Lago de Garça: a ponta do iceberg da má gestão da água e que serve de lição para o mundo

Por Vicente Aranha Conessa e Rudi Ribeiro Arena

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Garça sempre foi reconhecida como uma cidade privilegiada em recursos hídricos. São inúmeras nascentes espalhadas pelo município, verdadeiras joias naturais que deveriam ser tratadas como patrimônio coletivo. No entanto, a realidade é bem diferente: boa parte dessas fontes de vida corre o risco de desaparecer, sufocada pela falta de consciência ambiental e pela omissão do poder público ao longo do tempo.

O Lago Artificial de Garça é um símbolo desse problema. Quem observa seu nível de água cada vez mais baixo pode até pensar que se trata de um fenômeno isolado, mas a verdade é que ele é apenas a ponta do iceberg. A nascente que o alimentava foi canalizada e hoje serve como palco para eventos da cidade, sem qualquer preocupação com a função vital que antes desempenhava. Historicamente, o lazer imediato prevaleceu sobre a preservação ambiental, revelando uma visão míope de desenvolvimento.

Agora, o Lago Artificial está em processo de esvaziamento. Um poço profundo está para ser perfurado e assim poder fornecer água para um lugar em que antes ela era farta e brotava naturalmente. A nascente resistiu até quando foi possível, mas chegou o momento crítico, e uma confluência de fatores fez com que ela secasse.

Uma breve história de Garça-SP

O Centro-Oeste Paulista foi, e em parte, terra dos indígenas Kaingang, sendo o povo indígena mais numeroso na região, com uma história de resistência e conflitos por terra com o avanço da colonização e da agropecuária. Embora não sejam os únicos, os Kaingang tiveram um papel central na formação territorial e cultural desta área. E uma coisa que poucos habitantes de Garça sabem é que a região foi uma das últimas fronteiras agrícolas do Estado de São Paulo com os povos indígenas. Garça em 1910, ainda se encontrava no interior profundo e inexplorado pelo homem branco, a natureza era plena e intocada.

A região, na época, era chamada de extremo sertão do estado. Posteriormente, houve o morticínio dos povos originários locais com a atuação das instituições públicas. Era um período em que havia todo um incentivo par a tomada do território com o apagamento de sua cultura e história. Houve uma verdadeira limpeza étnica com o apoio do poder público e das elites locais da época com interesse na posse das terras.

Os indígenas “garcenses” lutaram com os homens brancos por um longo período para simplesmente terem direito de continuar vivendo em suas terras. Porém, chegou um momento em a quantidade de homens brancos no ataques e o poderio das armas de fogo venceram a guerra. Há registros históricos de que os homens das caravanas públicas se vangloriavam de terem invadido uma tribo e matado a todos, até mesmo as crianças nas mais tenras idades. Isso demonstra o motivo pelo qual em nossa região temos um percentual muito pequeno medido pelo IBGE de pessoas de origem indígenas.

Tal dado não é evidência de aqui não era terra de “índios”, muito pelo contrário. De norte a sul o país era ocupado por indígenas. Na região norte do Brasil existe uma população indígena proporcionalmente maior do que no resto do país, mas isso se dá em razão de que os homens brancos tiveram dificuldade de dizimar indígenas que viviam em lugares longínquos e inóspitos do Brasil . Em Garça, no sudeste do país, a situação era diferente. No início do século passado, cada bastião indígena que ainda existia no Estado de São Paulo, era um alvo fatal e fácil por parte das forças estatais, a vida dos indígenas estavam com os dias contados por aqui. Importante lembrar desses fatos, pois este capítulo não está em nenhum lugar que conta a história de Garça e os alunos do município não aprendem isso na escola.

A terra na região de Garça era fértil e a floresta densa, era continuação da mata atlântica com toda a sua beleza e encanto. As primeiras derrubadas foram feitas pelo Dr. Navarro J. Cintra nas terras que se situam à direita de cabeceira do Ribeirão da Garça. Ali se formou uma fazenda, que em 1920, já estava consideravelmente desenvolvida. Não tardou, portanto, a surgir um povoado em torno da sede da fazenda.

O distrito foi criado no município de Campos Novos, e em 29 de dezembro de 1925, pela Lei estadual de n.º 2.100, sua sede era elevada à categoria de Vila. O município de Garça foi criado em 27 de dezembro de 1928, por força da Lei Estadual n.º 2.330, com território desmembrado do de Campos Novos e Pirajuí. E como era comum na época, fazer o corte raso da vegetação local era sinônimo de progresso. E assim foi feito aqui, assim como em grande parte do país.

A história do Lago Artificial de Garça-SP

O lago artificial de Garça, foi nomeado Lago Professor J.K. Williams, e é uma homenagem ao professor garcense Jennings Kendrick Williams. O Lago começou a ser construído no ano de 1979, mas foi inaugurado em 28 de agosto de 1980, pela gestão do Prefeito Francisco de Assis Bosquê (1977-1982). Logo tornou-se o cartão-postal da cidade. Mas com o tempo virou muito mais do que isso, foram realizadas diversas outras intervenções e edificações no entorno, assim, tornou-se também um lugar para a realização de eventos, um atrativo turístico, local para a para prática de atividades físicas, para passear com as crianças, ponto de encontro de jovens, lugar para se fazer piquenique, observar pássaros, enfim, um importante espaço público de convívio e laser para a população de Garça-SP e região.

Tem também a concha acústica onde são realizados shows musicais, entre outras apresentações, tem os pedalinhos e tem também uma pista de skate no entorno, além de abrigar o Bosque das Cerejeiras e um Jardim Oriental.

A cultura japonesa é nitidamente percebida em Garça. A população é formada também por imigrantes orientais, que trouxeram os costumes de lá. E é o local que melhor representa a influência nipônica no município de Garça-SP.

A história do Bosque das Cerejeiras em Garça começou em 1979, quando o imigrante japonês Nelson Kosche Ichisato plantou 100 mudas de cerejeiras, simbolizando a chegada da colônia japonesa na cidade e a esperança de um novo ciclo. Atualmente, o Bosque das Cerejeiras, ao redor do Lago Artificial Prof. J.K. Williams, possui mais de mil árvores e é palco do Cerejeiras Festival, um evento que celebra a cultura japonesa e atrai milhares de visitantes todos os anos. As cerejeiras são árvores emblemáticas do Japão, representando a beleza, a esperança e a transitoriedade da vida.

Ichisato, que nasceu no distrito de Oshima, província de Yamagutiken, no Japão dizia que desde pequeno tinha um apreço especial pelas flores das cerejeiras. Segundo ele, as floradas são uma marca tradicional da primavera japonesa, já que as famílias se reúnem com convidados para piqueniques, nos quais há o congraçamento entre as pessoas e a possibilidade de apreciar a beleza natural e comemorar o início da estação primaveril.

O plantio de cerejeiras em Garça, cidade de clima pouco parecido com o do Japão, foi visto, inicialmente, com descrédito. Ichisato plantou 110 mudas e várias delas, após poucos dias, morreram devido às chuvas torrenciais. Após um ano, novas mudas foram plantadas e, pouco a pouco, as plantas se adaptaram ao solo e o clima da cidade. Assim, após alguns anos, o bosque do lago “J.K. Willians” de Garça ganhava um novo visual. As árvores passaram a preencher o espaço com uma beleza singular e, a cada inverno, a comunidade pode assistir um espetáculo ímpar de cores.

O bosque e a Festa das Cerejeiras

Na florada das cerejeiras, geralmente entre junho e julho, é celebrada com a Festa das Cerejeiras, a mais tradicional da cidade, é um grande evento da cultura japonesa que ocorre anualmente na cidade. 

A festa não só resgata a cultura japonesa, mas também promove a confraternização entre diferentes povos, atraindo visitantes de várias regiões do Brasil. Esse evento é um dos maiores eventos da cultura japonesa no país e foi recentemente incluído no calendário turístico oficial do Brasil. Também tem uma relevância econômica significativa para o município de Garça, é hoje a maior atração turística. Porém, existe um potencial enorme para o ecoturismo, ainda bastante incipiente no município.

Como era o local do Lago Artificial antes de sua construção

Os moradores mais idosos do município ainda tem na memória como era o local antes das grandes intervenções humanas. Antigamente, não existia o lago artificial de Garça-SP, o local onde ele se encontra hoje, era uma grande área de várzea, um lugar de destino de boa parte das águas fluviais que precipitavam na cidade. Por ser um lugar mais baixo e plano que boa parte da cidade, as águas da chuva confluíam naturalmente para lá.

Assim, existia um ali um grande brejo, era uma área permanentemente alagada, possuía uma vegetação ao redor característica desse tipo de ecossistema, marcada pelas taboas, planta típica de áreas com água parada. Mas também era lugar de nascente d`água, minava o líquido precioso de forma natural.

Houve a ideia então de transformar parte dessa área de brejo em um lago artificial, já que a água era farta naquela época. Era início da década de 80, e depois também houve uma permissão para uma expansão imobiliária na região que hoje pela legislação ambiental atual não seria possível, pois seria considerado uma (APP) área de preservação permanente.

O resto de brejo que havia sobrado, posteriormente, foi todo aterrado. A informação que temos é que houve a canalização subterrânea da nascente. E no local foi construído a concha acústica e o restante foi transformado em um extenso gramado, hoje utilizado para diferentes fins, como para a realização de eventos ou para recreação da população.

Apesar de todas as ações antropogênicas feitas no local, a várzea do Lago ainda está lá. Basta uma chuva forte que não é raro haver alagamento em algumas partes do entorno do Lago. A água da cidade corre naturalmente para o Lago em razão da topografia da cidade, mas o terreno não tem mais a capacidade de reter a água e nem o solo permite que ela infiltre, e essa é uma das razões para que a nascente tenha secado. As águas da chuva naturalmente paravam onde hoje fica o lago, é preciso que essa água não corra para os bueiros, mas sim para onde corria antes e permanecia. Para isso, é preciso investir em intervenções urbanas modernas e sustentáveis que posam ajudar a revitalizar a nascente do Lago Artificial.

O papel das nascentes e das matas ciliares

As nascentes são a origem dos rios e córregos, responsáveis por abastecer aquíferos, garantir água potável e manter a biodiversidade. Já as matas ciliares funcionam como filtros naturais, protegendo os cursos d’água contra erosão, assoreamento e poluição. Ao destruir esses elementos, compromete-se toda a cadeia ambiental — e, em última análise, a própria disponibilidade de água para consumo humano.

Existiu em Garça em meados dos anos 2000, um grupo de ativistas ambientais, chamados Nascentes Vivas, a preocupação com as nascentes de Garça é antiga, mas o ideal daquela época continua mais vivo do que nunca, a preocupação de manter as nascentes vivas é uma necessidade cada vez mais premente. Porém, as dificuldades e as disparidades de armas nessa luta permanecem a mesma. Não tem como um pequeno grupo de pessoas achar que consegue manter nascentes que estão em propriedades privadas e que só o poder público, independentes de sua esfera, pode fiscalizar e adotar as providências para que de fato essa realidade mude. Embora, é preciso reconhecer que já houve certo avanço na sociedade, pois antes o sinônimo de progresso era terra arrasada e árvore no chão, mas a consciência da população segue em um ritmo mais devagar do que a devastação do meio ambiente, sem pensar tanto sustentabilidade futura do local.

Ignorar a importância desses ecossistemas, é assinar uma sentença de escassez cada vez mais próxima. Garça, que já foi uma referência na questão de preservação hídrica e qualidade da água, caminha no sentido oposto, permitindo que a degradação se torne regra.

Garça está entre os municípios de SP que mais destruíram vegetação nativa em 2024

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Grande queimada atingiu a região áreas de mata de Garça em 2024.

A região de Garça sofreu um golpe ambiental muito forte no ano de 2024. Um levantamento divulgado pelo Painel Verde, do Governo do Estado de São Paulo, colocou os municípios de Álvaro de Carvalho (SP) e Garça (SP) entre os que mais registraram destruição de vegetação nativa no estado em 2024. As cidades ocupam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares no ranking estadual, atrás apenas de Barretos.

Ou seja, nossa região perdeu mais de 1.110 hectares de rica mata nativa apenas em 2024, é um dado triste e alarmante que dificulta ainda mais a recuperação das nascentes. O clima cada vez mais quente e seco tende a aumentar esses episódios, é preciso que poder público esteja de prontidão aos desafios do que se pode chamar de novo normal.

Para ter noção do prejuízo ambiental de quem não é familiarizado com a medida de hectares, equivale a supressão de mais 11 milhões de metros quadrados ou 1.027 campos de futebol de vegetação nativa, que até então resistiam a devastação dos homens por estarem em grotões de difícil acesso em razão da topografia bastante acidentada.

Como a técnica de “plantar água” e uma cidade esponja poderiam ajudar na revitalização das nascentes de Garça

Esta foi uma forma comprovada de acelerar a revitalização de nascentes, ou até mesmo fazer brotar água onde tudo já estava seco. É uma técnica que pode ajudar na recuperação das nascentes garcenses que estão em situação de penúria.

É claro que não se pode ignorar a realidade no caso do Lago Artificial, ela se impõe impiedosamente, para o bem ou para o mal. Mas não nos é proibido pensar e imaginar outras possibilidades, pois o mundo é dinâmico e nem tudo que parecer eterno o é. Podemos aprender com a ciência, com as experiências bem-sucedidas e até mesmo com os erros cometidos no passado.

A aprendizagem é constante, assim como a necessidade de nos adaptarmos as atuais conjunturas. No caso do lago pode parecer um caso perdido, mas existem ações que podem colaborar para que futuramente, possa aumentar a quantidade de água no Lago de forma natural. É sempre mais fácil criticar do que propor melhorias para a resolução dos problemas, então é preciso aprender com as experiências já existentes, para que tenhamos opções e que possamos pensar fora da caixa. Tem pessoas que já fizeram isso e deram uma grande contribuição a humanidade.

Como assim “plantar água?

No caso do lago artificial de Garça, existem muitos entraves para a revitalização de sua nascente, pois hoje existem muitas edificações e não é possível derrubar tudo para que volte o que era antes, pois haveria um grande prejuízo para a população e para o município. Mas é possível pensar em plantar mais árvores onde hoje existe um grande gramado e o sol bate pleno sem uma sobra sequer que possa proteger o solo. Era um lugar em que antes era uma nascente que minava água. Porém, a expansão da malha urbana sufocou pouco a pouco a natureza que fazia a água brotar e o pior, foi construído um belo cartão-postal que parecia infinito, mas que hoje a natureza manda uma fatura salgada. É o preço a se pagar por décadas de omissão e escolhas duvidosas.

Falar em “plantar água” pode parecer estanho, mas é um termo usado para descrever a recuperação de nascentes através do reflorestamento de áreas degradadas ao redor delas, criando condições para que a água da chuva infiltre no solo e seja armazenada, e dessa forma revitalizar a nascente. Ernst Götsch, um agricultor suíço que provou na Bahia que isso é possível, e recuperou diversas nascentes com seu método que parece quase um milagre, mas não passa de técnica elaborada com base na experiência e na ciência. E consiste em:

Restauração do Equilíbrio Hídrico: O objetivo principal é aumentar a infiltração da água da chuva no solo e diminuir a evapotranspiração, reabastecendo os lençóis freáticos que alimentam as nascentes. 

Proteção e Conservação: A prática busca proteger os corpos das nascentes de fatores externos como o assoreamento, a contaminação e o pisoteio de animais, garantindo a continuidade da qualidade e quantidade da água. 

Melhora do Microclima: A vegetação criada no entorno das nascentes ajuda a manter a umidade do solo, aumenta a capacidade de retenção de água e diminui as perdas por evaporação, favorecendo o surgimento ou a revitalização das fontes.

O conceito das cidades esponjas

O arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de “cidade-esponja”, faleceu em 24 de setembro de 2025. Ele foi vítima de um acidente aéreo no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, enquanto gravava um documentário sobre o tema. Ele foi o criador desse conceito, de incentivar a criação de parques alagáveis, telhados verdes e calçamentos permeáveis, tudo isso faz parte de um modelo urbanístico conhecido como “cidade-esponja”. A proposta busca reter a água da chuva no próprio espaço urbano, reduzindo alagamentos e assegurando reservas de água para períodos de estiagem. O interessante é que ele comprovou na prática, que é possível aumentar o recurso hídrico disponível e o índice pluviométrico local, parece incrível, mas já é realidade.

Cidade-Esponja é um conceito de cidade sensível à água, remetendo à situação na qual a mesma possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza. Pode parecer um conceito distante da realidade, mas não é. É preciso reconhecer que ao menos uma boa iniciativa do poder público de Garça já foi adotada nessa direção. O Bosque Municipal de Garça passou por reforma para a substituição do piso asfáltico por pavimentos drenantes, que são mais adequados para uma área natural. Esse novo piso contribui para a melhor drenagem da água, evitando o acúmulo de água e favorecendo a conservação ambiental. Porém, essa iniciativa apesar de louvável, é só uma gota em um oceano cada vez mais seco. Por isso, existe a necessidade de outras tantas mudanças arquitetônicas e urbanísticas para que a cidade possa encontrar soluções que ajudem a absorver as águas de chuva – seja em áreas livres ou construídas, como:

1. Parques e Áreas Verdes: parques e áreas verdes desempenham um papel crucial na absorção e retenção da água da chuva.

2. Jardins de Chuva : Jardins de chuva são pequenas depressões ajardinadas que coletam e infiltram a água da chuva, filtrando poluentes e promovendo a recarga dos aquíferos.

3. Lagos e Pântanos Artificiais: são criados para armazenar grandes volumes de água da chuva e fornecer habitats para a vida selvagem.

4. Telhados Verdes: são uma tecnologia essencial nas cidades-esponja. Eles consistem em camadas de vegetação instaladas sobre telhados convencionais, que ajudam a reter a água da chuva, melhorar o isolamento térmico dos edifícios e reduzir a emissão de carbono.

5. Pavimentos Permeáveis: são uma solução prática para reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração de água no solo. Esses pavimentos são feitos de materiais porosos que permitem a passagem da água, como concreto permeável e blocos intertravados. Eles são utilizados em calçadas, estacionamentos e ruas para mitigar o impacto da impermeabilização do solo.

6. Canais de Drenagem Natural: Canais de drenagem natural, ou swales, são valas rasas e vegetadas que canalizam a água da chuva de maneira controlada, promovendo sua infiltração e filtragem. Esses canais são projetados para capturar a água da chuva de telhados, ruas e calçadas, reduzindo a carga sobre os sistemas de drenagem tradicionais e melhorando a qualidade da água.

7. Sistemas de Biorretenção e Biofiltração: são áreas especialmente projetadas para capturar e tratar a água da chuva.

O Recurso Hídrico cada vez é mais escasso e valioso

Primeiro de tudo, é preciso ter em mente que a água é um recurso renovável sim, mas isso não quer dizer que é infinito. Para que a fonte de água seja renovável, é preciso cuidar dela e de seu entorno.

