1º Dia na Estrada Real – Trecho de São Lourenço/MG à Cruzeiro-SP

Esta foi uma viagem com destino a uma estrada histórica brasileira, mais precisamente da época do Brasil colônia que tinha na Estrada Real sua mais importante rota, o caminho velho, estrada oficial, era o único autorizado para a circulação de pessoas e mercadorias. A partir da descoberta de ouro na região de Minas Gerais no final do século XVII, este caminho transformou-se na rota preferida para chegar até lá, assim como para o escoamento de ouro, que era transportado por mar de Paraty para o Rio de Janeiro, de onde embarcava para Portugal. Esta foi a primeira estrada aberta pelos bandeirantes e oficializada pela Coroa Portuguesa, inicia-se em Ouro Preto-MG e o termina na cidade de Parati-RJ, percorrendo os estados de Minas Gerais, São Paulo e o Rio de Janeiro. Ao longo de toda a Estrada Real existem marcos, umas espécies de pequenos totens fincados ao chão com informações locais e que indicam a direção a ser seguida, estão presentes sempre em que há pontos de bifurcação ou em locais que geram dúvida para o viajante sobre o caminho a ser seguido

No entanto, em razão da disponibilidade de poucos dias, optamos por não fazer a Estrada Real na íntegra, mas sim a sua metade final, o planejado foi pedalar por três dias com saída em São Lourenço-MG e destino final em Parati-RJ, com duas paradas pelo caminho para pernoite. Assim, no primeiro dia de pedal, saímos de uma pousada da Estância Hidromineral de São Lourenço-MG com destino de chegar na região da divisa de Minas Gerais com o estado de São Paulo, em uma propriedade rural a beira de uma estrada, próximo a cidade de Cruzeiro-SP, que fica ao pé da Serra da Mantiqueira. Cidade também histórica, pois um importante capítulo da Revolução Constitucionalista de 1932 foi ali travado, foi a última cidade paulista a se render e onde foi assinado o armistício, uma cidade estratégica naquele momento pela sua localização geográfica.

Ao final, foram mais de 89 km rodados, com belíssimas paisagens de montanhas, mas com direito a alguns contratempos também, como perder-se no caminho, a dificuldade de atravessar um rio fundo e com correnteza, chuva, o cair da noite, e a dificuldade de se achar a fazenda que alugou os aposentos para dormimos naquele dia. Mas no fim, tudo deu certo, apesar de ter sido um dia um tanto tenso e cansativo. Ainda bem que fomos recepcionados com uma farta mesa de uma saborosa comida, para deleite nosso, foi servido um feijão tropeiro de lamber os beiços e repetir o prato. Depois, foi só dormir para acordar cedo no dia seguinte para mais um dia de extenuante pedal.

Uma das coisas mais marcantes neste dia, foi o casarão antigo datado de 1908 em que dormimos, não tinha luxo algum, os ralos do banheiro estavam entupidos e o banheiro inundava, insetos por todas as partes, a água que saia do chuveiro e das torneiras era barrenta, talvez ela era retirada de um rio próximo à fazenda e com a chuva a água turvou, apenas uma hipótese. Mas a recepção foi muito acolhedora, assim como a fartura do jantar e do café da manhã do dia seguinte, acabou por compensar qualquer outra coisa.

Rudi Arena

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