Lago de Garça: a ponta do iceberg da má gestão da água e que serve de lição para o mundo

Por Vicente Aranha Conessa e Rudi Ribeiro Arena

20251009_131834

Garça sempre foi reconhecida como uma cidade privilegiada em recursos hídricos. São inúmeras nascentes espalhadas pelo município, verdadeiras joias naturais que deveriam ser tratadas como patrimônio coletivo. No entanto, a realidade é bem diferente: boa parte dessas fontes de vida corre o risco de desaparecer, sufocada pela falta de consciência ambiental e pela omissão do poder público ao longo do tempo.

O Lago Artificial de Garça é um símbolo desse problema. Quem observa seu nível de água cada vez mais baixo pode até pensar que se trata de um fenômeno isolado, mas a verdade é que ele é apenas a ponta do iceberg. A nascente que o alimentava foi canalizada e hoje serve como palco para eventos da cidade, sem qualquer preocupação com a função vital que antes desempenhava. Historicamente, o lazer imediato prevaleceu sobre a preservação ambiental, revelando uma visão míope de desenvolvimento.

Agora, o Lago Artificial está em processo de esvaziamento. Um poço profundo está para ser perfurado e assim poder fornecer água para um lugar em que antes ela era farta e brotava naturalmente. A nascente resistiu até quando foi possível, mas chegou o momento crítico, e uma confluência de fatores fez com que ela secasse.

Uma breve história de Garça-SP

O Centro-Oeste Paulista foi, e em parte, terra dos indígenas Kaingang, sendo o povo indígena mais numeroso na região, com uma história de resistência e conflitos por terra com o avanço da colonização e da agropecuária. Embora não sejam os únicos, os Kaingang tiveram um papel central na formação territorial e cultural desta área. E uma coisa que poucos habitantes de Garça sabem é que a região foi uma das últimas fronteiras agrícolas do Estado de São Paulo com os povos indígenas. Garça em 1910, ainda se encontrava no interior profundo e inexplorado pelo homem branco, a natureza era plena e intocada.

A região, na época, era chamada de extremo sertão do estado. Posteriormente, houve o morticínio dos povos originários locais com a atuação das instituições públicas. Era um período em que havia todo um incentivo par a tomada do território com o apagamento de sua cultura e história. Houve uma verdadeira limpeza étnica com o apoio do poder público e das elites locais da época com interesse na posse das terras.

Os indígenas “garcenses” lutaram com os homens brancos por um longo período para simplesmente terem direito de continuar vivendo em suas terras. Porém, chegou um momento em a quantidade de homens brancos no ataques e o poderio das armas de fogo venceram a guerra. Há registros históricos de que os homens das caravanas públicas se vangloriavam de terem invadido uma tribo e matado a todos, até mesmo as crianças nas mais tenras idades. Isso demonstra o motivo pelo qual em nossa região temos um percentual muito pequeno medido pelo IBGE de pessoas de origem indígenas.

Tal dado não é evidência de aqui não era terra de “índios”, muito pelo contrário. De norte a sul o país era ocupado por indígenas. Na região norte do Brasil existe uma população indígena proporcionalmente maior do que no resto do país, mas isso se dá em razão de que os homens brancos tiveram dificuldade de dizimar indígenas que viviam em lugares longínquos e inóspitos do Brasil . Em Garça, no sudeste do país, a situação era diferente. No início do século passado, cada bastião indígena que ainda existia no Estado de São Paulo, era um alvo fatal e fácil por parte das forças estatais, a vida dos indígenas estavam com os dias contados por aqui. Importante lembrar desses fatos, pois este capítulo não está em nenhum lugar que conta a história de Garça e os alunos do município não aprendem isso na escola.

A terra na região de Garça era fértil e a floresta densa, era continuação da mata atlântica com toda a sua beleza e encanto. As primeiras derrubadas foram feitas pelo Dr. Navarro J. Cintra nas terras que se situam à direita de cabeceira do Ribeirão da Garça. Ali se formou uma fazenda, que em 1920, já estava consideravelmente desenvolvida. Não tardou, portanto, a surgir um povoado em torno da sede da fazenda.

O distrito foi criado no município de Campos Novos, e em 29 de dezembro de 1925, pela Lei estadual de n.º 2.100, sua sede era elevada à categoria de Vila. O município de Garça foi criado em 27 de dezembro de 1928, por força da Lei Estadual n.º 2.330, com território desmembrado do de Campos Novos e Pirajuí. E como era comum na época, fazer o corte raso da vegetação local era sinônimo de progresso. E assim foi feito aqui, assim como em grande parte do país.

A história do Lago Artificial de Garça-SP

O lago artificial de Garça, foi nomeado Lago Professor J.K. Williams, e é uma homenagem ao professor garcense Jennings Kendrick Williams. O Lago começou a ser construído no ano de 1979, mas foi inaugurado em 28 de agosto de 1980, pela gestão do Prefeito Francisco de Assis Bosquê (1977-1982). Logo tornou-se o cartão-postal da cidade. Mas com o tempo virou muito mais do que isso, foram realizadas diversas outras intervenções e edificações no entorno, assim, tornou-se também um lugar para a realização de eventos, um atrativo turístico, local para a para prática de atividades físicas, para passear com as crianças, ponto de encontro de jovens, lugar para se fazer piquenique, observar pássaros, enfim, um importante espaço público de convívio e laser para a população de Garça-SP e região.

Tem também a concha acústica onde são realizados shows musicais, entre outras apresentações, tem os pedalinhos e tem também uma pista de skate no entorno, além de abrigar o Bosque das Cerejeiras e um Jardim Oriental.

A cultura japonesa é nitidamente percebida em Garça. A população é formada também por imigrantes orientais, que trouxeram os costumes de lá. E é o local que melhor representa a influência nipônica no município de Garça-SP.

A história do Bosque das Cerejeiras em Garça começou em 1979, quando o imigrante japonês Nelson Kosche Ichisato plantou 100 mudas de cerejeiras, simbolizando a chegada da colônia japonesa na cidade e a esperança de um novo ciclo. Atualmente, o Bosque das Cerejeiras, ao redor do Lago Artificial Prof. J.K. Williams, possui mais de mil árvores e é palco do Cerejeiras Festival, um evento que celebra a cultura japonesa e atrai milhares de visitantes todos os anos. As cerejeiras são árvores emblemáticas do Japão, representando a beleza, a esperança e a transitoriedade da vida.

Ichisato, que nasceu no distrito de Oshima, província de Yamagutiken, no Japão dizia que desde pequeno tinha um apreço especial pelas flores das cerejeiras. Segundo ele, as floradas são uma marca tradicional da primavera japonesa, já que as famílias se reúnem com convidados para piqueniques, nos quais há o congraçamento entre as pessoas e a possibilidade de apreciar a beleza natural e comemorar o início da estação primaveril.

O plantio de cerejeiras em Garça, cidade de clima pouco parecido com o do Japão, foi visto, inicialmente, com descrédito. Ichisato plantou 110 mudas e várias delas, após poucos dias, morreram devido às chuvas torrenciais. Após um ano, novas mudas foram plantadas e, pouco a pouco, as plantas se adaptaram ao solo e o clima da cidade. Assim, após alguns anos, o bosque do lago “J.K. Willians” de Garça ganhava um novo visual. As árvores passaram a preencher o espaço com uma beleza singular e, a cada inverno, a comunidade pode assistir um espetáculo ímpar de cores.

O bosque e a Festa das Cerejeiras

Na florada das cerejeiras, geralmente entre junho e julho, é celebrada com a Festa das Cerejeiras, a mais tradicional da cidade, é um grande evento da cultura japonesa que ocorre anualmente na cidade. 

A festa não só resgata a cultura japonesa, mas também promove a confraternização entre diferentes povos, atraindo visitantes de várias regiões do Brasil. Esse evento é um dos maiores eventos da cultura japonesa no país e foi recentemente incluído no calendário turístico oficial do Brasil. Também tem uma relevância econômica significativa para o município de Garça, é hoje a maior atração turística. Porém, existe um potencial enorme para o ecoturismo, ainda bastante incipiente no município.