Á água limpa natural ou potável cada vez mais se torna um item mais raro e logo, com maior valor econômico. Muitas cidades são afetadas por pela falta de água, e isso tem consequências sociais, pois afeta as famílias em suas necessidades básicas, assim como também prejudica a economia. Por isso, é preciso entender que cuidar das nascentes e ter acesso à água a disposição, já é considerado um item de luxo no mundo de hoje e pode valer muito dinheiro, assim como sua ausência pode gerar gasto financeiro significativo. A falta de água em Garça, pode ser só questão de tempo. Só ver o exemplo de Bauru-SP em que o Rio Batalha já não consegue prover a água necessária para a população do município que frequentemente sofre com a sua escassez.

Assim como Bonito-MS virou referencia de turismo e preservação ambiental, é possível que Garça invista na preservação do meio ambiente e na recuperação de nascentes, pois o benefício será coletivo. É mais água disponível para a população da cidade e para os agricultores da área rural, é o fortalecimento do turismo rural, e com isso toda a atividade econômica do município também poderia se beneficiar. Atrativos naturais, cachoeiras e vales que guardam não só belezas incríveis, mas também podem virar um ativo financeiro relevante para todos. Inclusive para a arrecadação fiscal do próprio município.

A voz da experiência: Piramba e a observação do tempo

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Leito de rio em Garça quase seco

Os integrantes do Piramba são testemunhas oculares da história recente do meio ambiente em Garça. Não se trata apenas de estudos técnicos ou alertas de especialistas. O Piramba, grupo que há mais de quinze anos percorre as cachoeiras e represas da zona rural de Garça, tem percebido de forma clara a redução do volume de água nesses locais. Quem visita os mesmos pontos ano após ano enxerga o problema a olho nu: quedas d’água que antes eram caudalosas agora se resumem a filetes; represas que já transbordaram hoje apresentam margens secas e fendas expostas. Essa vivência é a prova concreta de que a crise hídrica da região não é uma possibilidade futura, mas uma realidade presente.

O Córrego do Barreiro e o Aquífero Guarani

Grande parte dessas nascentes deságua no Córrego do Barreiro, que historicamente foi a principal fonte de captação de água para o consumo da população de Garça. Hoje, porém, o córrego encontra-se totalmente assoreado, resultado direto do desmatamento e da ausência de proteção de suas margens. Diante da degradação, o poder público precisou recorrer a uma solução emergencial: perfurar um poço profundo no Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do planeta, para evitar que a cidade ficasse sem água potável. E já existe a previsão de perfurar ao menos outros dois poços a mais de 200 metros de profundidade para tentar solucionar problemas de falta de água que já afeta a população garcense.

A necessidade de usar o aquífero é sintomático da atual situação hídrica do município, pois trata-se de ter que recorrer a última alternativa, a de procurar pelas águas subterrâneas profundas, já que a abundância de água superficial de outrora, hoje parece um passado distante e sem volta.

É uma medida que resolveu a urgência, mas que não ataca a raiz do problema. Pior: se as nascentes e córregos continuarem abandonados, dependeremos cada vez mais de soluções emergenciais e iremos consumir uma reserva que era para ser das gerações futuras, ao invés de preservar o que já tínhamos à disposição.

Ainda assim, é preciso reconhecer: em comparação com cidades vizinhas, Garça não sofre com falta de água para beber. Isso não é mérito da gestão, mas da condição privilegiada da região, que ainda resiste graças ao Aquífero Guarani. Contudo, transformar a abundância em escassez não é difícil e tudo pode ser apenas uma questão de tempo.

A gestão pública que fecha os olhos

Não importa se é poder público federal, estadual ou municipal, a realidade é que sempre existiu uma tolerância as infrações ambientais, é a famosa vista grossa, como se fosse um problema de menor importância. No entanto, tem consequências reais que afetam a vida das pessoas e trazem maior responsabilidade para os gestores públicos

É impossível tratar desse tema sem apontar a responsabilidade dos governantes. A canalização de nascentes, a ausência de políticas sérias de recuperação de matas ciliares e a permissividade com ocupações irregulares próximas a cursos d’água demonstram que o meio ambiente raramente entra como prioridade. Prefere-se investir em obras de impacto visual imediato a pensar em sustentabilidade.

A redução da água no Lago Artificial, o assoreamento do Córrego do Barreiro e a necessidade de recorrer ao Aquífero Guarani não são obras do acaso: são consequências diretas da gestão pública que em geral despreza a ciência, ignora o ciclo da água e deixa de proteger o que deveria ser mais sagrado.

Um alento: existe uma lei municipal que vai na direção correta

A lei nº 5.525/2023 instituiu o programa de recuperação de áreas degradadas e alteradas “Adote uma Nascente” para preservar e conservar as nascentes e matas ciliares que mantém suas características naturais. O Poder Público tem suas limitações também, pode muito, mas pode muito mais com a colaboração da sociedade civil organizada. A lei instituiu duas categorias de voluntários do Programa:

1) – bem como atividades de educação a adotantes: voluntários responsáveis pelas ações de preservação e recuperação da nascente; um adotante ou associação de voluntários para cada nascente ou olho d`água, que será o responsável pela manutenção da área promovendo ações de preservação, recuperação ou conservação ambiental.

2) – padrinhos ou madrinhas: voluntários responsáveis por colaborar com as ações de adoção, um ou mais padrinhos ou madrinhas, para o financiamento e apoio às ações de proteção e conservação de cada nascente ou olho d`água objeto do Programa.

Entretanto, o programa de recuperação de áreas degradadas e alteradas “Adote uma Nascente” deve ser estruturado e implementado pelo Conselho Gestor previsto na Lei. Até o momento, do que foi noticiado, houve um caso de adoção de nascente. Trata-se de área localizada no Jardim Paineiras, onde está localizado o Córrego do Barreiro.

A área foi adotada pelo SAAE e apadrinhada pela Faculdade de Engenharia Florestal – FAEF, onde foram plantadas 1.700 árvores. Nesse formato, o SAAE fica responsável pela manutenção das mudas e preservação da área, enquanto a FAEF fica responsável pela orientação técnica, projetos e fornecimento de mudas.

Entretanto, a iniciativa parece que não ganhou escala, além disso, não basta apenas cuidar da nascente, é preciso também cuidar do restante do curso d´àgua. Do que adianta uma nascente revitalizada que depois vira um córrego sem mata ciliar e que sofre assoreamento?

Necessário saber se o Conselho Gestor previsto em na Lei está exercendo as suas atribuições e se o programa está em funcionamento e logrando êxito, pois até o momento não há sinais de melhora na preservação das nascentes e córregos da região. A lei é louvável e pode ser até um alento, mas é preciso que vá muito além do papel e possa ser uma ferramenta efetiva para a transformação da realidade.

Muito além do Lago Artificial

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Cachoeira quase seca

A situação do Lago Artificial é um alerta, mas não o único. Se nada for feito, outras nascentes seguirão o mesmo destino, o que compromete não apenas a paisagem, mas o futuro da cidade e da região. O problema não é apenas ambiental, mas também social e econômico: sem água, não há agricultura, não há saúde pública e não há qualidade de vida. São inúmeras as cenas na região de Garça de represas secando, córregos cada vez com menor volume de água e cachoeiras e seus poços cada vez com menos água. Realidade triste e cruel que pudemos acompanhar como uma série da TV, mas que não é nada legal de assistir.

O Dilema: aceitar a derrota ambiental ou tentar revitalizar a nascente?’

Diante do que se tornou o Lago Artificial de Garçae todo o seu entorno, de todo o investimento público realizado e uma vez que virou um local para eventos, lazer e turismo, não tem como reverter tudo e fazer voltar a área de várzea que existia ali. A expansão urbana foi cruel com este ecossistema local. Mas existem sim providências que podem ser adotadas para ajudar na revitalização e aumentar a umidade do lugar. Naturalmente é um local para abrigar e reter água, mas hoje respira por aparelhos nessa questão. O mesmo homem que causa a seca da nascente, pode sim adotar medidas para mitigar o prejuízo.

As mudanças Climáticas e outras ações antropogênicas que afetam o Lago Artificial

A ação humana de fazer o aterramento da nascente, de impermeabilizar boa parte do entorno em que havia vegetação, acabou por dar lugar a casas e outras edificações, fruto da pressão e especulação imobiliária.

Uma grande parte do que seria um ecossistema a ser preservado no coração da cidade, acabou sendo todo aterrado e transformado uma grande parte em um extenso gramado, um grande descampado, quase sem nenhuma árvore, que virou uma grande área de laser para famílias de várias formas. Jogar bola, soltar pipa, andar de bicicleta, entre outras atividades e recriações. Porém, na falta de árvores, o sol bate forte em um lugar em que antes era quase tudo água. A ausência de árvores no local, também colabora para que a nascente do lago tenha secado e ter que furar um poço para que o cartão-postal do município não vire mais uma história triste, entre outras tantas da nossa história de catástrofes ambientais.

Houve diminuição do regime de chuvas em Garça, o que fez com que o índice pluviométrico anual médio esteja em declínio. O município vem sofrendo com uma precipitação cada vez com menor volume de água e também as chuvas têm ficado menos frequentes na região. Trata-se de um problema bem mais abrangente, e que depende não só da ação de um governo local, regional ou nacional, mas sim de providências da governança global como um todo. Essa é uma luta da humanidade contra o tempo e até agora não temos sido bem-sucedidos nessa batalha.

Conclusão: responsabilidade coletiva

Todo cidadão garcense valoriza o Lago, pois realmente o lugar é uma joia do município, e hoje podemos estar em choque com o fato de a nascente do lago ter secado. Mas infelizmente, esta nascente é só uma entre outras centenas, senão milhares de nascentes que brotam em nossa região e que estão pedindo socorro. Uma andorinha só não faz o verão, assim como uma nascente só não nos assegura a segurança hídrica que o município necessita. O lago é sim o local mais conhecido de Garça, mas não é mais importante do que o córrego do barreiro que fornece a água para a sua população. Assim, como também não é mais relevante do que outras diversas nascentes que são de suma importância para o microclima local. Mas é preciso que cada área de competência faça sua parte na medida de suas atribuições.

Nem os gestores públicos, e nem a sociedade cível cuidaram ou cuidam hoje das nascentes como deveriam, é um descaso de décadas. Mas o poder público tem, sim, a obrigação de agir. A experiência mostra que esperar somente por ele não resolve. Cabe também à população se mexer, se conscientizar e cobrar mudanças, bem como adotar práticas de preservação no dia a dia, seja na direção de respeitar as áreas de nascente, evitar o desperdício de água, apoiar projetos ambientais ou denunciar irregularidades ambientais. A defesa da água não pode mais ser vista como tarefa de terceiros: é uma responsabilidade coletiva, e quanto mais cedo entendermos isso, maiores as chances de garantir um futuro em que Garça continue sendo sinônimo de fartura de água e não de escassez.

O imediatismo do homem cobra um preço no futuro, é preciso pensar hoje nas próximas gerações, estamos em uma luta contra o relógio nessa questão. É de suma importância ter consciência de que é preciso cuidar das nascentes hoje, pois amanhã poderá ser irreversível, ou então o gasto e trabalho necessário pode tornar a tarefa inviável. Para que a questão hídrica do município seja melhor no futuro, é indispensável que haja a colaboração da população com um uso da água de forma mais consciente, os proprietários rurais devem envidar esforços na recuperação e manutenção das matas ciliares e o mais importante, os gestores públicos devem ser atuantes na área do que lhe compete, que se dê o devido valor ao que realmente tem valor.

Por tudo isso, é preciso para ontem que cada cidadão ou gestor público comece a mudar de mentalidade e também hábitos e costumes, para que possamos todos nós adotarmos providências diferentes do que fizemos no passado. As escolhas de hoje precisam levar em conta não só o futuro, mas as ações e omissões do passado que já afetam o nosso hoje de forma impiedosa. Existe um ditado que diz que “o dinheiro não aceita desaforo”, mas é por que damos mais importância a ele. Entretanto, na realidade, é a natureza que não aceita desaforo, e quem paga boleto somos todos nós. Mas a esperança não pode morrer, nossa terra é gentil e generosa, se voltarmos a tratá-la bem, o que antes era cinza e seco, pode voltar a ser um lugar verdejante e úmido, assim como já foi um dia. Tudo dependente, infelizmente ou felizmente, da ação humana.

Autores: Vicente Aranha Conessa e Rudi Ribeiro Arena, fundadores do Piramba, entidade sem fins lucrativos e marca registrada que promove e divulga os patrimônios naturais, culturais e históricos da região de Garça-SP.

Fontes:

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/10058/indice-de-chuvas-em-garca-mostra-queda-significativa-em-2024

https://marilianoticia.com.br/garca-registra-reducao-de-2138-de-chuvas-em-2023/

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/8767/adote-uma-nascente-saae-e-faef-sao-os-primeiros-adotantes-do-projeto

https://leismunicipais.com.br/a/sp/g/garca/lei-ordinaria/2023/553/5525/lei-ordinaria-n-5525-2023-institui-o-programa-de-recuperacao-de-areas-degradadas-e-alteradas-adote-uma-nascente-no-municipio-de-garca-e-da-outras-providencias?q=3

Livro: Exploração do Rio do Peixe – São Paulo 1913 – publicado pela Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo

Livro: Exploração dos Rios Feio e Aguapehy : (extremo sertão do estado) : 1905, publicado pela Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59269706

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2021/11/16/ernst-gotsch-o-agricultor-suico-que-ensina-a-plantar-agua-na-bahia.ghtml

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2025/09/realmente-e-verdade-que-a-camada-de-ozonio-da-terra-esta-se-recuperando

https://redejuntos.org.br/cidades-esponja-inovacao-urbana-sustentavel/

https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/a50dbe4e-7bc8-458a-a560-d3e977beffcd/content

https://www.garca.sp.gov.br/portal/turismo/0/9/4704/bosque-das-cerejeiras

https://www.garcaemfoco.com.br/noticia/20301/prefeitura-vai-perfurar-poco-para-garantir-nivel-de-agua-do-lago

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/9592/agua–abastecimento-esta-garantido-em-garca-devido-ao-poco-tubular-profundo-do-aquifero-guarani#:~:text=O%20abastecimento%20de%20%C3%A1gua%20em%20Gar%C3%A7a%20est%C3%A1,SAAE%2C%20tem%20uma%20vaz%C3%A3o%20de%20200%20mil

https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2025/04/28/alvaro-de-carvalho-e-garca-estao-entre-os-municipios-de-sp-que-mais-destruiram-vegetacao-nativa-em-2024.ghtml

https://pirambamtb.com/2023/02/16/o-flagrante-do-bote-que-o-jacare-deu-em-cima-de-uma-cobra-no-pantanal/

https://www.ecooar.com/selo-verde/280/desafio-piramba-jetflex-2024

https://www.ecooar.com/perfil/438/piramba-mtb

https://www.ecooar.com/selo-verde/280/desafio-piramba-jetflex-2024

https://pirambamtb.com/2017/10/24/cachoeira-da-constroli-antes-e-depois/

Fotos:

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Antes (Cachoeira da Constroli)
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Depois (Cachoeira da Constroli)
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Antes (Poço do Porco)
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Depois (Poço do Porco)
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Antes (Cachoeira da União)
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Depois (Cachoeira da União)
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Antes (Cachoeira da Geladeira)
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Depois (Cachoeira da Geladeira)
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Antes (Cachoeira da Coruja)
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Depois (Cachoeira da Coruja)

As cachoeiras e suas classificações, seus encantos, sua importância para a humanidade e sua natureza jurídica. E por que fazem macumba nesses locais?

Por Rudi Arena

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Oferenda na Cachoeira do Pico do Carcará em Garça-SP.

Com Certeza

Com certeza, você já se banhou na queda de uma cachoeira,

Sentindo a sensação da sua alma sendo purificada por inteira”

Trecho da música “Com Certeza” da banda Planta e Raiz.

“Águas de Cachoeira”*

“Lá na pedreira
Rola da cachoeira
Uma água forte
Pra me banhar
Uma água forte
Pra me banhar

Ela me enche de fé
Me dando um banho de paz

Bebo dela no coité
E vejo o bem que me faz
Água de beber
Água de molhar
Água de benzer
Água de rezar

Na boca da mata
tem chave de ouro
Tem pedras de prata
E aves de agouro
Tem um doce mistério
Que eu não sei contar
Eu só sei dizer pra você
Que meu pai mora lá”


* Composição de Labre e Carlito Cavalcante / Jovelina Pérola Negra, mas também conhecida na interpretação de Maria Bethânia

Introdução:

Desde a adolescência, quando me lembro dos meus primeiros banhos de cachoeira, essa experiência sempre me despertou bons sentimentos e me impactou de forma positiva. É claro que uma cachoeira é uma espécie de atrativo natural ótimo para de se banhar e se refrescar nos dias de calor, mas entendo hoje que as cachoeiras não são simples queda d’água.

Depois que formei na faculdade e voltei para minha cidade natal em Garça-SP em 2003, progressivamente passei a andar de bicicleta e pegar umas estradas de terra, mas só alguns poucos quilômetros, que me pareciam muito naquela época. Pouco tempo depois já havia encontrado boa companhia e a intenção era procurar chegar mais perto de vales e paredões muito comuns na região. Para isso era preciso sair da estrada e da zona de conforto, enfrentar algumas dificuldades pelo caminho e um terreno mais hostil. Ali estava o embrião do Piramba MTB. Com um pouco mais de tempo a turma foi aumentando e a busca passou a ser por cachoeiras. Esse caldeirão formou a identidade do grupo, cuja imagem hoje está indissociável das cachoeiras.

Cada cachoeira nova conhecida era um momento de grande contemplação e deslumbramento, e por isso mesmo, cada vez mais a gente queria ir de bike e buscar novas cachoeiras. Nesse intento, conseguimos chegar a algumas cachoeiras por indicação de pessoas, mais em muitas outras a tarefa era exploratória com base na intuição e mais recentemente com o google maps com suas imagens por satélite, que ajudam muito.

Desde o início por essa busca incessante por cachoeiras, quase todas as semanas desde então vou de bike até uma das tantas que há em Garça-SP, ainda que o tempo esteja frio. Só de estar próximo da cachoeira a sensação é sempre muito boa. O engraçado é que sinto falta de cachoeira se fico um tempo sem ir até uma delas. Ao longo do tempo passei a reconhecer que ao menos pessoalmente e de forma empírica com base na causa e efeito, o banho de cachoeira sempre pareceu revitalizar o corpo e a alma.

Antes de entrar, a água parece estar sempre muito gelada e é preciso uma certa coragem, pois realmente a temperatura é fria, mas ao adentrar em baixo da queda d’água parece que um turbilhão de sensações toma conta do corpo e da mente, o frio parece não ser mais um problema, e depois é normal ser tomado por uma ótima sensação de bem estar.

Por tudo isso, virei um grande apaixonado por cachoeiras e um assíduo frequentador delas. O interesse é tanto que resolvi pesquisar e escrever sobre o tema. Na minha concepção, embora não seja possível comprovar os benefícios dela para saúde física e mental pela ciência da atualidade, ninguém pode negar os encantos desses lugares, a plasticidade de sua beleza natural, que funciona como um lugar de lazer e como, ainda que de forma marginal, a gente se depara com ela no dia-dia sem querer, seja na tela de um quadro ou nos filmes, novelas e desenhos, já que é sempre um cenário fascinante para as artes visuais.

Além disso tudo, é inegável também a importância das cachoeiras para algumas etnias ou denominações religiosas, como a cena clássica com que já nos deparamos muitas vezes, que é a oferenda.

