera Kodak modelo Medalist II, hoje exposta no canto do salão em um tripé. Ele viveu por cerca de 20 anos, a partir de 1948, na região compreendida na época como África Equatorial Francesa.
“Se eu pudesse voltava, mas agora está tudo civilizado. Abomino tudo que é tecnológico ”, falava o ex-caçador em uma de suas reflexões sobre os males que atingem as sociedades modernas. Lima fez questão de estampar na porta da caminhonete em que circulava na África a bandeira do Brasil. Ao todo, fundou três companhias de safaris.
A última, com base em Angola, deixou marcas negativas no caçador. Lima estava em viagem para captar clientes europeus e norte-americanos e, ao chegar a São Paulo, recebeu uma péssima notícia do governo português. Um telegrama anunciava que seu acampamento em Angola tinha sido atacado por guerrilheiros que, além de saquear o lugar, mataram de sete a oito funcionários. “Tive perdas materiais. Mas as perdas sentimentais foram enormes. Fiquei desgastado”, explica.
Depois desse lamentável episódio, o caçador tentou montar companhias na Índia para caçar tigres, porém o projeto não vingou. Daí se estabeleceu no Brasil, inicialmente no município de Eldorado. na região do Vale do Ribeira, e depois em Álvaro de Carvalho, onde passou a criar nelores, que lhe renderam vários prêmios no setor da pecuária. O conhecimento desenvolvido enquanto caçador na época da África foi reproduzido no paraíso natural com tigres e leões na região de Garça-SP no centro oeste paulista.
O Grande Kirongozi – Jorge Alves de Lima Filho, foi pioneiro da indústria de safaris em Moçambique e Angola, na década de 60 do século passado. O seu nome ficou perpetuado na memória das populações rurais das áreas onde atuou, dado o excelente relacionamento e apoio que lhes deu, quer dando-lhes a carne dos animais que abatia, quer assistindo-as com medicamentos e tratamentos de doenças. Sua obra literária (6 livros publicados) focada nas suas memórias é uma verdadeira dádiva para as gerações vindouras conhecerem a história da África desses tempos e uma lição para todos os amantes da caça de como um caçador pode ser, como ele foi, um grande conservador da vida bravia.
Entrevista com Ernesto Paglia
Na década de noventa houve um chamado na rede Globo para uma reportagem sobre um parque da África. O repórter Ernesto Paglia tinha feito uma reportagem sobre o parque Tsavo de animais no Quênia e também entrevistou o nosso famoso Jorge Alves, por ter sido caçador africano mundialmente famoso.
Essa gravação mostra um homem alto forte calvo, com marcante entonação de voz, de finíssima educação, mostrando aqueles troféus de patas de elefantes, chifres de rinocerontes.
Um caçador profissional como este brasileiro que caçou mais de 20 anos na África acha que se a matança indiscriminada continuar a vida selvagem africana estará condenada a desaparecer.
Jorge Alves de Lima Jr havia saído da África há muito tempo, e depois passou a viver da lembrança dos grandes safáris que comandou. O caçador não se achava culpado pela destruição da fauna africana e garantia que profissionais como ele ajudaram a preservar os animais selvagens.
Na sala de troféus do Sr. Jorge, Ernesto observa presas de elefantes, patas e chifres de rinoceronte, um pé de elefante que na época foi um recorde mundial. Diz Jorge que de todos os elefantes que abateu na África um que merece menção, embora não tivesse grandes presas era enorme e pesava cerca de sete toneladas, um elefante desses com a tromba erguida conseguia apanhar um galho a 7 metros de altura.
Ernesto:- – O Sr. caçava por quê?
Jorge:- – Caçava porque era um profissional, vivi minha vida toda na África. Primeiro pratiquei a caça profissional ao marfim e quando se restringiu o numero que podia se abater, então passei a fazer a caça de turismo cinegético, como” White Hunter”, aonde participavam clientes do Brasil, da Europa e Estados Unidos , eu ganhava como empreendedor desses safáris.
O safári Kirongozi ficou famoso virou segundo nome de Jorge Alves de Lima, Kirongozi guiou centenas de caçadores do mundo todo como o milionário texano Bill Necley que mandou fazer um arco recurvo especial de alta potencia para provar que poderia matar um elefante com uma flechada. Com ajuda de Kirongozi comprovou a tese mostrada num filme. Apesar de kirongozi ter ajudado a matar inúmeros animais como este, ele acha que a verdadeira ameaça é a matança clandestina feita hoje na África.