Como era o local do Lago Artificial antes de sua construção

Os moradores mais idosos do município ainda tem na memória como era o local antes das grandes intervenções humanas. Antigamente, não existia o lago artificial de Garça-SP, o local onde ele se encontra hoje, era uma grande área de várzea, um lugar de destino de boa parte das águas fluviais que precipitavam na cidade. Por ser um lugar mais baixo e plano que boa parte da cidade, as águas da chuva confluíam naturalmente para lá.

Assim, existia um ali um grande brejo, era uma área permanentemente alagada, possuía uma vegetação ao redor característica desse tipo de ecossistema, marcada pelas taboas, planta típica de áreas com água parada. Mas também era lugar de nascente d`água, minava o líquido precioso de forma natural.

Houve a ideia então de transformar parte dessa área de brejo em um lago artificial, já que a água era farta naquela época. Era início da década de 80, e depois também houve uma permissão para uma expansão imobiliária na região que hoje pela legislação ambiental atual não seria possível, pois seria considerado uma (APP) área de preservação permanente.

O resto de brejo que havia sobrado, posteriormente, foi todo aterrado. A informação que temos é que houve a canalização subterrânea da nascente. E no local foi construído a concha acústica e o restante foi transformado em um extenso gramado, hoje utilizado para diferentes fins, como para a realização de eventos ou para recreação da população.

Apesar de todas as ações antropogênicas feitas no local, a várzea do Lago ainda está lá. Basta uma chuva forte que não é raro haver alagamento em algumas partes do entorno do Lago. A água da cidade corre naturalmente para o Lago em razão da topografia da cidade, mas o terreno não tem mais a capacidade de reter a água e nem o solo permite que ela infiltre, e essa é uma das razões para que a nascente tenha secado. As águas da chuva naturalmente paravam onde hoje fica o lago, é preciso que essa água não corra para os bueiros, mas sim para onde corria antes e permanecia. Para isso, é preciso investir em intervenções urbanas modernas e sustentáveis que posam ajudar a revitalizar a nascente do Lago Artificial.

O papel das nascentes e das matas ciliares

As nascentes são a origem dos rios e córregos, responsáveis por abastecer aquíferos, garantir água potável e manter a biodiversidade. Já as matas ciliares funcionam como filtros naturais, protegendo os cursos d’água contra erosão, assoreamento e poluição. Ao destruir esses elementos, compromete-se toda a cadeia ambiental — e, em última análise, a própria disponibilidade de água para consumo humano.

Existiu em Garça em meados dos anos 2000, um grupo de ativistas ambientais, chamados Nascentes Vivas, a preocupação com as nascentes de Garça é antiga, mas o ideal daquela época continua mais vivo do que nunca, a preocupação de manter as nascentes vivas é uma necessidade cada vez mais premente. Porém, as dificuldades e as disparidades de armas nessa luta permanecem a mesma. Não tem como um pequeno grupo de pessoas achar que consegue manter nascentes que estão em propriedades privadas e que só o poder público, independentes de sua esfera, pode fiscalizar e adotar as providências para que de fato essa realidade mude. Embora, é preciso reconhecer que já houve certo avanço na sociedade, pois antes o sinônimo de progresso era terra arrasada e árvore no chão, mas a consciência da população segue em um ritmo mais devagar do que a devastação do meio ambiente, sem pensar tanto sustentabilidade futura do local.

Ignorar a importância desses ecossistemas, é assinar uma sentença de escassez cada vez mais próxima. Garça, que já foi uma referência na questão de preservação hídrica e qualidade da água, caminha no sentido oposto, permitindo que a degradação se torne regra.

Garça está entre os municípios de SP que mais destruíram vegetação nativa em 2024

20240907_165236
Grande queimada atingiu a região áreas de mata de Garça em 2024.

A região de Garça sofreu um golpe ambiental muito forte no ano de 2024. Um levantamento divulgado pelo Painel Verde, do Governo do Estado de São Paulo, colocou os municípios de Álvaro de Carvalho (SP) e Garça (SP) entre os que mais registraram destruição de vegetação nativa no estado em 2024. As cidades ocupam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares no ranking estadual, atrás apenas de Barretos.

Ou seja, nossa região perdeu mais de 1.110 hectares de rica mata nativa apenas em 2024, é um dado triste e alarmante que dificulta ainda mais a recuperação das nascentes. O clima cada vez mais quente e seco tende a aumentar esses episódios, é preciso que poder público esteja de prontidão aos desafios do que se pode chamar de novo normal.

Para ter noção do prejuízo ambiental de quem não é familiarizado com a medida de hectares, equivale a supressão de mais 11 milhões de metros quadrados ou 1.027 campos de futebol de vegetação nativa, que até então resistiam a devastação dos homens por estarem em grotões de difícil acesso em razão da topografia bastante acidentada.

Como a técnica de “plantar água” e uma cidade esponja poderiam ajudar na revitalização das nascentes de Garça

Esta foi uma forma comprovada de acelerar a revitalização de nascentes, ou até mesmo fazer brotar água onde tudo já estava seco. É uma técnica que pode ajudar na recuperação das nascentes garcenses que estão em situação de penúria.

É claro que não se pode ignorar a realidade no caso do Lago Artificial, ela se impõe impiedosamente, para o bem ou para o mal. Mas não nos é proibido pensar e imaginar outras possibilidades, pois o mundo é dinâmico e nem tudo que parecer eterno o é. Podemos aprender com a ciência, com as experiências bem-sucedidas e até mesmo com os erros cometidos no passado.

A aprendizagem é constante, assim como a necessidade de nos adaptarmos as atuais conjunturas. No caso do lago pode parecer um caso perdido, mas existem ações que podem colaborar para que futuramente, possa aumentar a quantidade de água no Lago de forma natural. É sempre mais fácil criticar do que propor melhorias para a resolução dos problemas, então é preciso aprender com as experiências já existentes, para que tenhamos opções e que possamos pensar fora da caixa. Tem pessoas que já fizeram isso e deram uma grande contribuição a humanidade.

Como assim “plantar água?

No caso do lago artificial de Garça, existem muitos entraves para a revitalização de sua nascente, pois hoje existem muitas edificações e não é possível derrubar tudo para que volte o que era antes, pois haveria um grande prejuízo para a população e para o município. Mas é possível pensar em plantar mais árvores onde hoje existe um grande gramado e o sol bate pleno sem uma sobra sequer que possa proteger o solo. Era um lugar em que antes era uma nascente que minava água. Porém, a expansão da malha urbana sufocou pouco a pouco a natureza que fazia a água brotar e o pior, foi construído um belo cartão-postal que parecia infinito, mas que hoje a natureza manda uma fatura salgada. É o preço a se pagar por décadas de omissão e escolhas duvidosas.

Falar em “plantar água” pode parecer estanho, mas é um termo usado para descrever a recuperação de nascentes através do reflorestamento de áreas degradadas ao redor delas, criando condições para que a água da chuva infiltre no solo e seja armazenada, e dessa forma revitalizar a nascente. Ernst Götsch, um agricultor suíço que provou na Bahia que isso é possível, e recuperou diversas nascentes com seu método que parece quase um milagre, mas não passa de técnica elaborada com base na experiência e na ciência. E consiste em:

Restauração do Equilíbrio Hídrico: O objetivo principal é aumentar a infiltração da água da chuva no solo e diminuir a evapotranspiração, reabastecendo os lençóis freáticos que alimentam as nascentes. 

Proteção e Conservação: A prática busca proteger os corpos das nascentes de fatores externos como o assoreamento, a contaminação e o pisoteio de animais, garantindo a continuidade da qualidade e quantidade da água. 

Melhora do Microclima: A vegetação criada no entorno das nascentes ajuda a manter a umidade do solo, aumenta a capacidade de retenção de água e diminui as perdas por evaporação, favorecendo o surgimento ou a revitalização das fontes.