Também é muito interessante a classificação das cachoeiras. Sim, existem nomes diferentes de acordo com as características da queda d’água. Geralmente usamos cachoeira para todas as quedas d’água, mas todos já ouvimos falar em salto, cascata ou cataratas, não é? Tudo isso será mais explorado ao longo desse artigo. Observo que, ainda que seja um assunto muito interessante, me deparei com poucas fontes para estudo, mas garimpando bastante ali e aqui foi possível conectar um pouco de tudo o que já foi estudado sobre cachoeira para consolidar este texto que vem colocar um pouco de luz sobre assunto, as cachoeiras, seus encantos e sua importância para a humanidade.

A Cachoeira em amplo e estrito sentido (lato sensu e stricto sensu)

Normalmente, quando falamos em cachoeira, usamos a palavra em seu sentido amplo, extensivo para se referir às diversas formas de queda d´água existentes nos rios mundo afora. No entanto existem diferenças e para cada uma delas também existe um nome específico conforme alguns critérios e características. Podem ser classificadas assim:

QUEDA D’ÁGUA

Este é um termo que pode ser usado para qualquer tipo que será citado abaixo, independente das tipificações de cada uma, porque um termo bem genérico.

CACHOEIRA

Este termo é usado quando a queda d’água possui mais de 2 metros de altura, independente das descrições que serão citadas abaixo. A única coisa que difere de uma queda d’água é sua altura mínima, se encaixando, portanto, na categoria acima, porém o termo queda d’água quando se fala sobre uma cachoeira não está errado. É apenas um termo genérico. Portanto, tudo e qualquer curso d’água que despenca a mais de 2 metros é considerado uma cachoeira.

A cachoeira é muito semelhante à Cascata (e para muitos, a mesma coisa), que recebe este nome quando a queda não tem interrupção, quando a água desce diretamente ou com poucos obstáculos.

Cachoeira das Andorinhas – Cânion Itaimbezinho – Cambará do Sul

SALTO

Aqui começa a divergência entre pessoas, porque, sem conhecimento técnico, nomeiam uma cachoeira sem saber se ela pode ter os requisitos para levar o título de salto. Para uma queda d’água levar o título de salto, ela tem que possuir uma forma de esguicho, ou melhor dizendo, não ter contato com a pedra, caindo sem obstáculos. Existe a queda mista que entra também neste ponto, porque cachoeiras que tenham mais de 70% da sua queda, sem interrupção ou contato com as pedras, já é considerada salto.

Exemplo: Salto Ventoso, Salto Angel (Venezuela), Salto São Francisco.

Imagem: Foto: Antonio Hitcher

Para entender como estas definições são tênues, basta verificar que a maior cachoeira do mundo se chama Salto Angel (imagem acima), com seus 979 metros de altura.


CASCATA

Tendo a grande maioria das cachoeiras com esse estilo cascata, nada mais é do que o inverso do salto, fazendo com que a água deslize sobre as pedras no declive, independentemente de sua extensão. Existindo uma variedade delas e todas abrangendo o termo cascata, então pode–se aplicar os termos genéricos de queda d’água ou cachoeira, mas o especificado é cascata.

Cascata Rasga Diabo

Apenas quando há declives com pedras e ondulações é que leva o nome de cascata.

Um exemplo equivocado é da famosa Cascata Caracol, porque se trata de um salto, como se pode ver na imagem abaixo.

Cachoeira Caracol (Aqui temos um exemplo equivocado. Trata-se de um salto que foi chamado de cascata. Notem que a sua maior parte é queda livre, por isso é um salto)


CATARATA

O auge que uma queda d’água pode chegar é ser uma catarata, diferenciada das outras porque tem um volume de água absurdo. Possui uma formação semelhante a salto, mas existe uma extensão mínima necessária para ser nomeada. Pode ter até interrupções por igual com algumas quedas próximas.

Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu/PR)

As Corredeiras

Corredeiras, Fluxo, Agua, Natureza, Panorama, Floresta

Embora não seja propriamente uma cachoeira, muitos a confundem com ela, mas, na realidade, trata-se de uma corredeira, mas não é por acaso, porque elas têm suas semelhanças. Mas esta é a parte do rio em que as águas, devido à diferença de nível, correm ligeiras e fazem muita espuma. A água em uma corredeira não cai, ela corre, por isso o nome, e corre rápido, em contraposição à calmaria aparente dos rios em terreno plano. Por isso mesmo, uma corredeira de água limpa é um ótimo lugar praticar esportes como rafting com caiaques, mas também para se lavar roupas e utensílios, e por isso as corredeiras pela força de suas águas foram locais historicamente utilizados por indígenas, ribeirinhos e quilombolas para esses fins.

O interessante que é lavar roupas nos rios é até hoje uma profissão no Brasil. O ofício de lavar roupa à beira do rio ainda é praticado por centenas de senhoras nas regiões ribeirinhas do rio São Francisco. Elas acordam cedo, com o raiar do “sol do Chico”, e partem com as roupas para a beira do rio.

*Antigamente, as lavadeiras passavam pelas ruas da cidade carregando o filho menor no colo, vestidas com saias de retalhos coloridos e equilibrando pesadas trouxas de roupas na cabeça. Hoje em dia, usam o carrinho de mão para o transporte das roupas e já não cantam os lamentos da profissão. As ladainhas entoadas pelas lavadeiras de antigamente ficaram nos livros. Agora, a canção sertaneja, de axé, arrocha e brega ganham voz na boca dessas ribeirinhas guerreiras.

Em Propriá, distante 99 km de Aracaju, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, as lavadeiras ainda mantêm a tradição de bater a roupa nas pedras para retirar o excesso do sabão, da água e da sujeira. Depois da lavagem primitiva, espalham as roupas na beira do rio.

** Uma corredeira ou rápido[1] é a seção de um rio ou curso de água onde o leito do rio tem o gradiente relativamente alto, aumentando a velocidade da água e a turbulência. Uma corredeira é uma característica hidrológica entre uma leve correnteza e uma cascata. Caracteriza-se pelo rio tornar-se mais raso e com algumas rochas expostas acima de sua superfície. Como a água corrente salpica, chapinha e respinga violentamente sobre e em torno das rochas, bolhas de ar se misturam e em partes da superfície adquirem uma cor branca. Corredeiras ocorrem onde o material do leito é altamente resistente ao poder erosivo do fluxo em comparação com o leito a jusante (corrente abaixo) das corredeiras. Córregos e rios muito jovens fluindo, cruzando seu caminho através da rocha sólida, podem ser corredeiras por muito do seu comprimento.

Corredeiras são categorizadas em classes, geralmente indo do nível I ao VI. Uma corredeira 5 ou V pode ser categorizada como classe 5,1-5,9. Corredeiras classe I são fáceis de atravessar e não necessitam de manobras, enquanto as corredeiras da classe VI representam uma ameaça à vida.

*https://virecarranca.com.br/2020/07/13/lavadeira-do-rio-uma-profissao-que-resiste-ao-tempo/

**https://pt.wikipedia.org/wiki/Corredeira

As cachoeiras nos filmes, novelas e desenhos

No clássico desenho do Pica-Pau, a ave tenta descer a qualquer custo pelas cataratas

As cachoeiras povoam o imaginário popular e cultura pop, além de estarem presentes nas atividades econômicas ligadas ao turismo, à religião, à cultura e à história dos povos. Está também na música popular brasileira em canções como“Com Certeza” da Banda de Reggae Planta e Raiz e “Águas de Cachoeira” de Jovelina PérolaNegra. É cenário de filmes de Hollywood como o Blockbuster, a saga “Crepúsculo – Amanhecer Parte 1, ou em filmes nacionais como o indicado ao prêmio do Oscar de 1996, o longa metragem “O Quatrilho. A beleza das quedas d´água é muito comum nas populares novelas nacionais como a Cachoeira Santa Maria em Pirenópolis da novela “Estrela Guia” com a cantora Sandy como protagonista. O cenário de Carrancas-MG de vegetação e montanhas também já serviu de pano de fundo para novelas como “Império” (2014), “Orgulho e paixão” (2018) e “Espelho da vida” (2018). Muitos são os documentários que bebem de sua fonte.

E ainda está presente em desenhos animados, como no icônico episódio do Pica Pau até um pouco polêmico com o Barril descendo a Catarata de Niágara de 1956. Foi objeto até de reprodução da cena nas Cataratas do Iguaçu no Brasil e de um filme.

Uma Cachoeira e seus encantos mil

Não é só a beleza da água a cair, ou o forte som que dela emana que nos fascinam. Em geral, ela está envolta a um exuberante meio ambiente. São os pássaros a cantar ao redor, as belas e altas árvores a nos deixar com a sensação de sermos pequenos perante uma cachoeira em sua plenitude, o leito do rio cavado pela água corrente contínua tem suas cores particulares realçadas em contraposição ao verde da mata, as rochas sempre brutas revelam um passado longínquo na terra, o relevo singular completa geralmente as belezas desses lugares.

Nenhuma cachoeira é igual a outra, umas são mais altas, outras mais baixas, umas mais remotas, outras mais acessíveis, umas com água cristalina, outras nem tanto, as cachoeiras estão presentes nos mais diversos biomas do brasil dos mais variados pontos do Brasil. Temos as cachoeiras incríveis dos Cânions do Sul, os mais profundos vales do Brasil e de beleza ímpar, muitas desconhecidas e inexploradas. Em Garça-SP, há mais de uma centena de cachoeiras e o acesso nem sempre é difícil, mas a algumas nunca conseguimos achar um bom local para descer até o fundo do vale para chegar até a queda d´água. Em geral, a natureza impõe um pedágio para se chegar até ela, algumas sai bem barato, mas outras cobram caro, por isso é preciso ter muita força de vontade porque muito é o esforço despendido.

Mas sua importância é inesgotável. É um local relevante para a práticas de rituais religiosos considerados sagrados para os povos nativos e praticantes de religiões de matriz africana que, apesar das dificuldades, conseguiram fincar raízes em todo território brasileiro. É nessa seara que optei por aprofundar o presente artigo, mas é interessante também lembrar da importância das cachoeiras para os primeiros habitantes do Brasil, os povos originários do Brasil, dizimados ao longo dos séculos pelos homens brancos, católicos, civilizados e de bem. Até hoje os algozes dos indígenas gozam da reverência de suas macabras façanhas, são tratados como heróis, ganham estátuas, nome de ruas e condecorações.

As cachoeiras sempre atraíram os homens, os animais, porque são fonte de água pura para se beber. Na antiguidade são locais usados para lavar o corpo e também alguns utensílios se necessário. Até hoje as cachoeiras tem uma força de água corrente ótima para limpeza só com a força d´água. Ao longo do tempo se transformaram também em atrativos turísticos para se banhar, para diversão, para aliviar o calor, na falta de praia no interior do Brasil. Nosso país é repleto de cachoeiras cristalinas e deslumbrantes, por isso muitas delas são locais utilizados para a prática de rituais religiosos dos mais sagrados.

Não é por acaso que elas se tornaram provas vivas do que existe de mais belo na natureza. São claras evidências da natureza divina do criador e têm uma força espiritual inexplicável. Em uma cachoeira podemos nos conectar com natureza e com seu criador, com as vibrações benfeitoras que emanam do local, que geralmente guardam muita história. As cachoeiras ao longo do tempo sempre foram locais de referência, de parada no caminho percorrido, de banho, de limpeza em geral, e para muitos um lugar místico e de muito valor espiritual. No Brasil as cachoeiras também sempre foram consideradas lugares sagrados para os povos indígenas muito antes da invasão dos europeus. Deveríamos procurar aprender um pouco com a sabedoria dos indígenas que conhecem e mantêm um laço muito mais estreito com a natureza do que nós pobres homens brancos, cada vez mais distantes do mundo natural em suas bolhas artificiais. Deixam, assim, de ter a oportunidade de se conectar com o meio ambiente, e de deixar florescer toda carga de ancestralidade e os instintos atávicos mais puros que um bom contato com a natureza proporciona.

As cachoeiras saltam aos olhos, mas ultrapassam a visão. Outros sentidos são ainda mais ativados, a audição talvez seja o mais é acionado, porque de longe pode ser ouvida. Perto delas tudo o que é som exterior parece ficar em volume baixo, sua sinfonia é soberana na mata. Quem tiver ouvidos para ouvir pode perceber que ela se impõe soberana, perto dela todos os barulhos outros da vida cotidiana e urbana são abafados pela força do som da água corrente iluminada que percorre as rochas para cair e, nesse processo, cria uma melodia singular. Cada cachoeira tem suas notas, timbres distintos. Mas também o tato pode ser o mais importante sentido em um banho de cachoeira, a sensação de sentir a água limpa e corrente passar por cada poro da pele, muitas com tamanha força da gravidade cujas águas chacoalham todo o corpo físico, mas parece que também mexe com a mente e o espírito. E não é só.

Cada cachoeira tem seus muitos atrativos e importância tanto para o homem como para os animais e o meio ambiente, por isso preservá-las é mais do que necessário, e não se restringe a isso, pois ali existe todos os elementos que proporcionam uma ótima conexão com a natureza e por consequência ao seu criador. Quanto mais pura estiver sua água, mais força de purificação tem a cachoeira, cascata, salto ou corredeira, e essa força da natureza divina é também responsável pela maior parte da energia elétrica que usamos para o nosso dia a dia, é o sistema de queda d´água como de uma cachoeira que faz ligar nossas máquinas, computadores e celulares. É pura energia em todos os sentidos.

As cachoeiras parecem ter um mil encantos, trazem paz, tranquilidade, conexão com a natureza. Há uma espécie de magia, e um ar um tanto romântico no seu mais amplo sentido, de apreciar as cintilantes águas a cair ou o som estrondoso que dela emana. É claro que também existe uma alusão de ser um ótimo lugar para os apaixonados. Existe também algo meio místico ou esotérico para alguns, e até mesmo sagrado para algumas das muitas religiões indígenas, os povos nativos de nossa terra. Mesmo para os cristãos os rios e cachoeiras são considerados locais de um de seus mais relevantes rituais ao longo da história, e tem Jesus como exemplo máximo no ritual de João Batista no Rio Jordão.

O Contato com a Natureza e a Cachoeira como fonte de vitalidade para terapia holística

Para muitos adeptos de práticas tidas como orientais se utilizam do contato com a floresta e as cachoeiras para promoção de curas físicas e emocionais (Reiki, Hinduísmo, Ayurveda, Yoga).

Já ouvir falar em banho de floresta? Pode parecer algo estranho, mas ele tá virando uma prática cada vez mais comum e incentivada em um dos países mais desenvolvidos e que possuem uma das populações mais longevas do mundo, o Japão. E ouso dizer que os efeitos de uma banho de cachoeira é ainda mais intenso, pois além do banho de florestam já que a cachoeira sempre está no meio de uma, há também a força poderosa da água corrente em queda impactando o corpo.

Os banhos de floresta no Japão*

O shinrin-yoku, ou banho de floresta, é a prática japonesa de passar um tempo em uma floresta como forma terapêutica para minimizar o estresse e incentivar o contato com a natureza.

A prática consiste em ir a uma floresta e passear entre as árvores, ou apenas sentar-se e aproveitar o momento para apreciar o ambiente, ouvindo os sons da natureza, o canto dos pássaros, o vento batendo nas folhas das árvores, o som das águas dos riachos, respirar o ar puro e naturalmente perfumado ou se deixar levar pela tranquilidade através de uma experiência totalmente sensorial.

O bem-estar físico e mental gerado pela prática do banho de floresta traz um momento relaxante, levando as pessoas ao esquecimento da agitação dos centros urbanos, proporcionando momentos de paz pelo contato com a natureza.

Os benefícios do shinrin-yoku

O banho de floresta tornou-se uma parte essencial dos cuidados preventivos com a saúde no Japão. Estudos japoneses comprovam que este banho melhora a qualidade do sono, do humor, da capacidade de foco e reduz os níveis de estresse.

Passar um tempo na natureza, longe da tecnologia moderna e dos grandes centros urbanos pode melhorar a saúde física e mental e criar um estilo de vida mais saudável para pessoas de todas as idades.

Imagem de uma floresta com árvores altas.
O banho de floresta deixa as pessoas mais felizes. Nagano | ©JNTO

*https://www.japanhousesp.com.br/artigo/os-banhos-de-floresta-no-japao/

Projeto de cooperação técnica para desenvolver banho de floresta no Brasil poderá ganhar reforço japonês* 

Muitos podem ver a questão do banho de floresta como uma prática meramente esotérica sem qualquer respaldo na ciência, mas o assunto é bem mais complexo.

Desde 2021, a Fiocruz e o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE) realizam uma cooperação técnica e científica para desenvolver o banho de floresta no Brasil. No debate, Guilherme e Marco apresentaram o desenvolvimento do projeto de cooperação para a prática desse banho em nosso país. 

A iniciativa brasileira chamou a atenção de um pesquisador japonês que se dispôs para contribuir com a Fiocruz e o IBE com o projeto de implementação deste tipo de banho em florestas brasileiras. Yoshifumi é reconhecido como o responsável pelos principais estudos sobre o shinrin yoku, ao provar cientificamente os benefícios desta prática em centenas de pessoas. 

Em 1990, este pesquisador realizou a primeira prática de medição fisiológica dos efeitos do banho de floresta, a partir do nível do cortisol nas pessoas. Ao longo desses anos, a pesquisa passou por 63 lugares e analisou 756 participantes, tornando-se a maior base de dados já levantada sobre o tema no mundo.  Yoshifumi explica que a base da pesquisa está na compreensão da relação do homem com a natureza e a interação entre ambos. 

O Homem Evoluiu Dentro da Natureza e Tem uma Capacidade Inerente de Adaptar-se a Ela

O barulho das águas caindo da pedra, o cheiro da terra e do verde em
volta, o frescor na pele e a translucidez em frente aos olhos formam um
conjunto de sensações que acalmam. A pedra bem no centro da cachoeira
torna-se o ambiente perfeito para relaxar e repor a
energia do corpo. Assim é que Vera, conhecida como Vera Holística,
realiza suas sessões de Reiki.

O Reiki é um sistema de reposição energética, um tratamento terapêutico
usado para diversos problemas, físicos e emocionais. Vera conheceu as
terapias holísticas em 1996, quando estava enfrentando um câncer. Depois
de passar por diversos médicos e ficar internada por muito tempo, ela
tomou um chá preparado por sua mãe, em um dia que estava passando muito
mal, e melhorou. Descobriu que água é transmissora de energia. Tudo que
colocamos na água se transforma, e por isso que ela atende em
cachoeira, como anuncia.

Reiki a energia universal. A ideia é canalizar a energia, que
chamamos de prana, a energia da cura, explica Vera. O site oficial da
terapia define Reiki como uma técnica japonesa para reduzir
estresse e promover relaxamento, que leva à cura. Ele é feito a
partir da imposição de mãos, baseado na ideia de que uma energia
vital invisível nos deixa vivos.

