O Efêmero Show da Florada do Café em Garça

As flores em geral surgem logo após uma boa chuva e duram alguns poucos dias, mas ficam bonitas e vistosas mesmo por um único dia, depois vão perdendo o brilho, murcham e caem questão de dois dia depois, e passam a forrar o chão , parece até que caiu neve, a coisa mais linda de se ver. E andar de bike entre os cafezais floridos é uma sensação única e indescritível, ainda mais porque o melhor de tudo é poder pedalar e sentir o perfume maravilhoso que as flores do café exalam.

O cheiro em nada lembra o bebida feita de seus grão, muito pelo contrário, as flores do café tem um cheiro marcante que lembra algo cítrico, já vi amigo sentir o cheiro e achar que tinha um pé de limão nas proximidades. Pena que a florada dura tão pouco tempo, por isso, pedalar entre os cafezais floridos é tão raro que este espetáculo pode ser mal comprado ao show da aurora boreal que ocorre no céu do extremo norte da terra e que também tem essa característica de ser um evento fugaz, efêmero, tão passageiro que é preciso ficar muito atento, caso contrário, perde-se o espetáculo em um piscar de olhos.

A florada ocorre todos os anos e indica o nascimento da próxima safra. É ela a responsável pela reprodução da espécie e tem também a função de proteger o fruto até que ele esteja pronto para brotar. Desta forma, quanto maior a quantidade de flores, maior a probabilidade da reprodução acontecer e de mais cerejas de café crescerem no pé. 

Esse evento é muito aguardado pelos os agricultores, mas não são só eles que ficam ansiosos para este momento. A beleza da florada cobre a fazenda com um véu de flores brancas e perfumadas, deixando qualquer um encantado.

O florescimento do café pode ocorrer de uma ou no máximo duas vezes ao ano, geralmente entre setembro a novembro, dependendo muito dos fatores ambientais na qual a fazenda se situa. É muito difícil colocar uma data exata para o acontecimento, logo tem que ficar sempre de olho na plantação caso não queira perder essa cena inesquecível.

A flor do café tem em si tanto a parte masculina quanto a feminina. É normal ocorrer a autofecundação: o pólen, parte masculina da flor, alcança o ovário da própria flor em um movimento natural. Pena que o auge da florada dure tão pouco, o que faz esse evento ser bem raro e por isso ainda mais valorizado e procurado. Esse ano tivemos sorte e pudemos aproveitar um pedal sensacional no auge da bela e perfumada florada do café.

Meus sinceros agradecimentos aos pés de café, além da bebida indispensável que é parte do nosso dia a dia, a planta ainda propicia belas paisagens e uma fragrância divina que nos acompanhou por todo o pedal, e assim nos proporcionou um dia único e diferente dos demais. Agora é preciso esperar o ano que vem para novamente desfrutar desse espetáculo único da natureza.

Rudi Arena

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Um Espetáculo de Biguás na Represa da Fazenda Igurê – Garça/SP

Em uma trilha recente de Mountain Bike  passamos por uma das belas represas da Fazenda Igurê em Garça-SP, foi então que eu e um amigo nos deparamos com uma cena que chamou a nossa atenção. Era uma grande reunião de biguás como nunca tinha visto na minha vida, eram dezenas deles, uns nadavam, outros em terra firme pareciam se secar, e muitos ainda voavam, um verdadeiro show para quem aprecia a fauna brasileira. Eu sabia que chamava-se biguá, mas achava que era um tipo de pato silvestre, mas estava enganado, embora parecido com os patos, não são patos.

Diferentemente destes, os biguás encharcam suas penas para ficar mais pesado e ajudar a mergulhar fundo, como é hábito desta espécie. Já os patos possuem uma artimanha para não se molhar, isso o ajuda a boiar na água com mais facilidade, pois eles possuem uma glândula em suas caudas que produzem um óleo que cobre suas penas e assim as tornam impermeáveis. No entanto, ambos animais, andam, voam e nadam com certa eficiência, o que é raro na natureza. É preciso reconhecer suas habilidades. Nós humanos quando muito andamos e nadamos bem. Sim, existem até alguns que tentam voar, mas não com o mesmo êxito das aves. Sem dúvidas, estamos muito longe dos patos ou do biguá nesta questão.

Como podem perceber, os patos preferem a superfície das águas, e os biguás já são ótimos mergulhadores. Também os patos se alimentam preferencialmente de fontes vegetais e pequenos seres vivos, e por outro lado as aves mergulhadoras tem como base de sua dieta animais vivos. Existe uma certa confusão no Brasil entre os Biguás e o pato mergulhão, só que este é muito raro, pois é sensível as alterações climáticas e ambientais e por isso está ameaçado de extinção.

A vasta Fazenda Igurê cujas suas extensas terras estendem aos municípios de Garça e Gália possui muitas represas, aproximadamente quatro em suas proximidades,  e em uma delas em especial a que é mostrada no vídeo, é muito comum ver capivaras, foram muitas as ocorrências, de dia e de noite. Mas desta vez, foram os biguás que deram o ar da graça, mas não foram só eles. Na mesma cena ainda tinha dois gaviões carcarás em a beira da represa, e uma garça branca mais ao fundo, o que  demonstra a diversidade do ecossistema local que é propício para o desenvolvimento dos animais. Além da água, são muitos os bichos por ali, como peixes, aves e mamíferos diversos. Isso denota a riqueza da fauna que existe a nossa volta, e também a possibilidade de existir animais que estão no topo da cadeia alimentar da mata atlântica, uma vez que tem comida para os grandes felinos.

Rudi Arena

O Biguá

O biguá (Nannopterum brasilianus) é uma ave suliforme, parente do pelicano e da família Phalacrocoracidae.

Ave aquática, mergulha em busca de peixes e permanece um bom tempo debaixo d’água, indo aparecer de novo bem lá na frente, mostrando apenas o pescoço para fora d’água. Para facilitar seus mergulhos, suas penas ficam completamente encharcadas, eliminando o ar que fica entre elas. Para secá-las é comum vê-lo pousado com as asas abertas ao vento. Quase sempre visto em grandes bandos voando próximo d’água, em formação em “V”. Quando voa se assemelha a patos, sendo às vezes considerado como tal, equivocadamente.

Alimenta-se de peixes e crustáceos. Para capturar sua presa, mergulha a partir da superfície da água e, submerso, persegue-a. Os pés e o bico possuem função primordial na perseguição e captura. Um exímio mergulhador, não se contenta com os peixes da superfície. Mergulha mar abaixo e em meio a ziguezagues e viravoltas, conseguindo capturar sua presa. Come também girinos, sapos, rãs e insetos aquáticos.

Sua distribuição geográfica estende-se do sudeste do Arizona (EUA) até a América do Sul.

Fora da época de reprodução, é geralmente solitário. Vive até os 12 anos em estado selvagem.

 

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