O conceito das cidades esponjas

O arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de “cidade-esponja”, faleceu em 24 de setembro de 2025. Ele foi vítima de um acidente aéreo no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, enquanto gravava um documentário sobre o tema. Ele foi o criador desse conceito, de incentivar a criação de parques alagáveis, telhados verdes e calçamentos permeáveis, tudo isso faz parte de um modelo urbanístico conhecido como “cidade-esponja”. A proposta busca reter a água da chuva no próprio espaço urbano, reduzindo alagamentos e assegurando reservas de água para períodos de estiagem. O interessante é que ele comprovou na prática, que é possível aumentar o recurso hídrico disponível e o índice pluviométrico local, parece incrível, mas já é realidade.

Cidade-Esponja é um conceito de cidade sensível à água, remetendo à situação na qual a mesma possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza. Pode parecer um conceito distante da realidade, mas não é. É preciso reconhecer que ao menos uma boa iniciativa do poder público de Garça já foi adotada nessa direção. O Bosque Municipal de Garça passou por reforma para a substituição do piso asfáltico por pavimentos drenantes, que são mais adequados para uma área natural. Esse novo piso contribui para a melhor drenagem da água, evitando o acúmulo de água e favorecendo a conservação ambiental. Porém, essa iniciativa apesar de louvável, é só uma gota em um oceano cada vez mais seco. Por isso, existe a necessidade de outras tantas mudanças arquitetônicas e urbanísticas para que a cidade possa encontrar soluções que ajudem a absorver as águas de chuva – seja em áreas livres ou construídas, como:

1. Parques e Áreas Verdes: parques e áreas verdes desempenham um papel crucial na absorção e retenção da água da chuva.

2. Jardins de Chuva : Jardins de chuva são pequenas depressões ajardinadas que coletam e infiltram a água da chuva, filtrando poluentes e promovendo a recarga dos aquíferos.

3. Lagos e Pântanos Artificiais: são criados para armazenar grandes volumes de água da chuva e fornecer habitats para a vida selvagem.

4. Telhados Verdes: são uma tecnologia essencial nas cidades-esponja. Eles consistem em camadas de vegetação instaladas sobre telhados convencionais, que ajudam a reter a água da chuva, melhorar o isolamento térmico dos edifícios e reduzir a emissão de carbono.

5. Pavimentos Permeáveis: são uma solução prática para reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração de água no solo. Esses pavimentos são feitos de materiais porosos que permitem a passagem da água, como concreto permeável e blocos intertravados. Eles são utilizados em calçadas, estacionamentos e ruas para mitigar o impacto da impermeabilização do solo.

6. Canais de Drenagem Natural: Canais de drenagem natural, ou swales, são valas rasas e vegetadas que canalizam a água da chuva de maneira controlada, promovendo sua infiltração e filtragem. Esses canais são projetados para capturar a água da chuva de telhados, ruas e calçadas, reduzindo a carga sobre os sistemas de drenagem tradicionais e melhorando a qualidade da água.

7. Sistemas de Biorretenção e Biofiltração: são áreas especialmente projetadas para capturar e tratar a água da chuva.

O Recurso Hídrico cada vez é mais escasso e valioso

Primeiro de tudo, é preciso ter em mente que a água é um recurso renovável sim, mas isso não quer dizer que é infinito. Para que a fonte de água seja renovável, é preciso cuidar dela e de seu entorno.

Á água limpa natural ou potável cada vez mais se torna um item mais raro e logo, com maior valor econômico. Muitas cidades são afetadas por pela falta de água, e isso tem consequências sociais, pois afeta as famílias em suas necessidades básicas, assim como também prejudica a economia. Por isso, é preciso entender que cuidar das nascentes e ter acesso à água a disposição, já é considerado um item de luxo no mundo de hoje e pode valer muito dinheiro, assim como sua ausência pode gerar gasto financeiro significativo. A falta de água em Garça, pode ser só questão de tempo. Só ver o exemplo de Bauru-SP em que o Rio Batalha já não consegue prover a água necessária para a população do município que frequentemente sofre com a sua escassez.

Assim como Bonito-MS virou referencia de turismo e preservação ambiental, é possível que Garça invista na preservação do meio ambiente e na recuperação de nascentes, pois o benefício será coletivo. É mais água disponível para a população da cidade e para os agricultores da área rural, é o fortalecimento do turismo rural, e com isso toda a atividade econômica do município também poderia se beneficiar. Atrativos naturais, cachoeiras e vales que guardam não só belezas incríveis, mas também podem virar um ativo financeiro relevante para todos. Inclusive para a arrecadação fiscal do próprio município.

A voz da experiência: Piramba e a observação do tempo

WhatsApp Image 2025-10-08 at 14.21.54
Leito de rio em Garça quase seco

Os integrantes do Piramba são testemunhas oculares da história recente do meio ambiente em Garça. Não se trata apenas de estudos técnicos ou alertas de especialistas. O Piramba, grupo que há mais de quinze anos percorre as cachoeiras e represas da zona rural de Garça, tem percebido de forma clara a redução do volume de água nesses locais. Quem visita os mesmos pontos ano após ano enxerga o problema a olho nu: quedas d’água que antes eram caudalosas agora se resumem a filetes; represas que já transbordaram hoje apresentam margens secas e fendas expostas. Essa vivência é a prova concreta de que a crise hídrica da região não é uma possibilidade futura, mas uma realidade presente.

O Córrego do Barreiro e o Aquífero Guarani

Grande parte dessas nascentes deságua no Córrego do Barreiro, que historicamente foi a principal fonte de captação de água para o consumo da população de Garça. Hoje, porém, o córrego encontra-se totalmente assoreado, resultado direto do desmatamento e da ausência de proteção de suas margens. Diante da degradação, o poder público precisou recorrer a uma solução emergencial: perfurar um poço profundo no Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do planeta, para evitar que a cidade ficasse sem água potável. E já existe a previsão de perfurar ao menos outros dois poços a mais de 200 metros de profundidade para tentar solucionar problemas de falta de água que já afeta a população garcense.

A necessidade de usar o aquífero é sintomático da atual situação hídrica do município, pois trata-se de ter que recorrer a última alternativa, a de procurar pelas águas subterrâneas profundas, já que a abundância de água superficial de outrora, hoje parece um passado distante e sem volta.

É uma medida que resolveu a urgência, mas que não ataca a raiz do problema. Pior: se as nascentes e córregos continuarem abandonados, dependeremos cada vez mais de soluções emergenciais e iremos consumir uma reserva que era para ser das gerações futuras, ao invés de preservar o que já tínhamos à disposição.

Ainda assim, é preciso reconhecer: em comparação com cidades vizinhas, Garça não sofre com falta de água para beber. Isso não é mérito da gestão, mas da condição privilegiada da região, que ainda resiste graças ao Aquífero Guarani. Contudo, transformar a abundância em escassez não é difícil e tudo pode ser apenas uma questão de tempo.

A gestão pública que fecha os olhos

Não importa se é poder público federal, estadual ou municipal, a realidade é que sempre existiu uma tolerância as infrações ambientais, é a famosa vista grossa, como se fosse um problema de menor importância. No entanto, tem consequências reais que afetam a vida das pessoas e trazem maior responsabilidade para os gestores públicos

É impossível tratar desse tema sem apontar a responsabilidade dos governantes. A canalização de nascentes, a ausência de políticas sérias de recuperação de matas ciliares e a permissividade com ocupações irregulares próximas a cursos d’água demonstram que o meio ambiente raramente entra como prioridade. Prefere-se investir em obras de impacto visual imediato a pensar em sustentabilidade.

A redução da água no Lago Artificial, o assoreamento do Córrego do Barreiro e a necessidade de recorrer ao Aquífero Guarani não são obras do acaso: são consequências diretas da gestão pública que em geral despreza a ciência, ignora o ciclo da água e deixa de proteger o que deveria ser mais sagrado.