A cachoeira – uma benção para a saúde!Se um banho de floresta faz bem, imagine um banho de cachoeira

O ar que respiramos

Devido à poluição e ao desmatamento sistemático das últimas décadas, o ar que hoje respiramos contém muito menos oxigênio do que há 20 anos. Estudos realizados com o ar retido em fósseis demonstraram que a proporção de oxigênio (O2) no ar respirado por nossos ancestrais chegava a 38%. Após a II Guerra Mundial, esse índice já havia caído para 22% e, segundo cientistas suíços, que desde então vêm monitorando criteriosamente a atmosfera, o nível atual de O2 não passa de 19,6%, despencando para 12% em cidades muito poluídas. Assim, todo cuidado é pouco! 

Ionização do ar

Mas há também uma outra poluição, menos conhecida, que também nos atinge: a poluição elétrica do ar pela concentração muito elevada de íons positivos.

Digamos, de maneira esquemática, que o ar contém íons com polaridades elétricas opostas: íons positivos, nocivos quando em excesso, e íons negativos que, contrariamente a seu nome, são benéficos para o nosso organismo. São até chamados de ‘vitaminas do ar’. O equilíbrio desses íons no ar que respiramos influi de maneira determinante em nossa saúde em geral e na nossa vitalidade em particular. De fato, o oxigênio assegura as funções vitais básicas, mas ele só passa dos pulmões para o sangue em presença de íons negativos.

As más condições da vida moderna provocam o rompimento do equilíbrio iônico e nos privam de muitos desses íons negativos tão benéficos para nossa oxigenação e nossa saúde. Essa carência de íons negativos é uma das causas das doenças da civilização: cansaço, nervosismo, dores de cabeça, depressão.

Fatores que influem na concentração de íons negativos no ar

O ar é ionizado naturalmente de maneira contínua. Os íons negativos se formam sob a influência de causas naturais: a radioatividade natural do solo, a fotossíntese das plantas, os raios cósmicos e ultravioletas do sol, as tempestades e os raios, a chama de uma vela ou de uma lareira, o impacto da água em movimento (chuva, chu­veiro, mar, fonte), o atrito do ar nas plantas pontudas. Se temos a sensação de res­pirar melhor ao pé de uma cachoeira, depois de uma tempestade, na montanha, à beira-mar, na floresta, no sol, isso ocorre pela riqueza do ar em íons negativos.

Por outro lado, certos fatores naturais favorecem a redução de íons negativos e um excesso de íons positivos, tais como o ar antes de uma tempestade, a chegada de ventos quentes e secos, o nevoeiro, etc.

Diversos fatores artificiais também diminuem a concentração de íons negativos no ar: poluição, ar confinado (residência, carro, escola, escritório, transportes coletivos), ar condicionado, proximidade de um aparelho elétrico (aquecedor, aparelho de televisão, computador, forno de microondas), tecidos sintéticos (carpetes e roupas sintéticas), fumaças industriais, gás de escapamento dos carros, poeira, tabaco, aquecimento elétrico e até o ar que expelimos de nossos pulmões.

É por isso que, nesses diferentes locais e condições, podemos sentir fraqueza, cansaço, irritabilidade, dor de cabeça, insônia, vertigem. Mas, cuidado para não lançarem a culpa de todos os males e do nosso mau humor sobre a qualidade do ar!

Vivemos em locais bem isolados, em ambientes fechados, onde a quantidade de íons negativos do ar é insuficiente. Portanto, é necessário reavivá-lo, purificá-lo e revita­lizá-lo por ionização.

Energize-se , a fonte mora ao lado.

Benefícios dos íons negativos

 Talvez você não saiba o que são os íons negativos, mas são eles que dão aquela sensação gostosa quando pisamos descalços na terra, respiramos ar puro, tomamos um banho de cachoeira, enfim interagimos com a natureza. Sabe por quê? Porque somos parte integrante dela e dependemos desse contato para manter a saúde física e mental, como apontam estudos realizados em vários países, que já comprovaram essa teoria. Logo, como um ser urbano, se realmente quiser se cuidar e ter mais saúde, mesmo que esporadicamente, aparte-se da cidade para obter mais benefícios para i mesmo.

Saiba mais sobre os íons

Os íons, pequenas partículas existentes na natureza, resultam do processo de perda ou ganho de elétrons, por meio de reações eletricamente carregadas. Por isso, eles se dividem em negativos (os ânions) e positivos (os cátions). Os negativos que se formam próximos a cachoeiras, à beira do mar, nas florestas e nos campos, são responsáveis por fazer a gente se sentir bem em contato com a natureza, principalmente, porque facilitam a absorção de oxigênio pelas células. Já os positivos, presentes nas grandes cidades, na água poluída, em dias nublados, em ambientes com ar condicionado e em equipamentos eletrônicos, atrapalham o raciocínio; afetam o sistema imunológico; aumentam o estresse e o mau humor; geram ansiedade; provocam dor de cabeça; e contribuem para depressão.

Nada como a natureza 

É importante viver rodeados de ionização natural (fontes, árvores e plantas) ou de irmos respirar e caminhar regularmente na natureza.

Além disso, será necessário impor normas rigorosas para a fumaça das fábricas, os gases de escapamentos dos carros, os aparelhos elétricos, o tabagismo e privilegiar as fon­tes naturais de íons negativos benéficos — as florestas, os jardins públicos, as fon­tes e os chafarizes.

Para se beneficiar com a natureza

Se você vive em apartamento, trabalha em escritório, respira ar condicionado e costuma se deslocar de carro, locais onde a presença dos íons negativos é mínima ou inexistente, adeque sua viagem à quantidade de íons disponível por centímetro cúbico em ambientes naturais. Observe:

  • Cachoeira – 25 mil íons negativos.
  • Beira mar – 5 mil íons negativos.
  • Campo – 1.200 íons negativos.
  • Cidade grande – apenas 100 íons negativos.
  • Apartamento e escritório – somente 20 íons negativos.
  • No carro – apenas 15 íons negativos.
  • Ambientes com ar condicionado – nenhum íon negativo.

Fontes: https://www.olharconceito.com.br/noticias/exibir.asp?id=9969&noticia=terapias-holisticas-realizadas-em-cachoeira-promovem-curas-fisicas-e-emocionais

https://clubedaviagem.com/2020/05/10/energize-se-a-fonte-mora-ao-lado/

https://www.docelimao.com.br/site/menu-do-assinante/videodicas-assinantes/86-terapias/1264-a-cachoeira-uma-bencao-para-a-saude.html

As cachoeiras como bolsões de histórias dos grupos indígenas das terras baixas sul-americanas *

É possível considerar as cachoeiras não só como elementos físicos e ambientais, mas como lugares significativos para os povos indígenas – constituídos por componentes ideológicos, históricos, econômicos e territoriais. Certamente a formação de ecótonos, áreas abundantes em alimento, com fartura de peixes e outras importantes fontes proteicas, como animais aquáticos de maior porte, faz das cachoeiras áreas de interesse econômico. Marcos físicos e estratégicos tornam-se, para quem sobe ou desce um rio, pontos de parada, entrepostos para comércio e para troca de dádivas, espaços de política, de disputa e de tomadas de decisão.


No entanto, não é somente por essa chave interpretativa que se dota de significância uma cachoeira; o caráter ideológico e o simbólico precisam ser levados em consideração. Diversos mitos indígenas, em diferentes áreas das terras baixas sul-americanas, compreendem as cachoeiras como locais sagrados, de nascimento do mundo. Parte importante da cosmologia e dos mitos de origem, as cachoeiras desempenham papel central para se pensar o ordenamento do mundo, do território e da própria vida. Para povos do alto rio Negro, como os Tariano, Tukano, Desana, Pira-Tapuia, Wanano e Tuyuka, a cachoeira de Iauaretê, no alto rio Negro, no noroeste da Amazônia, tem significância ímpar na conformação de sua identidade e territorialidade, pois foi “um dos pontos de parada da cobra-canoa que trouxe ao Uaupés seus ancestrais”. Da mesma forma, muitos coletivos indígenas, como os Jívaro da Amazônia Oriental, utilizam áreas de cachoeiras para a realização de atividades de iniciação dos rapazes. Por fim, a arqueologia demonstra que, além de berço da humanidade e local de passagem entre os períodos da vida ou entre lugares de viver, as cachoeiras também serviam para os momentos de transição ao mundo dos mortos, já que é comum se encontrar cemitérios nesses locais.


Vista como um lugar ancestral ou mítico, em virtude dessa dimensão simbólica, uma cachoeira pode integrar o imaginário de uma população. As cachoeiras são bolsões de histórias dos grupos indígenas das terras baixas sul-americanas, mesmo que sejam esporadicamente – ou mesmo nunca – visitadas. Assim, os vestígios antigos que se acumulam sedimentados no entorno das cachoeiras, os quais permitem caracterizá-la como paisagem histórica e arqueológica, acabam por propiciar o substrato às narrativas históricas elaboradas por esses grupos e por nós mesmos.


Se nesses casos o componente ideológico não exclui o viés material, e vice–versa, eles se integram formando a base física, geográfica, histórica e mental de uma sociedade. Sujeitas a variações e fluidez, essas paisagens constituem-se no território como espaços de identificação, o que implica construção, controle, engajamento e modificação. Dentro de fronteiras fluidas, como eram as indígenas, imersas em variadas territorialidades, as cachoeiras podem ser vistas como áreas centrais, nas quais se sobrepõem distintos territórios; são os “nós” e entroncamentos nessas redes; marcadores geográficos e simbólicos; ponto de encontro para grupos ou ainda espaços rituais e de peregrinação. Podendo conter simultaneamente essas diferentes funções, inclusive algumas divergentes, são formadas ao longo e pelo acúmulo dos resquícios das diferentes intervenções humanas durante a história.

*Autores: Fernando Ozorio de Almeida e Thiago Kater

As cachoeiras para a cultura afro, e o preconceito que sofrem os devotos das religiões Afro-Brasileiras.

As cachoeiras também são locaisespeciais para a Umbanda e o Candomblé que herdaram dos escravos, trazidos em seus tristes navios, elementos da cultura africana importantíssimos para essas religiões, presentes nos grandes centros metropolitanos e nas mais pequenas cidades do nosso extenso país. Infelizmente, ainda hoje é possível encontrar nos quatro cantos do país, após 136 anos do fim da escravização, as suas consequências, vistas nas mais diversas favelas, nas prisões brasileiras, nas desigualdades sociais que continuam como uma ferida ainda não cicatrizada. Apesar da propalada cordialidade do brasileiro por ser fruto de uma mistura de raças, o Brasil não é um país cordial. Não tivemos aqui umApartheid como na África do Sul ou uma legislação segregacionista como nos Estados Unidos, entretanto, o racismo continuou e permanece bastante presente aqui no Brasil. Não por acaso, fomos o último país a abolir a escravização, e isso foi muito bem retratado na letra da música “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” do grupo O Rappa. Essa realidade precisa mudar. Nos EUA ainda o racismo é muito grande apesar dos avanços ao longo da história. Em 1964 Martin Luther King Jr. foi premiado com o Nobel da Paz por sua luta pacifista contra o racismo. Também nesse ano foi promulgada a Lei de Direitos Civis, que baniu todas as formas de segregação racial. No ano seguinte, 1965, os negros sulistas conquistaram o direito ao voto.

A segregação racial vigorou como lei em muitos estados norte-americanos, restos e sequelas do final da escravidão a que chegaram por meio de guerra civil. O regime segregacionista estabelecia que houvesse escolas para crianças brancas e escolas para crianças negras, rigidamente separadas, sem qualquer exceção. Sucede que para algumas crianças negras, estudar na escola que lhe era permitido pela segregação, significava viajar para outra cidade, independentemente de sua idade ou condição física. A Europa colonizadora de países africanos também tem uma dívida histórica, consequência de sua atuação marcada por exploração, escravagismo, atrocidades, genocídios e maus tratos. Os casos dos belgas no Congo e dos alemães na Namíbiailustram muitos bem a crueldade a que os africanos foram submetidos pelo brancos que se julgavam superiores moralmente.

As sequelas do passado escravocrata ainda se encontra muito presente no mundo atual nos mais diversos pontos do planeta. É evidente e existem muitas provas de casos registrados na história de preconceito e o racismo estrutural. O povo negro encontrou na religião uma forma de resistência, de preservação de sua cultura e costumes, e aí entra a religião herdada como um instrumento vital para não apenas resistir fisicamente, e sobreviver após a alforria que os jogaram na rua sem beira nem eira, mas para resistir filosoficamente, culturalmente e espiritualmente também. É inaceitável que ainda nos dias de hoje exista preconceito contra os religiosos da Umbanda e do Candomblé. Ele ainda está muito vivo na sociedade e o auge desses desajustes estão registrados nos vários boletins de ocorrências Brasil a fora, com ofensas, preconceitos, ameaças e até mesmo destruição de templos. Por tudo isso, o mais importante é que se tenha informação, porque a falta dela, a falta de educação no sentido amplo da palavra, faz com que existam estas lamentáveis ocorrências.

Sintoma de tudo isso é a famosa expressão “chuta que é macumba”. Muitos a utilizam de forma irreverente e sem malícia. A frase é um deboche, falada pelas pessoas em tom de brincadeira sem atentar para o fato de que estão sendo extremamente preconceituosas e intolerantes com as religiões de origem africana, em especial o Candomblé e a Umbanda.

Muitos não tem noção e consciência da importância da cultura e da gastronomia que herdamos dos povos africanos e que formou nosso povo, moldou nossa identidade como nação. Aprendemos a apreciar o feijão preto e sua famosa feijoada, acarajé, vatapá, caruru, mungunzá, angu, pamonha, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê e muito mais pratos que se incorporaram na vida de muitos brasileiros. Mas não tal influencia não se limita ao o que comemos. A nossa cultura é formada pelo que há de mais enraizado também de origem afro, o samba, a capoeira, o maracatu, bem como em instrumentos musicais como tambor, atabaque, cuíca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau, todos heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Essa influência africana também está presente nanossa língua, como exemplo as palavras dengo, cafuné, caçula, moleque, quitute, farofa, bambambã, borocoxô, bunda, caçamba, capanga, cochilar, moleque, muvuca, quitanda, tanga, zumbi e fubá, todas incorporadas ao nosso cotidiano.


Macumba na Cachoeira

Foram inúmeras as vezes que fomos a uma cachoeira e nos deparamos com um conjunto de objetos próximos a uma cachoeira, à qual chamamos, sem conhecimento, macumba. Eu, em respeito a qualquer religião, não toco em nada, como muitos assim o fazem também, mas por medo. Nas cachoeiras de difícil acesso nunca encontramos uma oferenda, pois geralmente o fato de se ter de levar muitas coisas dificulta o ritual. É comum se encontrar velas, bebidas alcoólicas das mais diferentes, comida diversas como peixe, frango, farofa, legumes e frutas.

Em geral a Cachoeira da Igurê e na Cachoeira do Pico do Carcará são lugares em que frequentemente aparecem o trabalho espiritual, ambas em Garça-SP, que por serem mais acessíveis facilitam a prática desses rituais religiosos. Para entender melhor tudo isso, resolvi pesquisar um pouco sobre esse assunto misterioso, cujos praticantes sofrem muito preconceito. O assunto tem uma aura meio sobrenatural ou então que está ligado a coisas ruins, mas a verdade é que é um assunto intrigante, cercado de mitos, medos e muito pouca informação.

O que é Macumba?

Macumba é uma árvore Sagrada na cultura africana, onde os praticantes da religião se encontravam para rezar e realizar os rituais em nome de seu Orixá de devoção.  Mas também macumba é um antigo instrumento de percussão. Macumbeiro, originalmente, era o músico que tocava tal instrumento. Porém, normalmente se usa este termo de modo pejorativo desde o Brasil-colônia, embora seja também comum até mesmo entre os religiosos da umbanda e candomblé, mas quem não é praticante deve tomar cuidado para não usar o termo de forma depreciativa. O respeito a religião do outro deve existir acima de tudo. Não podemos reforçar estereótipos e preconceitos que, infelizmente, existem na sociedade e que devem ser combatidos, já que é um direito constitucional dos mais importantes. O artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

É muito comum ir-se em uma cachoeira, bastante frequentada, e encontrar-se no local uma oferenda. São muitos os nomes que se dão popularmente a esta prática de cunho religioso associadas as religiões de matriz africana: trabalho, despacho ou macumba. São práticas enraizadas culturalmente e com abrangência em todo território brasileiro. Em especial são praticantes da Umbanda e do Candomblé os que costumam levar uma oferenda a determinadas entidades em cachoeiras, mas qual a razão disto? Estas oferendas podem conter uma gama bem variável de coisas, desde velas, frutas, comidas diversas e até sacrifício animal, com a distinção de que ao menos, teoricamente, os adeptos da Umbanda não são adeptos desta última prática.

O despacho de macumba

Esse nome passou a ser utilizado para nomear as oferendas feitas aos Orixás, e por muitos é considerada como magia negra. A macumba ou oferenda, nada mais é do que um presente a uma energia Divina para que ela auxilie a pessoa no direcionamento de uma causa. Assim como qualquer outra religião ou cultura pode usar de seus dons para realizar ações contra terceiros, a macumba também pode ser usada para isso, porém nenhum centro de Umbanda ou Candomblé de respeito verá bons olhos, ou aceitará esse serviço.

Para os praticantes das religiões de matriz africana, a macumba nada mais é do que demonstração de respeito e fé de quem segue a religião afro, é uma atitude de amor e devoção ao Orixá, é agradecimento pela vida, é fonte de proteção e sabedoria por quem busca o bem e a paz espiritual.

A força espiritual das cachoeiras na visão das religiões de matriz africana

Nesta seara, parece que as religiões herdadas pelo bravo e sofrido povo de origem africana no país tem muito a contribuir a respeito da força espiritual das cachoeiras.

Os banhos de cachoeira descarregam e purificam nosso lado material e espiritual, sendo capaz de eliminar cargas de feitiçarias, feridas que não podem ser vistas e médico algum consegue curar, e assim por diante.

As cachoeiras são a representação da própria divindade Oxum, expressando a pureza, a renovação, a abundância e fluidez da vida. Pelas águas se nasce, na sacralização do batismo, pelas águas se rega a terra e faz brotar a vida. E essa mesma água, indispensável ao nosso corpo, alimenta e limpa. Esse é o poder das cachoeiras, fonte inesgotável de nascimento e vida espiritual. São elas que fertilizam o solo, se espalham pelo planeta através dos regatos, ribeirões e rios e se unem ao mar, conectando-se com a imensidão da vida.

A cachoeira está geralmente em um ponto afastado do barulho, e em sua maioria não possui um movimento intenso de pessoas, recebendo seus visitantes de forma espaçada.

Em volta da cachoeira existe um ecossistema com plantas, rochas, animais, insetos, etc. É como se fosse um pequeno mundo!

A água da cachoeira, em sua grande maioria, é limpa, pura e cristalina. A corrente garante que essa água esteja sempre circulando, passando por pedras, sendo banhada pelo sol, entrando em contato com inúmeros elementos da Natureza e carregando-os consigo, porque como vimos anteriormente, a água é um ótimo condutor.

Aqueles que são um pouco mais sensíveis ou que se esforçam em concentração perto de uma cachoeira podem sentir que existe uma vida que rege todo o ecossistema da cachoeira. Alguns ouvem uma melodia, outros veem miríades de luz, outros somente sentem uma paz intraduzível quando se aproximam desse ambiente.