Jorge:- –Eu como guia de caça, nunca permiti que nenhum caçador abatesse fêmea de qualquer espécie de animal e que não fosse um animal absolutamente adulto.
Ernesto:- –Como é que o Sr. define hoje o que faz um destes caçadores ilegais que dizimam animais como elefantes, rinocerontes,etc. onde é proibida a caça como no Quênia?
Jorge:- –O que ocorre hoje em dia na África é que os” poachers” caçadores clandestinos, eles não matam dizimam, usam até bazuca e metralhadoras e pegam esses animais que estão geralmente nos santuários, nos parques, são animais que estão acostumados com o contato humano, sendo assim uma presa fácil. A única maneira de se preservar a fauna seja da África da Índia, Tailândia ou mesmo no Brasil é que precisamos conscientizar a sua preservação, senão no futuro serão figuras de revistas.
Ernesto:- –Qual a memória, a lembrança, o registro que ficou desses 20 anos que passou na África?
Jorge:- –Meu coração ficou na África, se meus filhos cumprirem quando morrer quero que minhas cinzas sejam jogadas na África, não que seja mal brasileiro, mas sou mais africano que brasileiro, passei a parte mais importante da vida que é a mocidade e a vida adulta na África.
Documentário no Youtube sobre o lendário caçador JORGE ALVES DE LIMA e suas aventuras na África:
Existe um ótimo documentário no youtube que bene direito na fonte do lendário caçador e que é imperdível. Assim, podemos conhecer um pouco melhor da história desse caçador pioneiro na África, mas também com experiência no continente asiático, momentos únicos que se passaram entre os anos de 1950 a 1969:
Frases:
“É embaixo da janela do meu quarto e à noite os leões urram. Até estremece um pouco as janelas porque o volume é uma coisa. É a melhor música do mundo. Nem Beethoven, nem Roberto Carlos e nem Frank Sinatra”
“Já tive tigres e leões dentro de casa, bem criados, já com 100 kg passeando aqui. Não tinha problema nenhum, mas claro que os animais, assim como os seres humanos, são imprevisíveis. Qualquer hora você pode ter uma surpresa”, conta o criador, que já viveu no habitat natural dessas feras.
Matérias na Imprensa:
https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=089842_06&pagfis=105120
https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/28227-o-maior-cacador-brasileiro-na-frica
Cinema:
Filme: Kirongozi, Mestre Caçador
Direção: Geraldo Junqueira de Oliveira
Detalhes técnicos:
DIREÇÃO: Oliveira, Geraldo Junqueira de
Nacionalidade: Brasil
Ano de produção: 1957
COMPANHIA PRODUTORA: Alves de Lima e Junqueira Ltda.; Atlas Filme
Tipo de filme: longa-metragem
Idioma: Português
Cor: Colorido
No Quênia, Tanganica e outros territórios, tornou-se célebre um caçador brasileiro domiciliado há vários anos na África Oriental Britânica, Jorge de Alves Lima. Este nome, aliás, não significa nada para os nativos que só conhecem nosso patrício pelo apelido que lhe deram de “Kirongozi” o que significa “mestre caçador”.
O documentário retrata a vida do caçador profissional Jorge Alves de Lima, que exercia sua ocupação na África. O filme foi rodado em 1957, em uma época onde a caça ainda não era tão mal vista como no século 21. Infelizmente, não sabe ao certo se restaram registros do filme para poder hoje assistir a obra. O que se diz é que este filme foi vendido por uma boa soma de dólares para os EUA e sumiu do mercado, nem mesmo cópias podemos encontrar, só ficou um cartaz do filme que é possível ver na internet. (http://media.bcc.org.br/imagem/cartaz/jpg/CN_0067.jpg)
Livros:
https://www.kirongozi.com/livros
No Encalço de Novos Horizontes (2017)
438 páginas – Impresso no Brasil
Em seu livro mais recente, Jorge Alves de Lima relata suas andanças e caçadas por Tanganica, Índia e Pantanal, em tempos em que as viagens destinadas à caça eram planejadas com grande antecipação e duravam entre 60 e 120 dias, ou até mais. Por fim, o autor conta um pouco mais de sua vida na Fazenda Kirongozi, no interior de São Paulo, onde mantém tigres e leões. No Encalço de Novos Horizontes inclui contribuições de Brian Herne, Anton Allen, Derrick Dunn e Richard Dupont.