Um alento: existe uma lei municipal que vai na direção correta

A lei nº 5.525/2023 instituiu o programa de recuperação de áreas degradadas e alteradas “Adote uma Nascente” para preservar e conservar as nascentes e matas ciliares que mantém suas características naturais. O Poder Público tem suas limitações também, pode muito, mas pode muito mais com a colaboração da sociedade civil organizada. A lei instituiu duas categorias de voluntários do Programa:

1) – bem como atividades de educação a adotantes: voluntários responsáveis pelas ações de preservação e recuperação da nascente; um adotante ou associação de voluntários para cada nascente ou olho d`água, que será o responsável pela manutenção da área promovendo ações de preservação, recuperação ou conservação ambiental.

2) – padrinhos ou madrinhas: voluntários responsáveis por colaborar com as ações de adoção, um ou mais padrinhos ou madrinhas, para o financiamento e apoio às ações de proteção e conservação de cada nascente ou olho d`água objeto do Programa.

Entretanto, o programa de recuperação de áreas degradadas e alteradas “Adote uma Nascente” deve ser estruturado e implementado pelo Conselho Gestor previsto na Lei. Até o momento, do que foi noticiado, houve um caso de adoção de nascente. Trata-se de área localizada no Jardim Paineiras, onde está localizado o Córrego do Barreiro.

A área foi adotada pelo SAAE e apadrinhada pela Faculdade de Engenharia Florestal – FAEF, onde foram plantadas 1.700 árvores. Nesse formato, o SAAE fica responsável pela manutenção das mudas e preservação da área, enquanto a FAEF fica responsável pela orientação técnica, projetos e fornecimento de mudas.

Entretanto, a iniciativa parece que não ganhou escala, além disso, não basta apenas cuidar da nascente, é preciso também cuidar do restante do curso d´àgua. Do que adianta uma nascente revitalizada que depois vira um córrego sem mata ciliar e que sofre assoreamento?

Necessário saber se o Conselho Gestor previsto em na Lei está exercendo as suas atribuições e se o programa está em funcionamento e logrando êxito, pois até o momento não há sinais de melhora na preservação das nascentes e córregos da região. A lei é louvável e pode ser até um alento, mas é preciso que vá muito além do papel e possa ser uma ferramenta efetiva para a transformação da realidade.

Muito além do Lago Artificial

20250920_162557
Cachoeira quase seca

A situação do Lago Artificial é um alerta, mas não o único. Se nada for feito, outras nascentes seguirão o mesmo destino, o que compromete não apenas a paisagem, mas o futuro da cidade e da região. O problema não é apenas ambiental, mas também social e econômico: sem água, não há agricultura, não há saúde pública e não há qualidade de vida. São inúmeras as cenas na região de Garça de represas secando, córregos cada vez com menor volume de água e cachoeiras e seus poços cada vez com menos água. Realidade triste e cruel que pudemos acompanhar como uma série da TV, mas que não é nada legal de assistir.

O Dilema: aceitar a derrota ambiental ou tentar revitalizar a nascente?’

Diante do que se tornou o Lago Artificial de Garçae todo o seu entorno, de todo o investimento público realizado e uma vez que virou um local para eventos, lazer e turismo, não tem como reverter tudo e fazer voltar a área de várzea que existia ali. A expansão urbana foi cruel com este ecossistema local. Mas existem sim providências que podem ser adotadas para ajudar na revitalização e aumentar a umidade do lugar. Naturalmente é um local para abrigar e reter água, mas hoje respira por aparelhos nessa questão. O mesmo homem que causa a seca da nascente, pode sim adotar medidas para mitigar o prejuízo.

As mudanças Climáticas e outras ações antropogênicas que afetam o Lago Artificial

A ação humana de fazer o aterramento da nascente, de impermeabilizar boa parte do entorno em que havia vegetação, acabou por dar lugar a casas e outras edificações, fruto da pressão e especulação imobiliária.

Uma grande parte do que seria um ecossistema a ser preservado no coração da cidade, acabou sendo todo aterrado e transformado uma grande parte em um extenso gramado, um grande descampado, quase sem nenhuma árvore, que virou uma grande área de laser para famílias de várias formas. Jogar bola, soltar pipa, andar de bicicleta, entre outras atividades e recriações. Porém, na falta de árvores, o sol bate forte em um lugar em que antes era quase tudo água. A ausência de árvores no local, também colabora para que a nascente do lago tenha secado e ter que furar um poço para que o cartão-postal do município não vire mais uma história triste, entre outras tantas da nossa história de catástrofes ambientais.

Houve diminuição do regime de chuvas em Garça, o que fez com que o índice pluviométrico anual médio esteja em declínio. O município vem sofrendo com uma precipitação cada vez com menor volume de água e também as chuvas têm ficado menos frequentes na região. Trata-se de um problema bem mais abrangente, e que depende não só da ação de um governo local, regional ou nacional, mas sim de providências da governança global como um todo. Essa é uma luta da humanidade contra o tempo e até agora não temos sido bem-sucedidos nessa batalha.

Conclusão: responsabilidade coletiva

Todo cidadão garcense valoriza o Lago, pois realmente o lugar é uma joia do município, e hoje podemos estar em choque com o fato de a nascente do lago ter secado. Mas infelizmente, esta nascente é só uma entre outras centenas, senão milhares de nascentes que brotam em nossa região e que estão pedindo socorro. Uma andorinha só não faz o verão, assim como uma nascente só não nos assegura a segurança hídrica que o município necessita. O lago é sim o local mais conhecido de Garça, mas não é mais importante do que o córrego do barreiro que fornece a água para a sua população. Assim, como também não é mais relevante do que outras diversas nascentes que são de suma importância para o microclima local. Mas é preciso que cada área de competência faça sua parte na medida de suas atribuições.

Nem os gestores públicos, e nem a sociedade cível cuidaram ou cuidam hoje das nascentes como deveriam, é um descaso de décadas. Mas o poder público tem, sim, a obrigação de agir. A experiência mostra que esperar somente por ele não resolve. Cabe também à população se mexer, se conscientizar e cobrar mudanças, bem como adotar práticas de preservação no dia a dia, seja na direção de respeitar as áreas de nascente, evitar o desperdício de água, apoiar projetos ambientais ou denunciar irregularidades ambientais. A defesa da água não pode mais ser vista como tarefa de terceiros: é uma responsabilidade coletiva, e quanto mais cedo entendermos isso, maiores as chances de garantir um futuro em que Garça continue sendo sinônimo de fartura de água e não de escassez.

O imediatismo do homem cobra um preço no futuro, é preciso pensar hoje nas próximas gerações, estamos em uma luta contra o relógio nessa questão. É de suma importância ter consciência de que é preciso cuidar das nascentes hoje, pois amanhã poderá ser irreversível, ou então o gasto e trabalho necessário pode tornar a tarefa inviável. Para que a questão hídrica do município seja melhor no futuro, é indispensável que haja a colaboração da população com um uso da água de forma mais consciente, os proprietários rurais devem envidar esforços na recuperação e manutenção das matas ciliares e o mais importante, os gestores públicos devem ser atuantes na área do que lhe compete, que se dê o devido valor ao que realmente tem valor.

Por tudo isso, é preciso para ontem que cada cidadão ou gestor público comece a mudar de mentalidade e também hábitos e costumes, para que possamos todos nós adotarmos providências diferentes do que fizemos no passado. As escolhas de hoje precisam levar em conta não só o futuro, mas as ações e omissões do passado que já afetam o nosso hoje de forma impiedosa. Existe um ditado que diz que “o dinheiro não aceita desaforo”, mas é por que damos mais importância a ele. Entretanto, na realidade, é a natureza que não aceita desaforo, e quem paga boleto somos todos nós. Mas a esperança não pode morrer, nossa terra é gentil e generosa, se voltarmos a tratá-la bem, o que antes era cinza e seco, pode voltar a ser um lugar verdejante e úmido, assim como já foi um dia. Tudo dependente, infelizmente ou felizmente, da ação humana.

Autores: Vicente Aranha Conessa e Rudi Ribeiro Arena, fundadores do Piramba, entidade sem fins lucrativos e marca registrada que promove e divulga os patrimônios naturais, culturais e históricos da região de Garça-SP.