Toda cachoeira tem um ser angélico responsável por toda essa paz que a envolve. Eu a chamarei de Senhora da Cachoeira (os irmãos da Umbanda chamam de Mamãe Oxum), somente dando esse rótulo para facilitar o entendimento. Isso me lembra a bela canção “Mamãe Oxum”, composição de Chico César e também muito conhecida na voz de Zeca Baleiro:

“Eu vi mamãe oxum na cachoeira
Sentada na beira do rio
Colhendo lírio lirulê
Colhendo lírio lirulá
Colhendo lírio
Pra enfeitar o seu gongá”

Ao se banhar em uma queda de água ou ao mergulhar no poço formado por uma cachoeira é impossível não se sentir impactado no corpo e na alma, a água geralmente gelada e o banho fazem a pessoa se sentir mais leve. Esse anjo transforma as poderosas energias que veem do alto para manutenção da vida e a condução dessa vida pelo rio que se forma com a cachoeira.

A pedra parece viva, as plantas parecem mais brilhantes, o ar é impregnado por alguma substância X, de aroma agradável, as aves parecem brincar de forma angelical.

Assim é o ambiente de uma cachoeira. Ao se banhar em uma cachoeira, uma torrente de energias positivas envolve o ser, imantando e limpando sua aura de forma espetacular.

Cada cachoeira é um espetáculo diferente. Por isso, pare e se concentre em cada uma para você conseguirá sentir a diferença. Todas são diferentes e magníficas obras primas desses anjos de luz.

As cachoeiras também são domínios de Xangô e são em conjunto consagradas a Oxum.

As vibrações das cachoeiras são de características vibratórias limpas e puras. Essas vibrações servem para o nosso reajustamento vibratório, o que nos auxilia no desenvolvimento da mediunidade e na afirmação de nossos Orixás de cabeça. Os banhos de cachoeira descarregam e nos purificam espiritual e materialmente, lavando desta forma nosso corpo físico e astral, eliminando larvas, miasmas e cascões astrais.

O banho de cachoeira descarregará qualquer carga de feitiçaria, tais como as famosas feridas que não curam com a medicina do homem, desde que, é claro, se tenha em conjunto a assistência do plano espiritual. Os banhos de cachoeira devem ser feitos em cachoeiras previamente preparadas para tal, ou seja, devem estar limpas de despachos e oferendas sem sentido, lá depositadas por incautos ou ignorantes em relação ao local. Tudo deverá ser recolhido com as mãos envoltas em sacos plásticos pretos (por ser a cor isolante), amontoado e queimado, ou ainda, enterrado. Somente após tome o banho, mediante uma evocação séria das forças reinantes no local.

Acender velas em cachoeiras é algo desnecessário, já que somente sujam o local. A maioria das pessoas as acende a esmo, sem compreender o funcionamento das velas, que não iluminam e não dão luz a ninguém no mundo espiritual, como muitos pregam. Devido às condições naturais onde estão localizadas as pedreiras e as cachoeiras, já que venta muito no local, dificilmente as velas permanecerão acesas até o final, interrompendo as ondas por ela emitidas e em seguida deixando mais um pouco de sujeira e de lixo no local.

 “A gente vai até a cachoeira para poder descarregar, pegar novas energias e leva o balaio, que é o presente à Oxum”, explica a Yalorisa D’ ÓSUN, Abadia Rodrigues Nogueira, de 49 anos.  

Ao passar pela cachoeira, estamos limpos e renovados. “A água é energia, é Oxum. Tudo o que chega de ruim, de energia negativa, ela tira de você, porque a água não tem obstáculo, ela contorna e segue adiante”, explica Abadia. 

Normalmente este trabalho ocorre próximo das datas nas quais que o terreiro celebra o dia de Oxum, mas, para alguns, a determinação do trabalho se dá em datas diversas estipuladas pelo Guia chefe de cada terreiro.

Diferente do trabalho da praia que tem função de descarregar o médium e principalmente as cargas do terreiro, a finalidade maior do trabalho de cachoeira é de energizar o médium, regulando-o como um instrumento de cordas, cada campo energético de seu corpo.

A Cachoeira como Fonte de Lazer, Esportes e Exploração Econômica

De acordo com as características da queda d’água, existe um conjunto de atividades que podem ser práticas como por exemplo:

  • Trekking: é a famosa caminhada por trilhas até chegar na cachoeira. Existem diferentes níveis de trilhas; iniciante, médio e avançado. Para prática deste último nível, é indicado a companhia de um guia local.
  • Observação: a beleza cênica, a fauna e a flora podem ser a grande motivação para visita.
  • Canyoningou canionismo: utiliza a mesma técnica do rapel, porém a descida é feita pelo meio de uma queda d´água ou ao lado dela e segue na exploração do rio abaixo, podendo utilizar também outras manobras, como saltos e tirolesas.
  • Banho de cachoeira: diminui o estresse, a água fria acalma e alivia os sintomas de depressão, incentiva a circulação, fazendo o corpo relaxar; é uma ótima opção para toda a família.
  • Acampamento: as pessoas podem passar dias junto à natureza dormindo em barracas.

As possibilidades de atividades nelas e nos seus arredores são muitas, mas em todos os casos, os empreendedores devem compreender que não basta colocar uma plaquinha com o nome do empreendimento e cobrar alguns reais na entrada.

A Natureza Jurídica das Cachoeiras no Brasil e Projetos de lei sobre o Assunto

Este é um tema aparentemente controverso e que a maioria reproduz conceitos e opiniões que não estão em harmonia com o nosso ordenamento jurídico vigente. Como a maioria absoluta das cachoeiras de Garça, assim como Brasil a fora, encontram-se localizadas em território pertencente a uma propriedade privada, logo, a cachoeira também pertence ao dono desta propriedade, correto?

Não, o entendimento acima não encontra guarida em nossa legislação, apesar de popularmente ser propagado o contrário. É que na realidade, as nascentes, córregos e rios que cortam uma propriedade privada são de natureza jurídica pública, são considerados bens naturais do estado e por isso, embora estejam permeados de território privado, sua natureza continua pública. E se um bem é público, não deveria haver restrição absoluta de acesso, a não ser que que exista algum dispositivo legal que vete o acesso ao público, como por exemplo o acesso público as cachoeiras encravadas em Parques Ecológicos, cuja visitação pública é proibida, com exceção de atividades educacionais, conforme Lei 9.985, de 18/07/2000.

O princípio da legalidade, é a pedra basilar do nosso estado democrático de direito e encontra-se expressamente disposto em nossa Constituição Federal nos seguintes artigos:

“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”

Assim, ninguém pode ser proibido do seu direito de ir e vir, inclusive de visitar de bens públicos naturais se não for por imposição de Lei. Portanto, uma vez que a cachoeira é um espaço público e que não existe legislação que proíbe o acesso a população, mesmo que seja propriedade privada seus arredores, nenhum proprietário de terra pode proibir o acesso da população a uma determinada cachoeira, o que pode acontecer é negar que utilizem sua propriedade para acessar a cachoeira. Mas se a pessoa acessou o curso do rio em algum lugar e seguiu pelo seu leito até chegar a cachoeira, o proprietário rural não poderá fazer nada nesse caso.

Popularmente falando, temos um conceito de que a propriedade é privada e que com ela seus donos podem fazer o que bem entendem, não é assim, não mesmo. Primeiro, que toda propriedade, mesmo que urbana, deve cumprir sua função social, caso contrário, é passível de desapropriação pelo Estado. Nas propriedades rurais, existem ainda mais restrições, é o caso da obrigatoriedade de manter-se um percentual do território para reservas legais, ou seja, conservar parte da mata nativa, o percentual varia de acordo com o bioma em que a propriedade está inserido. E também existe a obrigação de manter intactas as áreas de preservação permanentes (APPs), como as matas as margens de qualquer curso d´água, topo de morros e em encostas íngremes.

Assim, o proprietário rural está sujeito a legislação vigente e não tem o direito de dispor como bem entende, e isto inclui o acesso da população as cachoeiras. Como não há dúvida de que a Lei determina que os rios e nascentes tem natureza pública, e como não existe proibição legal para seu acesso, logo, deve ser permito o acesso normalmente, pois o bem é de toda a população, nada mais justo que toda ela tenha acesso se assim quiser. E como chegar até a cachoeira se é preciso passar por propriedade privada antes? Este é um problema permeado de muita controvérsia, mas se essa passagem fosse proibida em absoluto, equivaleria a negação na natureza do bem público, que na prática faria da cachoeira um bem exclusivamente privado, o que não poderia ser. Mas por outro lado, não existe legislação que obrigue o proprietário rural a fornecer a servidão de passagem necessária.

Mas em muitos casos reconhece-se a aplicação do Instituto da Servidão de passagem, que nada mais é do que a necessidade de que o proprietário do imóvel ceda uma passagem para acesso a um lugar público ou privado, que não possui nenhuma outra forma de acesso.

Embora seja sempre conveniente a autorização do proprietário rural para visitar a cachoeira que está localizada dentro de seu imóvel, não é necessariamente imprescindível, pois não se pode proibir o acesso a um bem público, e assim, o cidadão que assim quiser, pode procurar uma passagem para chegar no bem comum almejado, a cachoeira, sem é claro causar danos materiais, ambientais ou atentar a privacidade dos proprietários rurais e seus funcionário . É importante agir com bom senso e serenidade, a passagem deve ser realizada de modo a não resultar em nenhum tipo de dano material ou ambiental ao imóvel rural, bem como deve-se passar o mais longe possível de possíveis residências ou prédios rurais, para fins de evitar a invasão de privacidade, perturbação ao sossego ou mesmo que o dono da propriedade sinta-se ameaçado com receio de furtos ou roubos.

Abaixo, segue um excelente e interessantíssimo artigo escrito por um Desembargador de Direito Aposentado e Ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, Dr. Vladimir Passos de Freitas, sobre a natureza jurídica das cachoeiras e sua exploração econômica. O texto  é de uma clareza solar e construiu uma tese muito bem alicerçada sob o amparo do ordenamento jurídico vigente, por isso, recomendo muito a sua leitura, ainda que destoa em alguns pontos do entendimento aqui esposado.

É esclarecedor o artigo acadêmico “CACHOEIRAS, EXPLORAÇÃO ECONÔMICA E PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE” de Vladimir Passos de Freitas, afirma sobre a natureza jurídica das cachoeiras :

O uso e gozo do lazer nas cachoeiras e a exploração comercial na área de entorno são matérias pouco discutidas na doutrina. Da parte da população, pode ser invocado o direito ao lazer e a condição de bem público das águas, conforme arts. 6.º, caput, 20, III e 26, II, da Carta Magna. Do ponto de vista do proprietário, é possível invocar ser dono da área terrestre e seu dever de manter protegido o meio ambiente local.

Adiante o autor vai além e aborda o acesso às cachoeiras e a servidão de passagem: “A busca de acesso a uma cachoeira pode dar-se para lazer ou para a simples busca da água do rio, para uso próprio. A servidão de passagem para consumo de água encontra previsão no Código de Cachoeiras, Águas, Dec. 24.643, de 10.07.1934, que no art. 34, I, afirma que “é assegurado o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente de águas, para as primeiras necessidades da vida, se houver caminho público que a torne acessível”. Aqui, evidentemente, se trata de uso da água para consumo próprio. Para a busca das águas da cachoeira com fins lúdicos, como já afirmado, não há qualquer previsão no Código de 1934, época em que a população brasileira era pequena e os recursos ambientais mais disponíveis a todos.

Coisa diversa é prevista no art.1.385 do mesmo Código que, na lição de Arnold Wald, “é o direito de passagem forçada, estudado nos direitos de vizinhança. Emana da lei, e sem ele, seria impossível ao proprietário do prédio encravado entrar e sair livremente do seu terreno”. Portanto, a passagem forçada destina-se ao dono do prédio que não tem acesso à via pública, nascente ou porto, e que pode exigir do vizinho seu direito de acesso. Este permissivo da lei civil, evidentemente, não se ajusta à utilização de cachoeira como forma de lazer. Resumindo, não têm os vizinhos ou terceiros direito de exigir passagem para que possam utilizar cachoeira como parte de seu entretenimento.


Outrossim, registre-se que a Lei 6.938, de 30.08.1981, viu introduzido o art. 9.º-A no seu texto, por força da redação que lhe deu a Lei 12.651/2012. Nele se fala em servidão ambiental, servidão esta que nada tem a ver com a que serve de acesso a bens ambientais como os rios e cachoeiras. Com clareza ÉdisMilaré registra que “a servidão ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e envolve, basicamente, a renúncia voluntária do proprietário rural ao direito de uso, exploração ou supressão dos recursos naturais existentes em determinado prédio particular”.


Finalizando, resta repetir antiga mas atual lição de Washington de Barros Monteiro, quando afirma: “De tudo quanto ficou exposto, extrai-se a conclusão de que as servidões se acham efetivamente impregnadas daquela ideia de submissão de um prédio a outro, de sujeição permanente de uma propriedade a outra, como de início se acentuou. Nelas se descobre, portanto, certa analogia com a servidão humana, o que justifica o vocábulo sugestivamente empregado pelo legislador”

E o jurista Vladimir Passos de Freitas conclui: “Apesar de que muito já se falou na literatura sobre a propriedade e suas limitações, entre elas aquelas de caráter ambiental, o tema da exploração turística das cachoeiras ainda é pouco discutido nos Tribunais. De qualquer forma, é possível chegar-se a algumas conclusões:


a) As águas das cachoeiras são bens públicos, pertencem à União ou ao Estado em que se situem, tudo a depender das características do rio em que elas se encontrem.


b) O acesso às cachoeiras, situem-se em locais públicos (por exemplo, parque nacional) ou em propriedades particulares, não pode ser exigido, incondicionalmente, por terceiros.


c) É, em princípio, admissível, a exploração econômica na área de entorno das cachoeiras, com comércio, vestiários e vigilância, desde que autorizada pelo Poder Público e avaliado, em procedimento próprio, o impacto ambiental.


d) O Poder Público, caso queira possibilitar o acesso da população a cachoeiras que se situem no interior de propriedades particulares, poderá desapropriar área de acesso necessária a tal finalidade.

Projetos de Lei em Tramitação para Regulamentar Visitas as Cachoeiras e Atrativos Naturais

Projeto de Lei (PL) 1562/2015 Inteiro teor


Situação: Aguardando Apreciação pelo Senado Federal

O acesso de pessoas para locais de grande beleza cênica, como praias e cachoeiras, que exija a travessia por propriedades privadas poderá ser cobrado. É o que determina o Projeto de Lei 1562/15, do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Valtenir Pereira: é fundamental assegurar as condições necessárias para o desenvolvimento do ecoturismo

Como tramita em caráter conclusivo, a proposta será enviada agora para o Senado, a menos que haja recurso aprovado para que seja analisada antes pelo Plenário da Câmara.

O texto original regulamentava o trânsito por propriedades privadas que leve a locais de beleza cênica ou interesse para a visitação pública, mas não previa a cobrança de entrada por parte do proprietário. Isso foi incluído na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, onde a proposta tramitou, e mantido pelo relator na CCJ, deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT).

Quantia módica
Conforme o substitutivo aprovado na CCJ, o dono do terreno poderá cobrar uma quantia módica em dinheiro, que seja justificada por obras e serviços de conservação e manutenção de caminhos, trilhas, travessias e escaladas necessários para o acesso a sítios naturais públicos.

A versão aprovada determina ainda que o trânsito pela propriedade até o destino poderá ser feito sem guia turístico, desde que a pessoa interessada contrate seguro por dano pessoal ou para o resgate em caso de acidente; declare capacidade técnica e equipamentos para realizar a travessia; e respeite o plano de manejo e conservação do local (se existente).

O relator elogiou a proposta de Celso Jacob. Pereira destacou que a Constituição estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, considerado “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.

“É de grande importância assegurar as condições necessárias para que a visitação de tais sítios e os esportes de natureza possam acontecer e crescer no País”, disse Valtenir Pereira.

Acesso livre
O texto aprovado assegura o livre trânsito por caminhos, trilhas, travessias e escaladas que levem a locais de beleza cênica. O acesso livre aplica-se tanto aos caminhos já existentes, utilizados tradicionalmente por praticantes de esportes ao ar livre, como os que forem constituídos em locais ainda não explorados.

Neste último caso, a delimitação das vias de acesso poderá ser estabelecida pelos proprietários privados, de acordo com boas práticas que assegurem mínimo impacto, assegurada a participação da sociedade civil.

Como contrapartida pelo uso, o projeto prevê que as pessoas que transitarem pelas vias privadas devem zelar pela conservação dos ecossistemas locais e respeitar os limites e regras definidos pelos proprietários e órgãos ambientais.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Projeto de Lei (PL ) 7486/2017 Inteiro teor

Situação: Aguardando Designação de Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)

O Projeto de Lei 7486/17 torna direito do cidadão o livre trânsito nas propriedades privadas, por trilhas e escaladas que conduzam a montanhas, paredes rochosas, praias, rios, cachoeiras, cavernas e outros locais de beleza cênica e interesse para a visitação pública. A proposta tramita na Câmara dos Deputados.

O texto apresentado estabelece que o livre trânsito se aplica aos caminhos já existentes, tradicionalmente utilizados por praticantes de esportes ao ar livre, e aos que necessitarem ser constituídos.

A delimitação de novos acessos será feita por órgão ambiental municipal ou, quando inexistente, pelo órgão estadual. A proposta assegura a participação dos proprietários das terras na definição.

Para evitar danos às propriedades, o projeto determina que as pessoas que transitarem pelas trilhas deverão zelar pela conservação dos ecossistemas locais, com adoção de práticas de mínimo impacto e sem sair dos limites estabelecidos.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Conclusão

Em geral, as cachoeiras despertam atenção e os sentidos das pessoas, independente de credo religioso, a plasticidade de sua beleza agrada a todos, até céticos, ateus e agnósticos, atrai os animais também por outras razões, e sobretudo são locais de muita história, verdadeiros sítios arqueológicos, são considerados ecossistemas lóticos, ambiente de água corrente, em movimento, como rios, riachos, córregos que guardam uma riqueza inestimável. E ainda, são locais sagrados para liturgias e rituais de natureza religiosa.

O Brasil como um país continental que tem possui as mais belas e diversas cachoeiras que podem ser encontradas em todos os seus estados, de norte a sul, em todos os biomas e com um potencial incrível e inexplorado para o ecoturismo na maioria das vezes.

E, cada vez mais as cachoeiras são exploradas mundo afora para fins de turismo e tendo também um papel importante na atividade econômica. Por tudo isso, mais do que nunca é necessário tomar consciência, tanto proprietários rurais, poder público, iniciativa privada e entidades civis em geral de que ter a verdadeira dimensão de sua importância e necessidade de preservação. Assim, é possível haver atitudes proativas que possam ser realizadas para que a gente não perca a riqueza das cachoeiras para a ação impensada do homem, para a poluição dos rios ou para a expansão urbana desordenada. Podemos estar aterrando ou poluindo parte importante também de nossa história.

A preservação implica em uma importante ferramenta de manutenção e recuperação do meio ambiente, da cultura, de suas religiões, da história mundial, do turismo, até mesmo de renda para muitos brasileiros que vivem do turismo em cidades do interior do país e também é fonte de água potável para muitas pessoas em nosso esquecido Brasil profundo. Suas águas são de suma importância para diversos indígenas, ribeirinhos e sertanejos guerreiros que resistem para sobreviver com a ajuda providencial da natureza que estende seus longos e generosos braços até que onde nosso civilizado homem contemporâneo ainda permite.