Visões da África – Angola e Moçambique (2015)
612 páginas – Impresso no Brasil
Neste livro, dividido em dois volumes –um dedicado a Moçambique e o outro a Angola–, Jorge Alves de Lima relembra suas aventuras pelos solos africanos e alguns dos safaris mais emocionantes na companhia de seus clientes.
Kirongozi, como Alves de Lima fez fama em seus tempos de caçador, conta a história da implantação das coutadas de caça, relata seus encontros noturnos com alguns dos animais selvagens mais perigosos do mundo e fala sobre os primeiros boatos sobre os leões comedores de gente.
O autor faz ainda uma homenagem a importantes figuras da vida selvagem moçambicana e conta com a contribuição de histórias escritas por outros caçadores de renome, como Hugo Seia, Tony Sanchez-Ariño e Richard Mason.
A coleção Visões da África tem um total de 612 páginas e 602 fotos. Os volumes não são vendidos separadamente.
225 páginas – Impresso no Brasil
Após três dias voando de DC-3, o autor deste livro chegou às ruas empoeiradas de Fort Archambault, hoje Sarh, no Chade. Nos 21 anos seguintes, ele viveria da caça, e exclusivamente dela, no continente africano. Em Fort Archambault, fez bicos para um comerciante português, conheceu alguns white hunters e, mais importante, aprendeu o sango – a língua franca da região. Chegou a caminhar 1.200 quilômetros em busca de elefantes, varejando as florestas e savanas de Bogangolo e Bossangoa, ao sul.
O Chamado da África é um livro que não pode ser lido fora de seu contexto histórico: a África Equatorial durante os anos de 1940 e 1950 vista pelos olhos de um caçador profissional. Uma obra que, sem fazer a menor concessão ao politicamente correto, a exemplo de seu autor, expressa caráter e opiniões fortes.
Diante dos perigos da vida selvagem, além de conflitos locais e situações envolvendo política internacional, a vida de caçador foi sempre um desafio – que Alves de Lima sempre esteve disposto a encarar. Ilustrado com centenas de fotografias deslumbrantes e com histórias exclusivas contadas por seus amigos caçadores, entre eles Bill Negley, Hugo Seia, Tony Sanchez-Ariño, Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso, Alberto de Castilho, Rubens Ribeiro Marx Junior e Richard Mason, este livro leva o leitor ao seu próprio safari, que inclui todos os desafios e glórias da caça. É uma interessante jornada de uma vida bem-vivida e cheia de ousadia: a vida de um verdadeiro aventureiro.
Chasing the Horizon: Hunting in East Africa and India (2010) – Trophy Room Books
278 páginas – Impresso nos Estados Unidos
Disponível apenas em inglês
Na década de 1950, em Tanganica, Jorge Alves de Lima destacou-se como um caçador incomparável, conhecido por sua dedicação à caça. Chegando à África em 1948, passou uma década caçando, principalmente em busca de marfim. Com as mudanças políticas na década de 50, adotou um estilo de vida mais estruturado, envolvendo-se em safaris organizados.
Ao longo de sua carreira até quase 1970, Jorge liderou expedições de caça em Tanganica, Quênia, Moçambique e Angola. Sua empresa, Kirongozi Safari, ganhou renome internacional na comunidade de caçadores. Mesmo tendo explorado toda a África, considerava Tanganica como o “paraíso dos caçadores”, um refúgio remoto para espíritos aventureiros. Na época, perseguir leões, búfalos ou elefantes era uma experiência ousada, conduzida sem recursos modernos como telefone, GPS ou asfalto.
In the Company of Adventure
2006 – Trophy Room Books
335 páginas – Impresso nos Estados Unidos
Disponível apenas em inglês
Em 1948, ele se casou com a África e nunca mais olhou para trás.
Nascido em uma família abastada, quase aristocrática, Jorge Alves de Lima poderia ter sido, ou tido, qualquer coisa que ele queria. Então, em 1948, depois de se formar na faculdade, ele partiu para a África, especificamente à vasta extensão que era a então África Equatorial Francesa. Durante os vinte anos seguintes ele viajaria a não menos de oito países como caçador, um caçador profissional, um caçador de marfim, um explorador, o fundador de não uma, mas duas companhias de safaris em dois países diferentes, e, acima de tudo, como um aventureiro.
* Artigo organizado por Rudi Arena.












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