Fontes:

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/10058/indice-de-chuvas-em-garca-mostra-queda-significativa-em-2024

https://marilianoticia.com.br/garca-registra-reducao-de-2138-de-chuvas-em-2023/

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/8767/adote-uma-nascente-saae-e-faef-sao-os-primeiros-adotantes-do-projeto

https://leismunicipais.com.br/a/sp/g/garca/lei-ordinaria/2023/553/5525/lei-ordinaria-n-5525-2023-institui-o-programa-de-recuperacao-de-areas-degradadas-e-alteradas-adote-uma-nascente-no-municipio-de-garca-e-da-outras-providencias?q=3

Livro: Exploração do Rio do Peixe – São Paulo 1913 – publicado pela Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo

Livro: Exploração dos Rios Feio e Aguapehy : (extremo sertão do estado) : 1905, publicado pela Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59269706

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2021/11/16/ernst-gotsch-o-agricultor-suico-que-ensina-a-plantar-agua-na-bahia.ghtml

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2025/09/realmente-e-verdade-que-a-camada-de-ozonio-da-terra-esta-se-recuperando

https://redejuntos.org.br/cidades-esponja-inovacao-urbana-sustentavel/

https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/a50dbe4e-7bc8-458a-a560-d3e977beffcd/content

https://www.garca.sp.gov.br/portal/turismo/0/9/4704/bosque-das-cerejeiras

https://www.garcaemfoco.com.br/noticia/20301/prefeitura-vai-perfurar-poco-para-garantir-nivel-de-agua-do-lago

https://www.garca.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/9592/agua–abastecimento-esta-garantido-em-garca-devido-ao-poco-tubular-profundo-do-aquifero-guarani#:~:text=O%20abastecimento%20de%20%C3%A1gua%20em%20Gar%C3%A7a%20est%C3%A1,SAAE%2C%20tem%20uma%20vaz%C3%A3o%20de%20200%20mil

https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2025/04/28/alvaro-de-carvalho-e-garca-estao-entre-os-municipios-de-sp-que-mais-destruiram-vegetacao-nativa-em-2024.ghtml

https://pirambamtb.com/2023/02/16/o-flagrante-do-bote-que-o-jacare-deu-em-cima-de-uma-cobra-no-pantanal/

https://www.ecooar.com/selo-verde/280/desafio-piramba-jetflex-2024

https://www.ecooar.com/perfil/438/piramba-mtb

https://www.ecooar.com/selo-verde/280/desafio-piramba-jetflex-2024

https://pirambamtb.com/2017/10/24/cachoeira-da-constroli-antes-e-depois/

Fotos:

IMG-20171019-WA0046
Antes (Cachoeira da Constroli)
IMG-20171019-WA0059
Depois (Cachoeira da Constroli)
DSC02323
Antes (Poço do Porco)
20250802_163027
Depois (Poço do Porco)
DSC08709
Antes (Cachoeira da União)
IMG_8036
Depois (Cachoeira da União)
DSC01365
Antes (Cachoeira da Geladeira)
DSCF5069
Depois (Cachoeira da Geladeira)
IMG_20220115_153355
Antes (Cachoeira da Coruja)
20240114_160109
Depois (Cachoeira da Coruja)

2023 foi um ano de muitas realizações!

2023 foi um ano cheio de realizações por parte do Piramba. Como sempre rolaram muitos pedais em Garça e diversos locais do Brasil e no exterior. Com destaque da travessia dos Andes da Argentina até o Chile. Descobrimos novas cachoeiras e belezas naturais da nossa cidade. Realizamos mais uma vez o Piramba Kids no Moto Rock com recorde de crianças participantes. Realizamos o Desafio Piramba Jetflex com número recorde de inscritos e arrecadações para as entidades assistenciais da cidade. Além disso, recebemos um voto de congratulações e aplauso da Câmara Municipal de Garça.

Fizemos nossa confraternização do clube com nosso desafio interno de trios em 4 horas de pedal no bike park.

E, por fim, fecharemos com chave de ouro repetindo a campanha do Natal Solidário com distribuição de brinquedos na Zona Rural da cidade de Garça.

É somente agradecer o empenho de todos amigos pirambeiros e torcer para que 2024 seja tão bom quanto 2023!

Vicente Conessa.

Bike: Pedalar é Saudável e Sustentável

Originalmente publicado na página do Ecooar no link: https://blog.ecooar.com/bike-pedalar-e-saudavel-e-sustentavel 
Texto de João Daniel F. de Andrade – Engenheiro Agrônomo • MBA Gestão de Negócios • Atuação na área de produção agrícola
Quando optamos por nos locomover utilizando a bicicleta, hoje mais conhecida como bike, fazemos a opção mais assertiva para um modal de locomoção que se mostra extremamente engajado, que muitas pessoas fazem questão de incluir em suas rotinas.
Foto mostra duas pessoas andando de bike ao lado de um lago e de um morro
A bicicleta trás inúmeros benefícios para quem a pedala

Documentos históricos mostram que Leonardo da Vinci, o inventor italiano, mais conhecido por pintar a Mona Lisa, já imaginava algo parecido com a bicicleta no século XV. Após muitos anos, mais precisamente em 1879 H.J.Lawson criou a “Bicyclette” que foi melhorada já em 1880 por John Kemp Starley, que ficou muito parecida com os modelos atuais.

Inclusive as primeiras bicicletas chegaram ao Brasil no ano de 1898, vindas da Europa.

Com uma história de pouco mais de 500 anos, nossa querida bike ou ‘magrela’ ultrapassou gerações, modernizou-se, mas pouco se transformou, mantendo seus parâmetros geométricos ao longo de tanto tempo.

Saúde é o que interessa

As amadas e “sofridas” pedaladas, contribuem muito para nossa saúde, ajudam a combater o stress (doença que atinge cada vez mais a população), melhora o sono, combate o colesterol alto, previne doenças cardíacas, de pele, dentre outras, como afirma Alexandre Evangelista, coordenador de pós-graduação da central de curso da Faculdade Gama Filho.

Foto mostra bike em frente a uma cachoeira
Fazer uma trilha de bike ajuda a aliviar o stress do dia a dia

Quando for pedalar, beba pelo menos 300 ml de água antes de sair com sua bike e também é aconselhável hidratar o corpo a cada 30 minutos. Evite beber água ou um isotônico apenas quando sentir sede, pois se isso acontecer significa que seu corpo já estará sentindo os efeitos da desidratação.

Bike pelo mundo

Os países mais desenvolvidos investem muitos recursos nessa forma de locomoção, promovendo cada vez mais a acessibilidade do cidadão com a utilização da bicicleta em ambientes públicos, supermercados, metrôs, entre outros. Exemplos para isso não faltam.

Foto mostra pessoa andando de bike em meio a uma mata
Nos Estados Unidos o que não faltam são áreas verdes para pedalar

Em Amsterdã, na Holanda, conhecida como a cidade das bicicletas, existem mais de 760 quilômetros de ciclovias apenas dentro da cidade, que são utilizadas por quase 900 mil bikes diariamente.

Outro bom exemplo de uso de bike são as competições como o Tour de France ou Volta da França que é uma das mais importantes provas de ciclismo de estrada do mundo, realizada pela primeira vez em 1903. Hoje ela conta com ciclistas de vários países e é dividida em 21 etapas, percorrendo cerca de 3 200 km, passando por montanhas e finalizando na Avenida de Champs-Élysées, em Paris. Muitos deles utilizam bikes cada vez mais leves, como a Specialized Tarmac, com peso final de apenas 6 quilos que foi desenvolvida em parceria com a McLaren, com design único.

Foto mostra bikes para alugar no Central Park, em Nova York
Em Nova York o Central Park possui uma estrutura com aluguel de bicicletas,
que são uma boa opção para conhecer o parque

Mas se você não é um atleta profissional e estiver em New York pode pedalar pelo Central Park alugando uma das bikes que ficam no seu entorno, curtindo um belo passeio pelo local. Nos países que incentivam a prática desse habito, existe uma redução dos gastos públicos no setor da saúde. Além de tudo, quando substituímos o carro pela bicicleta, deixamos de jogar na atmosfera quase 3 toneladas de CO² por ano, contribuindo diretamente no combate ao aquecimento global. Calcule aqui a sua pegada de CO² e saiba quantas árvores são necessárias para compensar a sua pegada de carbono.