Por  Rudi Ribeiro Arena *

*Bacharel em Direito pela PUC-Campinas, Servidor Público Federal, Ciclista, um dos fundadores do Grupo Piramba e apaixonado por cachoeiras.

Fontes:

https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/umbanda-candomble/macumba/

http://www.nuss.com.br/locais-sagrados/as-cachoeiras.html

http://www.grupopas.com.br

https://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-de-cooperacao-tecnica-para-desenvolver-banho-de-floresta-no-brasil-podera-ganhar

https://pt.wikipedia.org/wiki/Corredeira

https://umbandanuss.com.br/as-cachoeiras-umbanda/

https://virecarranca.com.br/2020/07/13/lavadeira-do-rio-uma-profissao-que-resiste-ao-tempo/

https://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/descarrego-e-oferenda-em-rito-do-candomble-o-desejo-e-para-um-2017-abundante

https://santuariodeumbanda.com.br/site/locais-para-oferendas/vale-dos-orixas/oxum/

https://www.olharconceito.com.br/noticias/exibir.asp?id=9969&noticia=terapias-holisticas-realizadas-em-cachoeira-promovem-curas-fisicas-e-emocionais

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https://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-de-cooperacao-tecnica-para-desenvolver-banho-de-floresta-no-brasil-podera-ganhar

https://www.japanhousesp.com.br/artigo/os-banhos-de-floresta-no-japao/

http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/453/446

https://www.camara.leg.br/noticias/513811-CAMARA-REGULAMENTA-TRAVESSIA-POR-PROPRIEDADE-PRIVADA-PARA-CHEGAR-A-PRAIAShttps://www.camara.leg.br/noticias/513811-CAMARA-REGULAMENTA-TRAVESSIA-POR-PROPRIEDADE-PRIVADA-PARA-CHEGAR-A-PRAIAS

https://www.camara.leg.br/noticias/611456-projeto-torna-direito-do-cidadao-transitar-por-trilha-turistica-localizada-em-area-privada

https://www.camara.leg.br/noticias/513811-CAMARA-REGULAMENTA-TRAVESSIA-POR-PROPRIEDADE-PRIVADA-PARA-CHEGAR-A-PRAIAS

https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/cachoeiras-um-encontro-com-a-forca-e-a-beleza-da-natureza,1a2e4174326c5810VgnVCM1000001b00320aRCRD

https://clubedaviagem.com/2020/05/10/energize-se-a-fonte-mora-ao-lado/

https://www.docelimao.com.br/site/menu-do-assinante/videodicas-assinantes/86-terapias/1264-a-cachoeira-uma-bencao-para-a-saude.html

As Cachoeiras da Vigilância e Seus Encantos

O Piramba teve a honra de ser convidado pela proprietária do imóvel rural para conhecer as Cachoeiras da Vigilância e ajudar em fixar cordas para facilitar o acesso a elas, já que existem trechos com forte declive e risco de quedas. E agradecemos demais por essa oportunidade única.

É sempre fascinante constatar como são vastas as cachoeiras de Garça e que o município ainda possui uma infinidade de lugares incríveis de natureza exuberante a ser conhecido e explorado. Prova disso, é o complexo de cachoeiras próximo a Fazenda Vigilância que o Piramba desconhecida e que possui diversas cachoeiras de diferente alturas e todas encantadoras. E o mais legal é ver o cuidado com as matas ciliares, a restauração e o plantio de árvores nativas que acabou por criar uma grande área verde no entorno das cachoeiras e cursos d’água.

O acesso não é fácil, além de que exige uma boa caminhada e está longe até mesmo de qualquer estrada de terra ou mesmo de sede de fazenda. Por isso mesmo, parece até um local intocado, sem qualquer sujeira ou vestígio humano.

O dia escolhido foi um sábado a tarde de sol escaldante em meio a terceira onda de calor que abateu boa parte do Brasil em dezembro de 2023. Com temperatura de pouco mais de 35º graus centígrados e munidos de muita água e bastante ânimo, iniciamos a nossa caminhada.

Logo no começo da caminhada no meio do leito do rio chamou a atenção os escombros de um moinho de pedra muito grande assim como antigo que respira história, resquícios de uma realidade hoje distante.

Mal começamos a andar, ouvimos um barulho no meio do mato e pensei, parece algum animal grande e logo apareceu uma cachorra do nada, e o estranho é que não tem casa ali perto. E não deu outra, ele seguiu a gente até chegar na beira do rio, depois continuou conosco rio abaixo e transpassou os mais difíceis obstáculos pelo caminho, embora a gente tinha receio de ele se machucar, mas que nada ele foi até o final e foi em todas as cachoeiras com a maior destreza, mostrou um ótimo parceiro de pirambeira.

Em outro momento, quem aparece do nada no meio da mata é uma espécie de lontra, um animal lindo e raro de se ver, ali já havia ganhado o dia. Nunca nenhum de nós havíamos avistado esse animal na região, motivo de grande alegria ao saber que a fauna aqui é ao mesmo tempo resiliente e vibrante.

Com facões em mãos abrimos uma trilha que já encontrava-se bastante fechada e após caminhar bastante rio abaixo, enfim chegamos na primeira cachoeira que tem um poço que é um verdadeiro convite para banho e foi isso que fizemos. Foi como se gente tivesse encontrado um oásis em meio a um calor sufocante. Em que alguns pontos o poço não dá pé, é muito fundo mesmo.

Logo mais, ao seguir o rio a baixo somos contemplados com o encontro de dois cursos d’água que se encontram, a cena é belíssima, é agua caindo de todos os lados, são várias quedas e muito boa para tomar aquele banho de cachoeira. E por mais que tentamos registrar isso com fotos e vídeos, só mesmo presencialmente no lugar é possível ter a noção real de sua exata beleza. 

Se subir alguns poucos metros acima do outro córrego, a gente logo da de cara com uma cachoeira de água de nascente cristalina que se esparrama pela rocha de forma esplêndida e faz um pequeno poço que até parece um pequeno ofurô natural.

Voltando ao rio principal, ao descer um pouco o seu leito logo a gente ficou no alto de uma cachoeira muito alta e por ter as encostas bem íngremes, não conseguimos achar um de acesso para chegar até em baixo. Teria que contornar por um outro ponto da mata e não pelo curso do rio, ou então fazer uma longa caminhada chegar em baixo da cachoeira rio acima.

Assim, resta ainda mais uma cachoeira que temos que chegar por baixo para poder conhecê-la melhor, tomar um banho e descobrir se existe poço ou não. Mas uma leve garoa havia começado e trovões reverberavam na mata, resolvemos voltar e combinamos explorar ainda mais o local um outro dia.

Na volta, nos deparamos com uma armadilha de iscas de mangas, não entendemos ao certo como funcionava a arapuca, mas era claro que alguém fez uma engenhosidade para capturar animais silvestres. Então desmontamos toda a armadilha, levamos os arames e jogamos as mangas na mata para alegria na fauna local. E a cachorra? Ah ela é tão companheira que o nosso amigo Vicente precisou ir embora um pouco antes e então ela se propôs a fazer companhia para ele na volta.

Rudi Arena

A Natureza Sempre Supreende! A Desconhecida Cachoeira Quase Sem Querer em Jafa (Inédita)

Como um bom pirambeiro e amante das cachoeiras um dos sentimentos mais gostoso que existe é o de sair para fazer trilha de bike e se deparar com uma cachoeira em Garça-SP desconhecida. Mas essa sensação é cada vez mais rara já que percorremos dezenas de cachoeiras e conhecer uma nova vai ficando cada vez mais difícil.

Agora imagina conhecer uma bela e nova cachoeira meio que sem querer, por acaso, pois na realidade o objetivo era chegar na Cachoeira São Matheus em Jafa. Só que o acesso estava difícil, resolvemos tentar chegar até o rio acima da cachoeira e descer o corpo d´água até chegar nela.

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Só que o destino não queria que atingíssemos o objetivo planejado naquele dia, e realmente não chegamos até a Cachoeira São Mathues. Mas por outro lado demos de cara uma uma cachoeira que desconhecíamos totalmente e que nunca ouvimos falar dela. O acaso nos premiou com mais uma cachoeira e ainda com um poço muito bom para banho. É incrível a capacidade dessa região do centro oeste paulista de nos surpreender com suas belezas naturais inexploradas.

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O jeito então foi se banhar no poço e curtir esse lugar que é centenário por natureza, mas que para nós era novo. Foi realmente muito bom conhecer uma nova cachoeira quase sem querer. Ah, o quase só faz sentido porque a gente assumiu o risco de achar uma cachoeira pelo caminho sempre quando exploramos os rios de Garça e região. E quando a gente encontra uma cachoeira que é desconhecida e não tem um nome ainda, é preciso batizá-la e ali mesmo nas águas da Cachoeira Quase Sem Querer que foi sacramentado o seu batismo.

By Rudi Arena

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Pico da Queda e o pedal das 3 cachoeiras.

O Pico da Queda é uma cachoeira localizada em Garça e sua nascente fica também dentro dessa propriedade produtora de café e, suas águas formam uma belíssima represa – local que faz parte do trajeto do Desafio Piramba Jetflex.

Depois essas águas desaguam nessa linda cachoeira que já foi objeto de exploração do Piramba ainda em 2011 – oportunidade que fomos por baixo – clique no link para conferir: https://pirambamtb.com/2011/06/06/pico-da-queda/

Na verdade, são duas quedas enormes (talvez mais de 30 metros de altura). Dessa vez foi possível observá-la com mais atenção através das lentes do Pirambacopter.

É simplesmente inacreditável que esse local tão belo esteja tão perto do perímetro urbano da cidade. Essa região agrupa diversas cachoeiras em um espaço bastante reduzido sendo possível observar pelas imagens do drone, inclusive, a Cachoeira do Pneu (stand) que é formada pela água do Lago Artificial JK Willians além da Cachoeira da União. Todas elas desaguam no Ribeirão do Barreiro e, posteriormente suas águas captadas na Estação B1 do SAAE de Garça para tratamento e consumo da população. Uma verdadeira preciosidade.

Lembrando que trata-se de propriedade particular sendo necessário sempre a autorização do proprietário para ingresso no local.

Confira abaixo o vídeo de um pedal de apenas 10 quilômetros com essas 3 belíssimas cachoeiras.

O Fabuloso Pico da Cachoeira da Preguiça e o Visual Acachapante por Cima da Queda !

O visual fantástico da beira do precipício da Cachoeira da Preguiça por cima feita com celular.

Toda a cachoeira que é alta tem ao menos dois atrativos, o banho na cachoeira em baixo de sua queda e a vista do alto dela que geralmente é garantia de colírio para os olhos, lugar para contemplação do horizonte que parece infinito e nos transporta para um lugar diferente do que estamos acostumados. O Piramba já percorreu e registrou mais de 60 cachoeiras na região de Garça-SP, mas em algumas não fomos no pico da cachoeira, e o alto da queda sempre reserva joias preciosas e com visual acachapante.

O município de Garça é uma terra para lá de fecunda em picos incríveis e com um visual da paisagem ao redor de cair o queixo. E, vê-las diante dos olhos é um momento mágico, por melhor que seja a foto ou vídeo, sempre há uma limitação, diferente de viver a experiência real de ver esses lugares divinos por natureza ao vivo a cores. O bom é que no caso das imagens captadas pelo PirambaCopter, os nossos olhos puderam chegar em lugares em que a lente humana não consegue alcançar.

No caso da Cachoeira da Preguiça, foi a primeira vez que chegamos nela por cima e que foram feitas imagens do alto do alto da cachoeira. E ainda, o drone alçou voo e capturou imagens belíssimas não só da cachoeira como também do profundo, inóspito e verde vale que existe em seu entorno.

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O Piramba chegou apenas uma vez em baixo da Cachoeira da Preguiça e a tarefa não foi nada fácil, exige muito esforço e também muito tempo. Mas tanto em baixo da queda como o pico da cachoeira são presentes de Deus para Garça, assim como muitos outros lugares, e totalmente desconhecidos. É muito empolgante verificar a extensão absurda de lugares do Município de Garça/SP ainda a ser explorada ante as ignoradas e fabulosas belezas naturais que existem aqui e nos municípios limítrofes. No caso da Cachoeira da Preguiça, ela encontra-se entre Garça/SP e Álvaro de Carvalho/SP.

E ainda mais motivador é saber que tudo o que já foi registrado a respeito de cachoeiras na região apenas é a ponta do iceberg, vai uma vida toda e não tem como conhecer toda fartura do meio ambiente que existe nessa região do centro oeste paulista, e que pouquíssima gente aposta em seu potencial turístico. Isso não é a toa, pois suas pérolas da natureza permanecem relegadas ao desconhecimento e reconhecer suas riquezas parece distante da população, das autoridades públicas ou mesmo da academia. Nem mesmo os proprietários das terras em que existem as Cachoeiras dão o real valor ou se dão, não enxergam ou não tem interesse no potencial turístico do lugar.

Isso me lembra a passagem bíblica que pode ser aplicada tanto as pessoas como aos lugares e patrimônios naturais, históricos e culturais que existem em uma determinada comunidade. Pois muitas vezes, por certo bairrismo ou por miopia mesmo faz com que a própria comunidade local não consiga enxergar o real valor que existe ao seu redor e que muitas vezes parecem irrelevantes, comum, trivial.

Jesus, porém, disse: ‘Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!’” (Mateus 13, 57). E assim parece ser também com o que natureza nos deu de mais nobre e que não é estimado por quem está acostumado a ela ou não consegue enxergar a valorosa beleza natural que infelizmente não ressalta tanto aos olhos.

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A Cachoeira da Preguiça por baixo, ela é de difícil acesso.

Cada vez que exploramos essa mina de natureza bela e bruta que é essa região do Estado de São Paulo, encontramos lindas e reluzentes pepitas, verdadeiras dádivas naturais divinas e que não parecem ter fim. Tais lugares dão a sensação de nos aproximar do criador, quando avistamos onde o homem ainda não conseguiu alterar a criação original da terra (pela dificuldade da topografia local), e vemos a exuberância da natureza quase intocada e que desnuda um mundo que parece distante do nosso dia-dia. Isso nos ajuda juntamente com sinfonia da mata e o som estrondoso da cachoeira, que a nossa alma possa se ligar ao criador quase que inconscientemente por força da inescapável da natureza.

Rudi Arena

Imagens incríveis e inéditas da Cachoeira da Preguiça captadas por drone.

A Paradisíaca Cachoeira Rosa em Garça SP

Imagens da Cachoeira Rosa, um lugar incrível, localizada na nascente do Rio do Peixe esta é a uma linda cachoeira de águas limpas, com direito a uma espécie de prainha ao lado e com um ótimo poço para para se banhar, sem contar a pequena gruta que ali existe. Não precisa falar mais nada, até porque as imagens falam mais do que mil palavras nesse caso.

Ao sair da cachoeira ainda tivemos o privilégio de avistar alguns curicacas, aves tem como característica seus bicos longos e o forte som que emite, muito conhecido pelos habitantes da zona rural, mas muito pouco conhecido por quem mora na cidade.

Confira o Piramba MTB no Papobon Podcast!!!

A sétima edição está no ar e o bate papo é com o Advogado, Turismólogo e Pirambeiro Vicente Conessa.

Ele fala sobre sua experiência com o Piramba, grupo de ciclistas em que é um dos fundadores e também o Presidente, e dos 11 anos catalogando as cachoeiras de Garça e região.

#Papobon #PapobonPodcast #mlfeventos #podcast #amoresesabores #praticodecks #ppabrasil #fulltime #fabianooliveirafotografia #corridaderua #garça #garçasp #casadotom

Garça e região também é terra de Caranguejo! Saiba mais sobre esse crustáceo de água doce.

Quando a gente ouve falar em caranguejo geralmente a gente associa a praia e ao mar, mas temos no Brasil algumas espécies de Caranguejo de Água Doce no restou da mata atlântica também. E muitos não imaginam que Garça tem o privilégio de ter esse crustáceo em sua fauna.

Porém, esse dias atrás meu grande amigo César Sartori, companheiro de cachoeiras e pirambeiras fez um raro registro de um caranguejo de água doce. O bicho estava próximo a uma rocha, ele gosta de tipo de ambiente e ajuda no seu mimetismo. O flagrante aconteceu na Cachoeira dos Macacos que fica entre Garça e Álvaro de Carvalho, e a presença desse tímido crustáceo é para ser comemorada.

É uma boa notícia a presença deles nessa região, pois geralmente gostam de viver em córregos límpidos, sinal de que temos cursos d´águas que proporcionam um ambiente adequado para sua existência. Como é possível ver no vídeo, a água onde ele foi estava transparente, por isso, cuidar de nossas nascentes é indispensável para a manutenção de população dos caranguejos. Assim, essa região pode continuar sendo habitat para eles, o que contribui também para o equilíbrio da cadeia alimentar e do ecossistema local como um todo.

Junto a esse registro também existe um outro feito há um tempo atrás em uma das Cachoeira do Vale da Graça em Vera Cruz por um outro amigo meu, o Juares, mas infelizmente a foto se perdeu com o tempo e não foi possível postar aqui. Mas não deixa de ser mais uma evidência que embora raro, temos sim caranguejo em nossa região e que nossas nascentes sejam cada dia mais vigorosas e que registros como esse possam ser feitos com mais frequência.

By Rudi Arena

Conheça mais sobre o Carangueijo de Água Doce*

Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio, Goiaúna, Guaiaúna.
Nome científico: Trichodactylus petropolitanus (Göldi, 1886)

Origem: Sudeste da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de 5 cm
Temperatura: 20-28° C
pH: indiferente

Dureza: indiferente
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

Apresentação

Os Trichodactylus são os caranguejos dulcícolas mais comuns fora da bacia amazônica, são pequenos caranguejos totalmente aquáticos, de hábitos noturnos. Embora comuns, raramente são vistos no comércio aquarístico.

Devido à sua abundância, estes animais são importante componente da cadeia trófica de ambientes dulcícolas. Comestíveis, são também relevante fonte de alimentação para populações ribeirinhas.
            Etimologia: Trichodactylus vem do grego thríks(cabelo) e daktulos (dedo); petropolitanus significa habitante do município de Petrópolis (RJ).

Origem

            Até a pouco considerada uma espécie exclusivamente brasileira, com ocorrência nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, sendo que sua distribuição coincide amplamente com os domínios da quase extinta Mata Atlântica. Em 2003 foi coletada também no norte da Argentina.

Vivem em riachos límpidos, geralmente montanhosos, mas podem ser coletados também em lagoas e represas. Vive entre rochas ou vegetação aquática. Preferem substratos rochosos, que facilitam seu mimetismo.        Um trabalho genético recente confirmou que os T. petropolitanus são monofiléticos. Curiosamente, este trabalho situou geneticamente a espécie entre os diversos clados que compõem o Complexo T. fluviatilis.

Distribuição geográfica de Trichodactylus petropolitanus. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003 e César II et al. 2004.