Bike é mais sustentável

Juntar uma turma de amigos e sair para pedalar é uma boa. Um dos exemplos é o Piramba MTB, um grupo formado por aproximadamente 40 amigos apaixonados por este esporte. O nome do grupo é uma homenagem ao local que eles mais visitam em suas pedaladas: a piramba, que é uma subida muito íngreme, de difícil acesso, muitas vezes contendo buracos, pedras, areia e geralmente de terra batida.

Foto mostra integrantes do Piramba MTB em frente de uma plantação de girassóiscoco
Parte do grupo Piramba MTB: vivendo o esporte e trilhando novos caminhos

Essa turma não pedala apenas por benefícios a saúde, mas também apóia e incentiva o uso da bicicleta como um meio de transporte sustentável e ecologicamente correto, contribuindo com a redução de toneladas de CO² da atmosfera.

A regra absoluta, quando saem para pedalar, é não deixar nenhum tipo de vestígio, ou seja, lixo que polua a flora do local, ou que sirva para colocar algum animal silvestre em risco, evitando até a poluição sonora, para não assustar a fauna.

Foto mostra ave Carcará sobre uma cerca com um vale ao fundo
Ao pedalar pelo campo, pode-se ver maravilhas da fauna, como o gavião Carcará

Durante seus passeios pelo campo, os integrantes da equipe Piramba MTB promovem a disseminação de sementes frutíferas, que são levadas para as trilhas e semeadas ao longo delas, para que um dia possam servir de alimento aos animais ou pessoas que passem pelo local. Afinal, comer uma fruta fresca colhida do pé e fazer uma bela trilha, é um grande privilégio. Privilégio esse que só depende de ações positivas que combatam as inúmeras ações negativas que o ser humano realizou no passado.

Além disso o grupo também possui o Selo Verde Ecooar, compensando parte de suas emissões em suas redes sociais e website.

Foto mostra logo do Piramba MTB e integrantes do grupo pedalando cada um uma bike em uma área com barro
Ecologia, sustentabilidade e saúde são alguns dos benefícios proporcionados pela bike

Essa turma dá um show nessa trinca verde: ecologia, sustentabilidade e saúde, praticando um esporte pelo qual são apaixonados, contribuindo com meio ambiente e promovendo uma considerável redução dos impactos ambientais que outros meios de transporte trazem para o meio ambiente, um belo exemplo a ser seguido. São ações como essas que realmente fazem a diferença com grandiosos resultados.


João Daniel F. de Andrade
Engenheiro Agrônomo • MBA Gestão de Negócios • Atuação na área de produção agrícola
Contato: joao_engenheiro@hotmail.com

Tamanduá-Mirim no Corujão Piramba MTB para Ubirajara-SP

Para aproveitar bem o feriado de Tiradentes, rolou até alta madrugada um Pedal Corujão Piramba MTB para contemplar uma bela lua cheia e com destino a Ubirajara, aproximadamente 90 km no total, partindo de Garça-SP.

É preciso ir pela rodovia SP-331 até chegar a uma placa: `”Ubirajara – Acesso em Terra”, e pegar a estrada de terra do famoso Boteco Azul. Seguimos por ela por um bom tempo até que nos deparamos com um lindo Tamanduá-Mirim pelo caminho, a princípio estava no chão, mas logo que nos aproximamos ele já correu em direção a uma árvore,  e começou a subir e subir até sentir-se seguro, como um bom animal arborícola que é.

Outra informação interessante é que animal pertence a ordem Pilosa , a mesma do bicho-preguiça, e ao ver em ação grudado no tronco da árvore, foi possível constatar o parentesco, tem nítidas semelhanças. Foi um momento fantástico e raro de se ver,  realmente um privilégio poder ter presenciado esta cena.

Após um breve come e bebes em Ubirajara, retornamos pela estrada de terra da Estação Ecológica do Caetetus para chegar novamente na SP-331, e assim seguir de volta para Garça.

Na chegada já era altas horas da madrugada, e apesar de um pouco cansado, o que predominou foi uma sensação muito gostosa, não só do objetivo cumprido, mas de agradecimento também,  pois o Pedal Corujão superou as expectativas. A lua cheia deu um espetáculo a parte, ouvir apenas os sons da natureza a noite foi outro, e ainda de lambuja encontramos alguns animais pelo caminho.

A estrada de terra era só nossa, o silêncio só era quebrado pelos animais, foram muitos os pássaros pelo caminho. Em especial os curiangos tanto na ida como na volta estavam aos montes no meio do caminho e acompanharam boa parte do nosso pedal. São animais de hábito noturno e que se alimentam de insetos, tem também o apelido de mede-léguas pois o curiango tem mania de pousar à beira de estradas e trilhos. Por conta disso, é comum vê-lo voar à frente de pedestres e veículos, como se medisse as léguas. Outra característica desta espécie é que vivem no chão onde costuma se camuflar em meio às folhagens.

O clima agradável, a ausência de sol e calor, tudo isso ajudou que a gente chegasse em casa mais inteiro, o que fez deste pedal algo nada sacrificante, pelo contrário, foi para lá de gratificante, muito bom mesmo. Que venha o próximo Corujão.

Rudi Arena 

 

IMG_20190419_024726110

IMG-20190419-WA0012

 

IMG-20190419-WA0005

 

IMG-20190417-WA0017

Curiango ou Bacurau (Nyctidromus albicollis)

Pico dos Tucanos e Cachoeira da Igurê com a Galera de Rio Preto

Para começar, este pedal não tinha hora certa para sair, o combinado foi a hora que a chuva parar, depois de aguardar São Pedro dar uma trégua, resolvemos partir, e justamente nessa hora começou a cair novamente água, mas resolvemos partir mesmo assim. Pelo menos a umidade relativa do ar parecia beirar os 100%, o que foi ótimo.

Apesar do clima chuvoso, o pedal  com a galera de São José do Rio Preto rendeu. Muita lama, adrenalina e belas paisagens naturais. Para começar descemos o pico dos tucanos, que é o creme da piramba, moutain bike na veia com direito a um visual privilegiado, este local fica paralelo a estrada da bomba.

Depois de uma subida para lá de íngreme, o nosso destino foi passar em uma bela represa da Fazenda Igurê, para depois ir até Cachoeira que existe nesta Fazenda. Momento de lavar a alma, espairecer a mente e se renovar após um revigorante banho em suas limpas águas.

Pedal cuja quilometragem pouco tem a dizer, o ganho de altitude  foi de quase 1.000 metros para menos de 40 km percorridos, os terrenos acidentados e hostis, a lama, as subidas inclinadas, tudo isso dificultou e fez com que este pedal tenha sido um tanto desgastante.

Teve ainda corrente quebrada, porém  isso foi superado com a as ferramentas corretas, mas com chuva, tudo fica um pouco mais complicado, mas também mais emocionante e divertido. Só dá um pouco de pena das bikes que sofreram com tanta lama, mas faz parte do show. Tudo na vida tem seu custo, e no pedal não é diferente, as vezes paga-se com suor, com dor, com o tempo despendido ou mesmo com dinheiro, quando de algum dano material, e nada disso desanima os amantes do Montain Bike, pois tudo isso faz parte do pacote.

Rudi Arena

DSC06968

DSC07003

DSC07009

DSC07007

DSC07025

DSC06991

Piramba MTB é Notícia

Como podemos perceber, o PIRAMBA MTB foi citado e também foi fonte da matéria sobre a Fazenda São João do Tibiriçá ou Fazenda dos Ingleses e seu imponente templo católico em matéria publicada no periódico de Bauru, o Jornal da Cidade. Este que é um  Jornal de grande circulação,  um dos maiores do interior paulista. E mais recentemente, fomos também notícia em outra matéria de três páginas do mesmo Jornal, desta vez referente as cachoeiras inexploradas que existem em Garça, ambas matérias assinadas pelo jornalista Aurélio Alonso. Para nós do Piramba MTB, é gratificante poder colaborar tanto com a divulgação da memória da companhia inglesa, como também levar ao conhecimento de muitos, lugares de natureza exuberante e quase desconhecidos pela população que vive a sua volta.