Aparência

Cefalotórax de altura média, arredondado. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Geralmente de cor marrom-escura avermelhada.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. Dentro da família, os Trichodactylus podem ser identificados baseados na forma do abdômen (segmentação de todos os somitos, sem fusão), e a escassez de dentes na margem da carapaça (até 5). O T. petropolitanus pode ser identificado por ter três dentes na borda ântero-lateral da carapaça, eqüidistantes, e carapaça irregular.

Assim como o T. fluviatilis, esta espécie têm sub-espécies com alguma variação no padrão de dentição da carapaça.

Aspecto da borda ântero-lateral da carapaça: Trichodactylus dentatus com três dentes, os dois primeiros próximos entre si e um pouco afastados do terceiro, este sempre menor e às vezes vestigial; Trichodactylus petropolitanus com três dentes equidistantes; Trichodactylus fluviatilis com borda lisa, às vezes com um a três entalhes, ou no máximo um dente. Fotos de Carlos Magno e Walther Ishikawa.

Parâmetros de Água

É uma espécie robusta, bastante tolerante quanto às condições da água, mas se desenvolve melhor entre 20 e 28° C, pH e dureza indiferentes.

Reprodução

Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. A reprodução ocorre nos meses mais quentes e chuvosos do ano.

Produzem poucos ovos de grandes dimensões, apresentam desenvolvimento pós-embrionário direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto. Por vários dias, os jovens são protegidos e carregados pelas fêmeas sob o abdome, caracterizando cuidado parental.

Comportamento

São animais totalmente aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. Porém, suportam algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Fugas são bastante frequentes, o aquário deverá ser sempre mantido bem tampado.

Não são agressivos, porém possuem garras potentes, e acidentes podem ocorrer. Existem diversos relatos de sucesso na manutenção destes animais em aquários comunitários, sem agressividade com peixes e camarões. Invertebrados bentônicos fazem parte da sua dieta, assim, deve-se atentar somente à presença de caramujos ornamentais, que serão rapidamente predados. Pelo mesmo motivo, caranguejos muito pequenos (da mesma, ou outra espécie) correm riscos de predação. Plantas tenras podem ser devoradas também.

Não são animais muito ativos, têm movimentação lenta, sempre que possível preferindo ficar imóveis. Por serem escavadores, não são indicados para tanques com substrato fértil, ou com layout ornamental. Adultos têm hábitos noturnos, e costumam ficar entocados até anoitecer, jovens são mais ativos durante o dia.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.

Alimentação

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes. Como mencionado, caçam ativamente caramujos e outros pequenos invertebrados, e podem se alimentar também de plantas com folhas tenras.

*Fonte: http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=25&id_subcategoria=23&com=1&id=86&local=2

Piramba brothers exploram cachoeira inédita que há muito tempo não recebia visita humana.

Acordar cedo para encontrar os Pirambas brothers deslizando em duas rodas é o tipo do programa que entra para a história e dessa vez não foi diferente.


Quando o Sr Piramba brother Vicente Conessa na véspera do role me contou sobre o volume e intensidade dessa aventura e que teríamos os ninjas da Mtb, o Srs Piramba brothers Fausto e Rudão já percebi que nossa trilha seria do jeito que a gente gosta.


Nos encontramos nas primeiras horas da manhã para sairmos pedalando com direção marcada para uma cachoeira que até então nunca tinha sido explorada.


Logo que chegamos na fazendo um dos funcionários de forma prestativa e munido de autorização nos conduziu e juntos descemos até o fundo da propriedade.


Era uma paisagem de tirar o folego pois aos nossos pés um paredão de rocha perfeito para quem gosta de fazer escaladas e lá na frente outro paredão, isso mesmo, um paredão de frente para o outro, que entre eles deve ter uns 3 quilômetros.

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O Senhor que nos conduziu não acreditava que íamos descer até o objetivo pré-definido pelos pirambas, tanto que repetiu várias vezes a frase mais ecoada nos pequenos abismos:
“…Rapaz. Vocês estão mesmo a fim de aventuras…”

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Achamos uma antiga estrada feita para o gado poder subir, descemos com as bikes aproximadamente uns 300 metros e resolvemos deixar as magrelas ancoradas em uma sombra atras de uma moita qualquer e descer a pé, mas a estrada logo sumiu em meio a um matagal, assim como já disse a estrada era muito antiga.

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O mato muito mais alto que nossas cabeças em meio a galhos carregados de formigas esperando a gente passar o braço para elas se divertirem nos mordendo.


Já estávamos com mais de uma hora fluindo no trekking e demos de cara com um brejo com galhos de taboa facilmente maiores que 2 metros de altura e alagado com água que afundava até a cintura.
E é claro que não havia outra opção, saímos empurrando mato adentro do brejo, andamos por córregos com águas claras e transparente que nos dava real impressão de profundidade e nos permitia ver a movimentação de pequenos o tempo todo.

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O paredão de pedra que estávamos seguindo desde que descemos das bicicletas era nossa principal forma de navegação e estava ficando cada vez mais perto.


Depois de quase 4 cansativas horas de trekking já conseguíamos ouvir o barulho da cachoeira tão esperada, a última pedra escalada nos deu de cara com um espetáculo maravilhoso da natureza, um verdadeiro privilégio. A cachoeira que estávamos ansiosos para conhecer finalmente estava nos molhando com um volume muito forte de água.

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Difícil imaginar a verdadeira altura da cachoeira, acredito que passe de 60, 70 metros, ficamos molhados e descansando as pernas para a volta, imaginando que teríamos mais 4 horas de trekking e uma boa pedalada para voltar para casa. Ainda é possível manter a natureza preservada, pirambe-se.

By Thiago Zancopé

Cachoeira das Araras por Baixo pela 1ª Vez

Pela primeira vez chegamos até em baixo da belíssima Cachoeira das Araras, foi preciso fazer um longo e desgastante trekking até chegar no pé do imenso paredão em que cai as águas da cachoeira que são resultado do encontro do Córrego Águas da Prata com o Córrego Águas de Ouro um pouco acima da queda.

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Foram ao todo 15 Kms, grande parte andando pelo leito do rio, enchendo o tênis de areia que logo precisava ser esvaziado para poder seguir em frente. Em muitos trechos o leito do rio afunila e água chegava até o peito. A volta para chegar a civilização foi de muita subida, mas muita mesmo. E é claro, muito mato alto, pirambeira pura e bruta. As dores nos pés e nas pernas ainda seguem até hoje, três dias após ter feito a trilha a pé, só para chegar até a cachoeira foram cerca de três horas de caminhada, e nos deparamos com cobras peçonhentas e aranhas de impor respeito.

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A cachoeira fica no fundo do bairro rural da Adrianita e para o lado do Pesqueiro do Codonho, e de acesso bem difícil, para chegar até ela também é preciso escalar rochas gigantes.

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Essa foi uma das presepadas mais difícil que eu já me enfiei, mas também foi um dia que ficará marcado para sempre para quem estava nessa saborosa e cansativa enrascada. A Cachoeira de baixo é muito imponente, muito alta, as águas são límpidas, é de uma beleza fantástica, mas cobra um preço alto, sem dúvidas. Era um dos lugares que o Piramba sempre quis chegar quando avistava de cima a queda da Cachoeira das Araras e chegar lá em baixo sempre pareceu algo quase impossível, não é, mas é preciso planejar muito bem antes encarar essa aventura, não foi que fizemos nesse dia, mas na vida a gente tem que aprender com os nossos erros.

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O sol se foi e ficamos longe de casa e exaustos com dores nos pés e nas pernas, todos riscados pelo capim navalha até os braços e no escuridão da noite, e ainda meio que perdidos em um vale remoto entre Garça e Gália, dentro de um rio onde a luminosidade da lua cheia não nos alcançava em razão da mata ciliar ao redor, um lugar até então desconhecido, cá entre nós, é uma experiência um tanto assustadora e na hora passamos apuros.

Por outro lado, foi uma das melhores e mais diferentes experiências que vi e o pior, eu fui levar comigo meu amigo e o seu o cunhado espanhol que estava em Garça a passeio e foram parceiros nessa aventura recheada de sentimentos intenso, da alegria de chegar até a cachoeira até ao desespero de não enxergar uma a saída nome meio do nada a noite, e também do alívio e cansaço no final.

Que dia!!! O bom que deu tudo certo, ainda que tarde da noite, e com certeza esse dia há de me deixar mais resiliente e também aprender que é preciso planejar melhor as próximas empreitadas do gênero.

By Rudi Arena

A Cachoeira do Poção é Única!!!

Entre as mais de 50 cachoeiras que já percorremos em Garça e região, ouso dizer que não tem nenhuma igual a Cachoeira do Poção, e isso não quer dizer que seja a mais bela ou a melhor, mas que ela tem um encanto e algumas qualidades que nenhuma outra tem.

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Essa cachoeira é muito bonita, tem uma boa altura, tem água muito limpa e ainda um largo poço que em alguns lugares não dá pé. Só que que ela parece envolta a uma atmosfera diferente, parece guardar um pouco do eram as cachoeiras em um tempo que não existia a interferência do homem. Ela também não é muito parecida com as outras cachoeiras que temos.

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É preciso percorrer um bom trecho no leito do rio até chegar na cachoeira e quanto mais próximo, mais belo fica o caminho e o entorno, e não existe atalho, é como se estivéssemos no fundo de um grande buraco com as encostas altas e com inclinação de quase 90º em meio a árvores, água, pedras e muitos peixinhos, e o sol não tem como vê-lo, apenas os raios que iluminam as folhas lá no alto da mata e bem distantes de nós.

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E quando digo buraco, é como se fosse mesmo, pois a cachoeira está no fundo de um dos cânions que existem em Garça-SP. Ir até a Cachoeira do Poção é sempre um pouco demorado e trabalhoso, só que a sensação ao chegar no lugar é de muita satisfação, é como se tivéssemos encontrado o paraíso na terra ou o lugar onde está escondido o pote de ouro. O bom é que não precisa de ser o paraíso e nem ter o pote, a Cachoeira do Poção é magnífica, e que continue assim, um colírio para os olhos dos amantes da natureza.

By Rudi Arena

Pedal com os Pequenos até a Cachoeira da União

Aproveitando o final de um dia muito quente de verão, e era também o último dia de férias dois pequenos de 08 anos de idade. Então que tal aproveitar levar eles para andar de bicicleta com direito a uma cachoeira???

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Existe sim uma dificuldade maior para as crianças pequenas em pedalar em meio a pirambeira, pois o aro da bicicleta geralmente são pequenos e torna o pedal deles mais difícil e em alguns momentos inviáveis, sem contar que falta-lhes experiência e logo técnica também. Mas o banho de cachoeira que as crianças tomaram com gosto e a forma como brincaram e interagiram com o ambiente mostraram que a decisão de levá-los até Cachoeira da União de bike for acertada, oportunidade de curtir um dia de forma diferente, com muita alegria e também muito esforço para os pequenos, mas valeu muito a pena.

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Foram no total quase 10 km para chegar até a Cachoeira da União e voltar, não é muito ainda que para uma criança, mas o problema é a pirambeira. Como é possível ver no gráfico acima com os dados da elevação, esse pedal teve uma descida muito abrupta, da altitude de 704 metros acima do nível do mar na área urbana fomos para menos de 580 metros de altitude na cachoeira. Para crianças de 08 anos como o Ravi e o Vinícius é um desafio e tanto. Na volta foi inevitável para as crianças ter que empurrar as magrelas até quase chegar a civilização, normal, é o pedágio que a cachoeira cobra, não tem jeito.

By Rudi Arena

Pedal Bosque Municipal e Cachoeira da União. Piramba Kids com imagens aéreas incríveis do PirambaCopter!

Chegou o dia de apresentar a piramba para o meu filho

Chegou o dia que eu tinha prometido para o Ravi, o meu filho de 08 anos, que era leva-lo de bike até uma cachoeira, ou seja, apresentar de bike a pirambeira, e assim aumentar o nível de dificuldade dos nossos pedais. Já tínhamos ensaiado para este dia, fomos até Jafa algumas vezes que tem lá suas subidas e descidas, outro dia chegamos até próximo da Cachoeira do Gaia e percorremos 23 km de estrada de chão. No entanto, eu sabia que os pouco mais de 10 km da Cachoeira da União seria um desafio diferente para ele e não era possível saber como ele iria reagir as dificuldades inerentes a esta mudança, o que causava uma certa apreensão.

Estradão x Pirambeira

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Quando se sai do estradão e vai encarar a piramba e ir em cachoeira, alguns novos elementos se apresentam. Para começar muda-se o terreno, de uma estrada batida, passa para uma terra acidentada ou grama/capim que exige maior esforço do ciclista. Outra coisa, também é regra que antes de se chegar a uma cachoeira exista uma descida de inclinação severa ou extrema, também é comum que em alguns momentos é preciso carregar a bike no braço pois é impossível percorrer todo o trecho em cima dela, as vezes também é tem que fazer um pouco de trekking e percorrer a pé o leito do rio até chegar no destino. Essas são só algumas das dificuldades que passam a existir para ilustrar um pouco a respeito dessa mudança, que é de pedalar no estradão e passar a pedalar na piramba, o que ela traz de novo para o ciclista, e no caso de um ciclista mirim essa mudança é ainda maior, pois ainda está aprendendo as técnicas do esporte e explorando novas experiências sobre duas rodas.

Amigos é tudo de bom

O bom que para essa empreitada eu pude contar com meus grandes amigos Vicente Conessa e o Fabiano Ogawa que foram muito importante nesse dia e ajudou bastante neste dia. Ajudaram muito para dar mais confiança e segurança para esse pedal com cachoeira, ajudaram diversas vezes e fizeram toda a diferenças. Obrigado pela força!!!

O Bosque Municipal

O passeio começou com uma volta pelas trilhas do Bosque Municipal de Garça que possui 18,50 hectares de Mata Atlântica preservada dentro da cidade. Ali já foi o primeiro teste para a criança, pois havia obstáculos, trilhas single track e lugares com mata fechada. Foi muito bom curtir esse patrimônio da cidade e o acabou sendo o esquenta para o que viria adiante. Sem contar que meu filho deu de cara com um lagarto Teiu enorme cuja cena ele não irá esquecer tão cedo.

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A descida até chegar na cachoeira

Como já diz o ditado, para descer todo santo ajuda, até 100 metros antes de chegar no rio estava tudo muito bem. A partir do momento em que foi preciso pular para andar no pasto e percorrer os trios de boi, aí então o Ravi começou a sentir de fato que pedalar na pirambeira exige muito mais do que se estivesse na estrada de terra.

Ao andar o trecho final de pasto meu filho conheceu a dificuldade que é de manter os pneus dentro dos limites dos estreitos dos trios de boi, alias, é comum isso mesmo com os ciclistas adultos e experimentados, mas que não estão acostumados a andar nesse tipo de terreno. Porém, tudo é questão de tempo para pegar o macete da coisa. Por isso, o Ravi acabou empurrando a bicicleta em alguns momentos, ainda que fosse uma descida.

Ao chegar até o leito do rio chegamos no momento em que é precisava de muita atenção, principalmente com criança e estando com as mão ocupadas, pois é preciso carregar a bike no braço. Nessa hora a ajuda dos amigos foi fundamental para dar mais segurança e chegar enfim debaixo da cachoeira com tranquilidade.

Pena que a cachoeira ainda não se recuperou muito bem do período de estiagem e estava com um volume de água menor do que normal. A água estava aparentemente limpa e um pouco gelada. Meu filho ficou a princípio ficou um pouco reticente de entrar debaixo da queda, mas o encorajei a colocar a cabeça na água e sentir a temperatura, a força e a energia que só uma cachoeira proporciona. A reação é imediata, ninguém fica indiferente a um banho de cachoeira.

A Cachoeira como nunca vista (PirambaCopter)

Essa cachoeira é uma velha conhecida do Piramba e uma das mais próximas da zona urbana e uma das que mais visitamos, embora a gente tenha vários registros do local, ainda não tinha nenhuma imagem aérea do PirambaCopter.

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Na beira do precipício o drone foi lançado ao ar e captou belíssimas imagens e pudemos conhecer a 2ª Cachoeira da União como nunca vimos antes, as cenas falam por si e vale a pena conferir o registro desse lugar incrível e do lado da cidade.

A volta e a subida bruta para uma criança

Como já era previsto, a volta é que guardava as maiores dificuldades e que seria um intenso teste de resistência ainda que o percurso não fosse longo em termos de quilometragem. Se para descer o pasto já foi um tanto complicado, subir então seria mais ainda e assim foi. Geralmente a gente já precisa mesmo carregar a bicicleta em alguns trechos, mas o Ravi não conseguiu pedalar os 100 m de subida íngreme no pasto e nem subir a pé carregando a bike nos braços. Tive então que ir a pé carregando a minha bicicleta e a do meu filho, foi um pouco tenso e o esforço foi muito grande, mas ainda bem que foi por pouco tempo e sorte que pude contar a ajuda providencial dos meus amigos.

Deu tudo certo no final

Depois de chegar até a cerca e encontrar um terreno menos hostil, foi possível voltar pedalando, mas ainda tinha muita subida bruta até voltar para a cidade, tive que ajudar o Ravi a pedalar empurrando suas costas até chegar próximo da mata do bosque. Foi até que rápido, mas muito intenso tanto para mim como para meu filho cujo cansaço em seu semblante era visto a olho nu. Mas chegando de volta a civilização, tudo ficou mais tranquilo e o Ravi voltou pedalando para casa e nem parecia mais o menino esbaforido de minutos atrás. Valeu muito a pena e para o meu pequeno foi como se fosse uma grande aventura e tivesse alcançado um grande feito. Ainda bem que tudo correu muito bem, e ficaram momentos felizes na recordação, e é claro que um pouco de cansaço temporário, o que é normal. Sem suor e desafios a evolução fica mais distante. E estreitar os laços de amizade e de pai e filho foi apenas uma ótima consequência de um pedal como deste dia.

Quanto menor o aro, maior é o obstáculo proporcionalmente que o ciclista precisa transpor

Um problema foi verificado com o uso de bicicleta infantil de aro pequeno como a que o Ravi utilizou para chegar na Cachoeira da União. É que os obstáculos e desnível do terreno ganha um contorno bem maior quando se está com uma bike de aro 16, por exemplo. Obstáculo que parece ser pequeno para nós que estamos em uma de aro 29, para quem está com aro pequeno o obstáculo parece gigante proporcionalmente, o que faz o ciclista mirim ser obrigado a fazer um esforço muito grande ou mesmo fica inviável transpor empecilhos que existentes no caminho. Este problema só pude observar ao pedalar com meu filho na pirambeira, pois é algo que não ocorre quando ele pedala pelas estradas de terra.

By Rudi Arena

O Piramba no programa Nosso Campo e no Jornal Tem Notícias (Rede Globo)

Matéria exibida no Jornal Tem Notícias

Depois de o Piramba ter sido objeto de uma longa matéria em um grande jornal de Bauru-SP e também da Solutudo, e de ter aparecido em um programa regional da TV Record, dessa vez nossos bravos pirambeiros deram o ar da graça na tela da Rede Globo.

Na manhã deste último domingo (29/08/2021) passou no programa Nossa Campo para todo o Estado de São Paulo uma matéria em que o Piramba MTB fechou, foi gravado em Garça-SP e teve como tema o Turismo Rural. O Piramba voltou ainda na telinha da Globo no Jornal Tem Notícias do dia 03/09/2021 com um conteúdo diferente do exibido anteriormente.