Veja Aqui a Matéria – Link dos arquivo em PDF das três páginas publicadas no Jornal da Cidade de Bauru refere ao PIRAMBA MTB, versão impressa de 04/12/2016:

jornal-da-cidade-piramba-mtb-1
jornal-da-cidade-piramba-mtb-2
jornal-da-cidade-piramba-mtb-3

Só possível ajudar na preservação de algo, se soubermos de sua existência, daí a importância da divulgação, e também ajudar a mostrar a diversidade de cachoeiras que podem muito bem ser objeto de ecoturismo na região, sem descartar também o turismo histórico da Companhia Inglesa, e até mesmo agroturismo em fazendas cafeeiras de Garça que ainda preservam o passado da época áurea do ciclo do café. O Turismo de Aventura ou Rural pode ser desenvolvido, pois existe uma grande demanda por lugares tranquilos para se fugir da agitação dos centros urbanos.

Em uma nossa região, no município de Lupércio, já existe há um bom tempo uma propriedade rural que explora a visitação de uma cachoeira, mas também oferece refeição e chalés para serem alugados. Felizmente, Garça possui cachoeiras e picos bem mais belos, como vários já publicados aqui, sem menosprezar a beleza da cachoeira de Lupércio (link do Post da Fazenda Floresta.).

Não adianta achar que o reconhecimento e a valorização do que temos de nobre e belo a nossa volta será feita por pessoas que estão longe e distantes, pode ocorrer sim, mas só poderá ser fator de mudanças se quem aqui viver compreender que Garça pode ter vocação para o ecoturismo, e ter a  consciência da necessidade de preservação de nossas nascentes e matas. Isso deveria ser visto como um ativo valioso, pois a floresta em pé tem um valor imensurável, inclusive é possível viabilizar a exploração econômica se houver vontade e integração entre o poder público e proprietários rurais. É de suma importância ainda, contar com o apoio da sociedade civil que também seria beneficiada com o desenvolvimento de mais está atividade econômica na região.

Links das Matéria do Jornal da Cidade (Publicação Digital):

http://www.jcnet.com.br/Regional/2016/11/igreja-e-o-que-sobrou-do-apogeu-ingles.html

http://www.jcnet.com.br/Regional/2016/12/garca-tem-cachoeiras-inexploradas.html

Nós que estamos próximos dos tesouros espalhados pelos nossos vales, grotões e desfiladeiros, temos que ser agentes conscientes da riqueza desses locais e da necessidade de preservar e recuperar as mata ciliares de córregos e nascentes que são tão fecundas por aqui. Se quisermos atrair turistas com nossas belezas naturais, será preciso ocupar-se do sério problema do assoreamento de nossos córregos, apesar de esforços localizados em sentido contrário, são muitas as áreas de preservação permanente(APPS) a serem recuperadas. Os desafios são gigantes, mas é preciso que exista uma pedra basilar, seja plantada a semente a ser desenvolvida, e se o ambiente for fértil, naturalmente poderá germinar e depois florescer, mas para isso é preciso criar as condições necessárias. A natureza fornece o principal, mas sem que os homens se organizem com bom planejamento, as cachoeiras de Garça permanecerão inexploradas, como bem diz o principal título da matéria publicada.

Rudi Arena

Trilhas Coroados – Uma Serra Próxima à Presidente Alves

DSC02862

Desde que fiquei sabendo de que existia antigamente uma estrada de terra que fazia uma ligação direta entre Garça e sua vizinha Presidente Alves, mas que estaria atualmente desativada, fiquei bem curioso de conhecer de perto o que aconteceu com este caminho. Foi então que resolvemos sondar o que teria acontecido da estrada e tentar chegar o mais próximo dela possível, e acabamos que demos de cara com uma fazenda e uma porteira pelo caminho, como desistir não estava em cogitação, procuramos o caseiro que nos explicou que a estrada está completamente abandonada, tinha virado um matagal repleto de buracos, e por lá já não passava mais nada. Porém, ele nos deu uma dica valiosa, se percorresse mais 01 km do lugar onde estávamos, chegaria em uma outra fazenda que ao final levaria até Presidente Alves. Como a intenção naquele dia era só especular, dali mesmo voltamos, mas desde então o desejo de retornar e tentar seguir em direção a esse município era grande, embora faça divisa com Garça, Presidente Alves parece ser mais distante do que realmente é, pois não há nem ao menos uma estrada de terra que vá direto para Presidente Alves e mesmo por intermédio de outro município, não há estrada asfaltada para isso. De carro são ao menos 41 km de distância e 01 hora de viagem indo por Gália e de lá só se pegar uma estrada de terra. Não tardou de voltarmos para lá, agora imbuídos de ir até o final, apesar de o horário que não jogava ao nosso favor, pois ao sair 15:30 da tarde para fazer isso, estava claro que haveria dificuldades pelo caminho.

Screenshot_2016-06-22-21-12-30

Screenshot_2016-06-22-21-12-39

Screenshot_2016-06-22-21-14-31

De qualquer maneira, é sempre muito boa a sensação de pedalar com a expectativa de explorar novos horizontes e até parece que as trilhas para andar de bicicleta são infinitas, pois sempre existe uma para ser conhecida ainda, e a sensação é de que há um imenso tesouro a ser descoberto. Por tudo isso, é que o ciclismo de mountain bike é tão estimulante, pois brincar de explorar o desconhecido e percorrer por novas e belas paisagens não tem preço. É muito legal procurar por trilhas diferentes, fugir da zona conforto de fazer os caminhos de sempre e já percorridos por diversas vezes, isto parece simples até, mas não é, pois o normal é ir rumo ao conhecido, um lugar que nos passe segurança, por isso, aventurar-se, sentir o frio da barriga de não saber exatamente onde está ou ter que escolher um caminho a seguir em uma bifurcação e não saber aonde vai chegar, proporciona uma certa emoção que deixa qualquer trilha mais apimentada. A primeira vez nesta trilha teve tudo isso, e também o privilégio de poder contemplar lindas paisagens de serra e formações geológicas belíssimas da região que circunda Garça, muito pouco conhecida, realmente foi um dia que não se apagará da memória.

DSC02696
DSC02734
DSC02733
DSC02743

O destino original quando saímos, era chegar em Presidente Alves, mas havia uma bifurcação no caminho, e infelizmente ou felizmente, a opção que fizemos acabou nos distanciando daquela cidade e parecíamos pedalar rumo a distante Pirajuí, o sol já estava indo embora, de longe dava para avistar as luzes das cidades e sem saber onde estávamos exatamente, o desespero bateu forte. Mas ainda bem que não por muito tempo, após percorrer vários quilômetros sem avistar uma pessoa sequer, em um lugar muito remoto e distante de tudo, enfim encontramos uma casa pelo caminho e fomos sedentos pedir orientação.

Foi então que ficamos aliviados ao saber que logo mais, era só pegar à esquerda que Garça estava à 30 km de distância, o caminho à direita seguia para Pirajuí. Estávamos muito mais perto de Garça do que imaginávamos, o que naquele momento veio muito bem a calhar.

DSC02860
DSC02844

Então voltamos pela estrada de terra Garça-Pirajuí, passando pelas antenas e logo chegamos em Garça com a gostosa sensação de sem querer, acabar descobrindo a existência de mais uma trilha de bike espetacular, com paisagens ímpares, descidas e subidas intensas que proporciona a adrenalina na descida e que exige bastante esforço do ciclista nas subidas, como é de se esperar de uma trilha de bike. Subida íngreme, ribeirão, curvas fechadas, descidas perigosas e paisagens de cair o queixo, e só ao vivo e a cores para sentir a natureza e curtir a beleza do lugar, pois as fotos, embora seja uma maneira fantástica de registrar a imagem de um momento, ela é estática, limita o horizonte a um determinado enquadramento, destina-se a um só sentido, a visão, e por isso tudo, as imagens, por melhores que são, sempre será um retrato de uma pequena parte de uma realidade muito maior.