Primeiro começou com o empreendimento da família Godoy na Fazenda São Ramiro na Estrada do Saltinho com previsão de inauguração de uma pousada, um restaurante e um pesqueiro . Depois a foi a vez de mostrar a “Fazendinha” de 5.000 metros quadrados do lado da cidade, no Jardim Giseli e repleta de animais. Trata-se do Recanto Querência que tem previsão de receber grupos de estudantes e famílias de toda a região e idealizado pela veterinária Andressa Bronzatto em parceria com Carlos Alberto, o Kir.

Matéria exibida no programa Nosso Campo.

É muito bom ver que tem gente que aposta no turismo em Garça-SP. Essa é uma bandeira que o Piramba MTB já carrega faz tempo e aos poucos a gente aproveita os espaços que nos são oferecidos para além de mostrar os caminhos fascinantes que temos para a prática do mountain bike em nossa região, queremos também mostrar as belezas naturais de nossa região, pois aqui existe um potencial grande para a ser explorado por um ecoturismo consciente e sustentável. Dessa forma, buscamos contribuir, apoiar e fortalecer essa cena emergente e promissora do Turismo Rural em Garça-SP que foi tão bem captada pelo programa Nosso Campo.

by Rudi Arena

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Novidade Vertical à Vista! Aguardem!

A Dois Passos do Paraíso!

Um cenário paradisíaco nunca está tão distante de você que não vale a pena trilhar. Essa frase, que eu inventei agora, é quase sempre verdadeira, ainda mais se tratando da região de Garça-SP, o recanto dos PIRAMBEIROS.

A cerca de 3km da cidade, uma sequência de três quedas d’água formam as lindas cachoeiras da união. Ao mesmo tempo em que a primeira das quedas é de fácil acesso, para alcançar a terceira não espere estradas ou mesmo trilhas formadas. O caminho quem faz somos nós. Selo PIRAMBA! A segunda é a maior, mais bonita e reservada das cachoeiras e está escondida através de uma complicada escalada a partir da terceira queda.

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E estamos mesmo a dois passos do paraíso? Diria que sim, mas não estamos falando de uma música, e esses passos não são literais. A figura do primeiro passo é unir grande quantidade de coragem com bastante curiosidade. O segundo passo, e esse sim o mais importante, é ter um enorme espírito PIRAMBEIRO.

Foi então que no segundo domingo deste mês, resolvemos dar os dois passos adiante e visitar, em uma única manhã, as três cachoeiras. Após percorrer o cruel e desgastante caminho, a recompensa foi a mesma de sempre. Novamente as imagens falam mais do que eu conseguiria descrever e muito menos do que pudemos ver (e sentir). Sensação de paz e os pequenos problemas do dia a dia desaparecem. Esse é espetáculo de estar vivenciando a natureza com o seu poder de fortalecer a alma de quem mais se aproxima.

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É uma trégua para a apreensão e uma arma contra o desânimo dessa nova rotina que não acaba nunca. E quem não precisa disso em meio a esse período tão complicado? Então fica a dica: Existe um espírito PIRAMBEIRO dentro de todos nós, engrandeça o seu!

Fausto Fujikawa

Cachoeira do Pedrão – Heliodora-MG

Telhão Representando o Piramba em Minas Gerais

Nosso amigo de pedal e pirambeiro, Rafael Botelho, o homem do agro percorre a trabalho vários municípios de Minas Gerais e sempre que tem um tempo aproveita para conhecer as maravilhas da natureza de Minas Gerais. Dessa vez visitou a Cachoeira do Pedrão no município de Heliodora e nos enviou o vídeo desse registro.

Valeu meu amigo, continue representando bem o Piramba MTB Brasil a fora. Onde há cachoeira em nosso belo país, o piramba MTB tem sempre interesse em divulgar. Nosso país é repleto de lugares bonitos por natureza, e muitas vezes tem uma cachoeira belíssima aí ao seu lado e você nem sabe, pois além de faltar muita infraestrutura e divulgação, o que mais falta talvez seja a valorização do nosso patrimônio natural regional.

Muitas vezes quem vive ali perto não se dá conta do que para ele pode ser algo trivial, para muitos outros é uma atração turística e tanto. Por isso, vamos viajar para conhecer no país, mas também vamos conhecer o que a natureza fez de bonito e que está ao nosso lado, é importante dar valor também ao que temos em nossa região. O país tem tantas atrações naturais, é preciso que o brasileiro conheça e valorize as belezas de suas terras, o que existe ao seu redor. As vezes viajamos para longe e gastamos muito para termos um contato maior com natureza, mas muitas vezes isso é possível ali no sua terra ou nos município vizinhos, e com menor gasto de tempo e dinheiro.

* Heliodora-MG

O Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, representado pela EMBRATUR, outorgou o SELO DE MUNICÍPIO COM POTENCIAL TURÍSTICO ao município de Heliodora em 07 de março de 1996, e hoje, é pertencente ao Circuito das Águas, juntamente com os municípios de Lambari, Cambuquira, São Lourenço, Caxambu e outros.

Heliodora com sua tranquilidade, comum em cidades do interior, é um lugar excelente para o descanso e lazer de seus moradores e também de visitantes, que vêm para Heliodora em busca de paz e tranquilidade.

*Cachoeira do Pedrão

Situada 6,5 Km do centro da cidade, no Bairro da Floresta, possui queda d’água de 40 metros que cai de um pedrão rochoso e forma um poço estreito e comprido cercado de pedras. Possui uma grande piscina com a água que vem da serra. Há bar e restaurante em estilo rústico e aconchegante onde a natureza faz parte da decoração, aproximando homem, fauna e flora. Como Chegar Na praça Santa Isabel, seguir até o final da Av. Alvarenga Peixoto por 600 m, entrar em estrada de terra em direção à Lambari e seguir por 5,5 Km, entrar à esquerda, e seguir por mais 1 Km até a cachoeira.

* Fonte: http://www.heliodora.mg.gov.br/turismo.htm

Piramba Explorer: Cachoeiras Inéditas em Vera Cruz (Vale do Araquá)

Piramba Explorer: Descobertas e Sofrência

O Piramba MTB já percorreu dezenas de cachoeiras em Garça e região, tanto as principais e mais famosas como também muitas inexploradas e desconhecidas, ainda assim, sabemos que provavelmente existem outras dezenas a serem registradas pela lente intrépida e inquieta do Piramba MTB.

Logo, de vez em quando é dia de Piramba Explorer, ou seja, é dia de sair rumo ao desconhecido, explorar novos caminhos e horizontes, ir onde desconfiamos que possa existir outras cachoeiras inéditas e ter aquele gostinho de ser surpreendido por uma bela cena da natureza, uma cachoeira ou um pico inédito. Por outro lado, nesse tipo de pedal aventura a sofrência e a frustração também são partes do enredo.

É comum traçar planos e metas para chegar em tal ponto, descer o vale, subir um morro, atravessar um alagado de taboal, mas muitas vezes o obstáculo se mostra intransponível, como um paredão ou abismo a frente. Muitas vezes seguimos com um objetivo, mas somos obrigados pela força da natureza bruta a recuar, voltar, nos localizarmos no mapa por satélite e rever a rota. Carregar a bike morro acima sempre acontece nessas ocasiões, percorrer cursos d´água para ver se chega em uma cachoeiras, escalar um pouco galhos e pedras, pula cerca, pula brejo, é um pouco de tudo, e também é preciso levar muito mato no peito, pedalar em terrenos inóspitos, onde não há nenhuma trilha ou caminho, é totalmente “off road”.

O Belíssimo Vale do Araquá

Se em alguma ocasiões a expectativa não vira realidade, em outras vezes rende muitas descobertas e várias cenas lindas da natureza exuberante de nossa região. Dia 28/03 e 02/04/2021 foram dias de Piramba Explorer, mais precisamente fomos explorar a região atrás do Posto Vera Cruz que fica a beira da rodovia SP-294 e nas proximidades do bairro rural Araquá. Aliás ao fundo dele, tem um belíssimo vale e felizmente encontramos algumas cachoeiras.

Embora o intuito inicial era descer o vale e chegar até o fundo dele para então procurar acessar as cachoeiras por baixo, isso não foi possível. Contornamos boa parte do acidente geográfico, mas não conseguimos achar um ponto que não fosse abismo para assim poder descer. Porém, como somos persistentes, voltamos lá outro dia com mesmo objetivo, mas novamente a natureza nos deu um baile e vimos que o buraco é mais em baixo, literalmente, é muito mais em baixo, o vale é uma espécie de Canion, de longe parece até que é possível descer até o seu fundo, só que de perto vemos que somos apenas formiguinhas em meio a sua imensidão vertical.

Saldo do Explorer: 5 Cachoeiras Inéditas

Entretanto, nada é em vão, nesse retorno, outra cachoeira por cima nós encontramos, trata-se de um pico muito alto e com uma bela visão, pena que é pouco o volume do córrego. A vontade de tomar um banho em baixo dela é gigante, assim como os obstáculos para chegar até lá. De qualquer forma, são válidos os registros e as descobertas, são mais cinco cachoeiras a serem acrescentadas no Mapa das Cachoeiras da região de Garça-SP. E quem sabe em um auspicioso dia conseguiremos iremos chegar em baixo das três grandes quedas que identificamos mas que apenas acessamos elas por cima. É um desafio e tanto.

Ao final, o saldo desses dois dias de Piramba Explorer foi altamente positivo, além de três grandes cachoeiras inéditas, também encontramos outras duas cachoeiras pequenas e boas para banho, estas sim conseguimos chegar por baixo delas. Isso tudo é mais uma demonstração da vastidão de cachoeiras que existem em nossa região, a maioria inexploradas e desconhecidas. O trabalho de procurar por novas cachoeiras é árduo e cada vez mais difícil na medida que estas são geralmente desconhecidas, além de ficarem em lugares remotos e de difícil acesso.

Rudi Arena

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E Lá Fomos Nós Para Mais Uma Aventura

Strava-Cachoeira de Ubirajara

Segunda-feira começara, primeiro dia do mês de fevereiro deste ano. Logo pela manhã a vontade de pedalar se acumulava mesmo depois de um final de semana insano, de muita pirambeira, as pernas já pediam descanso, mas a cabeça não descansava um só momento, e a memória das trilhas de sábado e domingo, alimentavam ainda mais vontade de um role diferente para aquela semana.

Já há algum tempo, vinha pensando em fazer uma trilha diferente, entre um afazer e outro, diversos trajetos passavam por minha cabeça mas nenhum deles completava a vontade incontrolável que estava de pedalar para algum lugar diferente por aqueles dias. Pois é, não é que depois descobri que não era somente eu que estava buscando pedalar para novos destinos, mas também o Pirambeiro Henrique Volponi, que no decorrer daquela segunda despretensiosa, entre uma proza e outra no Whatsapp acabara me indagando se eu não toparia pedalar com ele no dia seguinte. Era o convite que eu precisava.

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Prontamente aceito o convite, acabamos recorremos na mesma dúvida, qual seria nosso destino. Não demorou muito para que esse role logo fosse promovido, ambos bastantes entusiasmados por uma aventura, de um pedal comum de aprox. 50km, logo já falávamos em fazer um longão, e a partir daí, a coisa começava a mudar de figura e esse longão começava a criar forma.

Já que iriamos fazer um pedal maior, um longão, sair bem cedo é uma estratégia usada por muitos ciclistas, com isso evita-se desidratações precoces e o castigo que sofremos quando ficamos expostos ao Sol, além de podermos contemplar o Sol nascer, que diga-se de passagem, é lindo. Cinco e meia da manha na padoca foi o horário e o local combinado, selado o compromisso de ir, o destino naquele momento deixara de ser o mais importante e apenas pedalar e se divertir já protagonizavam o sentimento de ambos.

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Seguido de um dia normal a noite veio, o trajeto ainda era incerto, a única certeza era que ia rolar um pedal irado. Durante a noite, pensando ainda em qual trajeto poderíamos seguir, o destino de Ubirajara por Lucianópolis figurou entre os que passaram por minha cabeça, confesso ate que com certo apreço belas belezas visuais que o vales do caminho proporcionam, mas logo dormi e nada estava certo ainda.

Quatro e meia e o celular desperta, alguns minutos de preguiça e logo já estou em pé, trocado e equipado para nos encontrarmos no local marcado, a fraterna padaria Santa Antônio, que diariamente doa café e pão acolhendo e dignificando um pouco os morados de rua de nossa cidade.

Durante o café, percebi que estávamos sintonizados quanto ao trajeto a ser percorrido, entre um gole no café e uma mordida no pão, certa a pergunta veio;

-vamos para onde? Pergunta Henrique.

-pensei em Ubirajara, respondo eu.

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Nesse momento não tive dúvidas, o Henrique estava disposto a fazer o percurso que pensará durante a noite e enquanto me preparava para sair de casa, partir para Ubirajara já era certo. Não muito antiga, a cidade hoje tem aproximadamente 71 anos, Ubirajara é uma pequena e aconchegante cidade que ao longo dos tempos, além de abrigar em uma humilde moega, o conhecidíssimo Sr Alcindo Petenucci, tradicional e famoso fabricante de botas e botinas artesanais, hoje também se consolida como uma importante região citricultora. Muito ocupada pelos pomares de laranja que ao longo do tempo migraram de regiões em regiões buscando terras novas, com menores pressões de doenças, Ubirajara hoje se destaca também pelo cultivo de mandioca e amendoim além do tradicional café ainda muito cultivado.

Café da manhã tomado chega a hora de partimos e esse dia de pedal, já mostrava que seria fantástico, pois o dia que se começara a nascer ja se mostrava lindo com os primeiros raios de sol que iluminavam o horizonte.

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Seguimos sentido venda seca, e ali teríamos que tomar uma a primeira decisão do dia. Iriamos para Ubirajara por Lucianópolis ou pelo Bar Azul (uma conhecida venda localizada no início de uma estrada municipal, que dá acesso por terra para Ubirajara). Próximo de chegarmos na bifurcação, decidimos ir por Lucianópolis, afinal a estrada é muito linda, percorre todo o espigão do vale que além de deixar o caminho um pouco mais longo, enche nossos olhos com belezas imensuráveis, detalhe que nos agradaria muito naquele dia que havíamos tirado para pedalar.

Entramos fazendo o trajeto da Cia Inglesa no sentido horário e logo após uns 9 km saímos pelo acesso que liga aquela estrada municipal a Fernão, Lucianópolis e também a Ubirajara, seguimos reto e mais alguns quilômetros já avistamos a aconchegante Lucianópolis. Chegamos e já partimos para a padaria, afinal como diz nosso querido amigo @broubrutodrews , o cavalo come, o cavalo anda, afinal , se alimentar e se hidratar fazem parte de todo pedal porque #nqsf . (ninguém quer ser feio mais não, todo mundo esta treinando, bora treinar também ). Já reabastecidos seguimos para Ubirajara. O acesso seria por asfalto, piso que não agrada Pirambeiro algum que se prese. Então decidimos pegar um acesso por terra e passar pela ponte do rio vermelho, um lugar que não fazemos questão de não passar, água corrente e uma bela mata ciliar fazem parte do cenário que encontraríamos nesse local.

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Entre um girar e outro do pé de vela, o caminho ia seguindo, para qualquer lado o horizonte nos mostrava incríveis paisagens naturais, vales imensos, grandes plantações florestais além das tradicionais propriedades rurais que compõem a beleza desse trajeto e a belíssima e capela a beira da estrada, sempre abençoa e protege os que ali passam. Muita proza, sempre boa por sinal tocamos no assunto da cachoeira de Ubirajara, uma visita que já arquitetávamos a tempos e que começava agora a ser um forte possibilidade de incluí-la no trajeto visto a proximidade com que passaríamos dela em nosso retorno.

Chegando em Ubirajara, mais uma parada para nos alimentarmos e nos hidratarmos para em seguida nos prepararmos para iniciar a voltar para nosso ponto de partida, Garça-SP. A parada escolhida, foi o posto de gasolina que nos abrigou no último Pedal Corujão dos PirambaMTB, um pedal que marcou na história do grupo em um dia que fomos testados ao limite pela mãe natureza. Respeitá-la foi nosso maior ensinamento nesse dia, fortes chuvas, raios e trovoes nos obrigaram a interromper o pedal e esse posto naquele dia, foi nosso abrigo ate o resgate chegar pelo amanhecer.

Prontos para a volta, partimos retornando, a estrada muito boa nos beneficiava, pois o sol nesse momento já judiava um pouco de nossos corpos, e passar pela Cachoeira de Ubirajara já começava a ser uma boa opção para o momento. Chegando ao primeiro entroncamento, ponto crucial para decidirmos se iriamos ou não a cachoeira, o clima deu o veredicto, e nós nem pestanejamos, saímos à esquerda, diretamente sentido Alvinlândia rumo a cachoeira que há tempos não visitávamos.

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O trajeto a partir dali seria quase todo de subida, e as placas sinalizavam o caminho da cachoeira que possui um acesso muito fácil, estando localizada a 80 metros da estrada municipal. Chegando no próximo entroncamento, saímos a esquerda novamente, indicados por uma placa que ali não deixava que errássemos o caminho. Descemos por uma estrada de paralelepípedo e mais uns metros após seu final, já chegaríamos ao ponto de acesso para a cachoeira.

Muito ansiosos em rever mais essa cachoeira, logo já estávamos chegando nela, o acesso permite que cheguemos andando em nossas bicicletas ate aproximadamente 4 metros de sua queda, e isso fez com que ficássemos mais tranquilos, em estar próximos de nossas bikes, permitindo que aproveitássemos aquele momento com muito mais tranquilidade. Normalmente algumas cachoeiras possuem um acesso mais difícil, nos obrigando a deixar nossas bikes acorrentadas em árvores pela mata, o que nos deixa sempre um tanto quanto preocupados, mas que nesse dia não seria o caso.

Uma queda linda e um poço profundo fazem dessa cachoeira um lugar de muita visitação por parte dos moradores daquela região, nota-se algumas instalações de alvenaria, antigas por sinal, mas que mostravam que um dia, esse local abrigou algum projeto agrícola de irrigação ou energético visto o formato das ruínas que ali ainda se mantinham em partes de pé. A manutenção do lugar é feita pela prefeitura de Ubirajara e pelo que nos foi informado é a responsável legal por esse local.

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Após nos refrescarmos por algumas horas, não poderíamos evitar o momento de partida, felizmente estávamos de energia renovadas, prontos para os aproximadamente 50km que nos faltavam para o retorno aos nossos lares, mas com nossas almas regadas e inundadas por uma sensação incrível de bem estar. O contato com a natureza sempre nos alimentou e esse, é um vicio que nos dos Piramba MTB não queremos perder nunca. Desbravar novos destinos, novos trajetos e novas quedas de água, fazem parte de nosso DNA e o arrepiar da pele a cada momento que nos deparamos com impactantes cenários de beleza natural, rega nosso espírito aventureiro, alimentando nosso sentimento insano de desbravadores naturais. O retorno foi tranquilo e abençoado não só pela proteção no caminho mas também pelo dia maravilhoso que tivemos.

João Daniel