Apesar das dificuldades, enganos e tensões, no final deu tudo mais do que certo, e isso só serviu para temperar ainda mais um pedal que por si só já seria muito bom, e a vontade de voltar foi tão grande que não demorou para voltarmos lá, porém, com bem mais tranquilo que da primeira vez, deu até para degustar algumas laranjas suculentas e colhidas direto do pé, pois o que mais tem no caminho de volta são laranjais carregados da fruta.

DSC02718
DSC02715
DSC02865
DSC02789

Pico do Cárcara – Próximo ao Aeroporto de Garça

Existem ao menos duas formas para chegar a este belo lugar, por se tratar de um lugar muito próximo a cidade, existe acesso ao final do Bairro Jardim São Lucas, sentido a ONG de Assistência Social Alfa e Ômega  e de lá seguir em direção a estação de tratamento de esgoto do SAEE, não sei ao certo o caminho, mas sei que existe uma trilha do outro lado do curso do rio para também chegar ao locar.

O único caminho que a gente faz, é mais longo porque é preciso dar uma volta, o acesso é pela estrada de terra do Aeroporto de Garça, mas antes dele, é preciso pular uma cerca à esquerda,  pedalar pelo pasto como se estivesse voltando para a cidade, mas o destino mesmo é chegar até um encontro de dois córregos que formam o início do Rio Tibiriça  e torna uma só cachoeira de grande altitude. Porém, infelizmente no mesmo momento em que existe a beleza do encontro das águas formando uma só cachoeira, lamentavelmente também há encontro do esgoto tratado que é lançado nas águas até então limpas e próprias para banho que existe nas cachoeiras rio acima.

Por isso, não é  é possível tomar banho em baixo da grande queda, tem que ser antes deste belo e deplorável encontro simultâneo de três águas, sendo que uma delas é uma canaleta de concreto no meio do leito dos dois córregos que jorra o esgoto tratado, tudo isso em um lugar em que há uma visual belíssimo, com muito verde, água e grandes paredões. Se o esgoto fosse lançado mais para frente, seria um ótimo lugar para explorar o potencial de ecoturismo que a cidade possui, pois tem uma localização privilegiada e com belezas naturais incríveis. Tudo isso a alguns pouquíssimos quilômetros de distância da cidade ou se preferir, à alguns minutos do ambiente urbano.

Entretanto, dos males o menor, ao menos o esgoto é tratado. Infelizmente, ainda é comum em cidades da nossa região de lançarem esgoto não tratado direto nos leitos dos rios.

Screenshot_2015-10-31-00-10-14

IMG-20151224-WA0025

IMG-20151224-WA0005

DSC00789

DSC00796

 

Trilha do Urubu e Descida pela Fazenda Antinhas – Garça-Sp

Pedal com todos os ingredientes de uma verdadeira trilha de mountain bike, tem um pico de uma cachoeira bem alta e com visual fascinante, subindo ainda o curso da água, também há um belo e amplo poço, lugar ótimo para tomar uma banho e relaxar um pouco.

Depois, não tem muito refresco, é pedalar firme na maior parte em chão de pasto que obriga o ciclista a gastar mais energia para pedalar, ainda bem em compensação, boa parte da trilha é repleta de belas paisagens de serra, com paredões e vales.

Um dos trechos mais aguardados é a descida ao fundo do vale pela Fazenda Antinhas, em terreno acidentado, a íngreme descida é campo fértil para eventuais tombos, e foi o que ocorreu. Em seguida, é preciso seguir andando pela grama e atravessar alguns brejos até enfim pular uma cerca para chegar quase no final em uma estrada de terra.

Daí em diante, força, coragem e ânimo, pois é subida que não acaba mais até finalmente voltar para a estrada de asfalto que leva para Itiratupã, Distrito de Jafa no município de Garça-SP. Total do Percurso foram 44 Km rodados, mas a sensação foi de que havia sido mais do que isto.

Rudi Arena

Cachoeira da Copaíba

Este é mais um pico e uma cachoeira inédita que a lente do Piramba MTB teve o privilégio de registrar. Fica no sentido da estrada de asfalto existente a esquerda das torres. O nome de Cachoeira da Copaíba não foi a toa, existe um belo exemplar desta espécie de árvore bem próximo ao pico de onde cai a água de grande altitude, a cor interna bem avermelhada de seu tronco chama bastante a atenção.

Água que ali existe é de uma transparência de saltar aos olhos, as matas ciliares bem preservadas ou em restauração ajudam a explicar este fato. Antes da grande queda, há uma pequena precipitação muito boa para um banho e em seguida há um poço de mais de um metro de profundidade.

Garça com seus fartos vales, espigões, desfiladeiros e cachoeiras, é um prato cheio para os amantes da natureza, a sensação é de que são inesgotáveis os picos e cachoeiras do município, e por mais que já tenha percorrido vários lugares, sei que ainda restam outros tantos, esse é o maior estímulo de continuar a buscar novas e belas pirambeiras, parece ser um esforço quase infinito, mas que é muito gratificante.

O óleo de copaíba extraído desta árvore tem sido objeto de estudos cada vez mais, e sendo reconhecidas suas propriedades medicinais, algo que a cultura popular indígena já conhecia suas mil e uma utilidades no tratamento de diversas patologias.

Rudi Arena

Sobre o Óleo de Copaíba:

Encontrada na floresta Amazônica e em outras regiões do Brasil, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Pará, São Paulo, Paraná e nas partes mais úmidas do Nordeste, a copaíba (Copaifera sp) ou Copaibeira, pertencente à família da Leguminosae-Caesalpinioideae (leguminosas-cesalpináceas), é uma árvore muito frondosa, com folhagem densa, de grande porte e de madeira avermelhada, também encontrada na África tropical, Antilhas, Colômbia, Guianas, México e Venezuela.

Estudos recentes têm demonstrado que a eficiência terapêutica do óleo integral é maior do que as de quaisquer outras partes isoladas da copaibeira. Pesquisas in vivo e in vitro têm demonstrado que os óleos de várias espécies de copaíbas apresentam diversas propriedades terapêuticas.

Óleo de copaíba é uma riqueza brasileira, presente de forma especial na Amazônia. É um óleo bastante estudado, havendo uma grande quantidade de artigos científicos sobre os seus benefícios. O óleo de copaíba, podemos assim dizer, é um produto natural, (quando ele é extraído e manipulado de forma correta). Desde remotos tempos, o copaíba já era bastante conhecido pelos Incas, Maias e pelos nossos índios no Brasil. Era chamado de “óleo da vida”. Isto porque foi considerado o óleo que mais salvou vidas no Brasil.

Veja os seus benefícios, quais doenças ele combate:

– O óleo de copaíba tem grande quantidade de propriedades regeneradoras, nutritivas, curativas, tônicas e lubrificantes…
O óleo de copaíba apresenta ação analgésica, anti-inflamatória e relaxante;
* combate o estresse;
* azia, úlcera e gastrite;
* massagem ou hidratação da pele e cabelos;
• O óleo essencial é um excelente fixador de perfumes.

Estudos recentes revelam que, além de imensamente útil para infecções e inflamações em geral, por sua excelente ação cicatrizante, a planta também tem ação expectorante, antimicrobiana e é indicada no tratamento de inúmeras enfermidades, feridas, eczemas, urticárias, furúnculos, seborreias, afecções da garganta, tosse, gripe, disenteria, incontinência urinária, corrimento vaginal: quase tudo pode ser tratado com a copaíba. Pesquisas também apontam que a copaíba pode ser uma esperança no combate ao câncer.

Fonte: http://www.noticiasnaturais.com
http://www2.uol.com.br